9 de dez. de 2010

O QUE FAZER QUANDO ACONTECE A ALIENAÇÃO PARENTAL?



Ao saber que uma criança está sendo exposta à alienação parental, sabe-se que seu bem-estar e desenvolvimento biopsicossocial estão em risco. Deve-se portanto ter certas atitudes visando a correção da situação, para que se possa restabelecer o bem estar e o desenvolvimento saudável da criança.
É importante lembrar que o relacionamento entre o parente alienado e o parente alienador normalmente é conflituosa, e por isso dificilmente será mediada em pouco tempo. Inicialmente é preciso conscientizar os adultos envolvidos que não precisam se relacionar e nem deixar de ter sentimentos negativos um pelo outro, não é preciso nem mesmo manter contato direto um com o outro, hoje em dia existem outros recursos como o email, o telefone, e mesmo as mensagens SMS. Mas é imperativo que esses adultos entendam o sofrimento que impoem à criança quando praticam atitudes alienadoras, que por mais que "odeiem" seu ex companheiro, a criança é um fruto desse relacionamento (um fruto abençoado!) cuja personalidade é constituída por traços de ambos, e isso precisa ser respeitado para permitir que seu filho não sofra com a separação dos pais. Digo não sofrer com a separação dos pais pois a separação real deve ser a do casal – não existe divórcio de filhos!
A partir desse entendimento é necessário que os agentes alienadores reflitam sobre seu comportamento e se disponham a reconhecer seu erro, pedir desculpas à criança (por menor que seja) pelo seu comportamento. É essencial que o adulto seja verdadeiro:
"Querido, me desculpe por algumas coisas feias que falei sobre sua mãe / pai, pelas vezes que fiquei triste por você estar com ela e não comigo, apesar de saber que você a ama também e estava feliz com ela. Como você percebeu estou triste com ela, mas quero que entenda que estou triste com minha ex-companheira e não com sua mãe / pai. Ela é uma boa mãe / pai e também te ama muito. Prometo que vou me esforçar para não repetir esse comportamento mais, vou ficar feliz por você estar feliz. Algumas vezes posso esquecer e acabar errando novamente, mas você pode me ajudar dizendo que não gostou e me lembrando que não devo fazer isso."
Afinal de contas, essa é a verdade! É preciso separar assuntos que são de adultos de assuntos que são de crianças. Assuntos financeiros, questões judiciais, críticas a comportamentos de uma pessoa adulta, devem ficar entre adultos. Com as crianças os adultos tem muitos outros assuntos a que se ocuparem! É preciso que saibam como está na escola, como estão com os amiguinhos, como tem sido o comportamento das crianças, em que elas tem tido dificuldades, ajudar em tarefas escolares, saber da criança o que ela gosta de fazer para se divertir e fazer junto dela, passear com a criança, ensinar coisas da vida para ela, enfim... uma gama de outras coisas que precisam ser feitas! Inclusive criar um canal de comunicação com essa criança para que ela possa falar de suas angústias, de suas curiosidades, de seus sentimentos e ajudá-la a enfrentar as dificuldades de maneira correta.
Por mais que seja difícil, é preciso entender de uma vez por todas que SEU EX-COMPANHEIRO AMA SEU FILHO TANTO QUANTO VOCÊ, E IRÁ PROTEGÊ-LO TANTO QUANTO VOCÊ. Se você quer que seu filho ouça palavras boas sobre você quando não está em sua companhia, é preciso dizer palavras boas sobre a outra figura parental quando a criança está com você!
Inicialmente os familiares precisam tentar resolver a questão pacificamente (acreditem, às vezes isso é possível!). Acontece que nem sempre o agente alienador é consciente do quanto está prejudicando seus filhos, mas os ama muito e se alguém o advertir da maneira correta, ele pode corrigir adequadamente as atitudes alienadoras que vinha tendo.
Quando conversar é possível, indica-se que as pessoas conversem, que se diga: "entendo que você esteja aborrecido comigo por diversos motivos, mas você precisa separar as coisas e não ficar falando essas coisas para as crianças, sempre que nossos filhos ouvem essas palavras de você ficam muito tristes e reajem de tal forma". Em alguns casos, essa comunicação é impossível sem discussões e ofensas, por isso lembrem que existe o "email"! Pode-se enviar um mail, falando sobre essas coisas, sempre se tendo o cuidado com a EDUCAÇÃO! Sempre que for se tratar de assuntos relativos aos filhos é importante que se mantenha a boa comunicação, e para tanto é imprescindível a polidez (nesse momento não pensem que estão se comunicando com o ex-compnaheiro, mas sim com a mãe/pai de seus filhos, essa pessoa merece sua educação e respeito, não é mesmo?).
Em muitos casos, com apenas essa comunicação, explicando que a criança necessita de sua atenção de uma maneira diferente (se preocupando com desenvolvimento acadêmico, amizades, comportamentos, alimentação, saúde e lazer), o responsável por essas atitudes alienantes é capaz de se recompor.
Infelizmente, nem todos os casos podem ser resolvidos dessa forma. Os alienadores nesses casos não percebem seus filhos como pessoas, mas como posses. Existe uma deturbação das relações familiares que necessitam de uma intervenção mais incisiva. Nestes casos, não há meios menos dolorosos de solução, é preciso que o genitor alienado procure o Conselho Tutelar de sua cidade e realize a denúncia de Alienação Parental, dando sequencia ao pedido de investigação psicossocial para averiguação. Acredito que o mais importante nessas questões é que o genitor alienador seja encaminhado para um processo psicoterapêutico, mediante determinação judicial e com acompanhamento da evolução por meios jurídicos, afim de garantir que esse genitor resolva seus conflitos sem mais prejudicar a criança.

3 de dez. de 2010

O que é Alienação Parental?

Alienação Parental é o ato de promover alienação / afastamento emocional ou físico de uma criança em relação à uma figura parental sua.

Esse tem sido um tema muito polêmico nas relações familiares de hoje em dia. O fato é que sempre aconteceu, mas com a promulgação desta nova lei o assunto finalmente está atingindo a proporção merecida. Entretanto não podemos dizer que tudo é alienação parental, ou achar que podemos sair acusando as pessoas desse crime. Primeiro é preciso entenderemos o que é a alienação parental, o que ela provoca nas pessoas, e finalmente como agir diante da suspeita de que isso esteja ocorrendo (assunto para o próximo post).
Alienação parental ocorre quando figuras parentais (pai, mãe, tios e ou avós) tentam de alguma maneira afastar emocionalmente a criança de um de seus genitores, sem existir motivo que justifique tal atitude. Esses parentes podem tentar denegrir a imagem da pessoa com a criança, limitar as informações sobre a criança no período em que estão na posse dela, podem dificultar o acesso do genitor à criança, realizar falsas denúncias crime contra o genitor alienado para reduzir ou impedir o contato da criança com o genitor alienado, etc. Observe que em momento nenhum especifiquei onde normalmente ocorre a alienação parental. Essas atitudes normalmente são atribuídas ao genitor detentor da guarda, mas nem sempre é esta figura a responsável por tal atitude. Em alguns casos o genitor não detentor da guarda também pode estar praticando essa violência, como o pai que revoltado (pela separação ou pelo fato da mãe estar em novo relacionamento, ou mesmo indignado em ser obrigado a pagar um certo valor de pensão), começa a falar com a criança que a mãe não presta, que a mãe está gastando todo o dinheiro com ela mesma, que a criança deve vigiar a mãe e contar para o pai tudo o que ela faz, etc. Ou ainda mais sutil, como o pai que não perde a oportunidade de recriminar as atitudes e opiniões da mãe, ou o pai que quando pega os filhos para um final de semana não permite que as crianças falem com a mãe ao telefone (*saliento que não é porque a mãe tem a companhia da criança durante a maior parte do tempo, que ela não tem o direito de falar com os filhos quando estes estão com o pai, além de amenizar a saudade que ela sente é uma forma de estar verificando o bem estar dos filhos - vide caso Nardoni). Ficou fácil de perceber agora como nem sempre é o detentor da guarda quem pratica as atitudes de alienção? Claro que na maioria dos casos observados e relatados, a alienação parte da mãe, que quer proibir ou limitar a visitação, que fica falando mal do pai para as crianças, etc.
Além dessa visão polarizada (é um ou é o outro), gostaria de ampliar um pouco mais a visão sobre o tema. Não apenas pai ou mãe são agentes alienadores, muitas vezes podem ser os avós, ou mesmo os tios que empreendem uma campanha de deterioração da imagem de uma figura parental. E o que dizer então, daqueles casais que chegam à separação com muitas mágoas recíprocas e não perdem a oportunidade de comparar comportamentos indesejáveis dos filhos com traços negativos do parente ausente: você está arrogante que nem a sua mãe / o seu pai? Além disso, ambos sentem a necessidade de dizer ao filho o quanto desaprovam comportamentos e traços da personalidade do outro: "a sua mãe é muito gastadeira" / "o seu pai só se importa com dinheiro"? Não apenas isso deveria ser considerado alienação parental, mas usar os filhos para enviar "recados" ao ex-conjuge, que provavelmente irão deixá-lo furioso, também é horrível pois a criança é quem presencirá toda a ira do genitor ao entregar o recado de um assunto que não lhe pertence. Fazer uma criança provocar a ira em um de seus genitores é uma forma de afastá-la emocionalmente também, é uma forma portanto, de alienação.
O grande problema da alienação parental nem é a corrente de mentiras e atitudes deploráveis, mas sim o que isso provoca na criança. Uma criança que está sofrendo este tipo de violência emocional, tende a se retrair, passa a ter dificuldades emocionais, dificuldades de relacionamento interpessoal, algumas crianças podem se tornar extremamente sensíveis e deprimidas, outras podem ficar muito agressivas e ansiosas. Algumas pessoas falam em Síndrome de Alienação Parental como um transtorno mental a ser incluso na DSM IV ou na CID 10, apesar a grande importância do tema e do fator de origem do problema possuir um vetor comum, os efeitos sintomáticos observados em crianças que sofrem esse tipo de abuso podem variar muito, e sempre se enquadram em diagnósticos já descritos nesses manuais. Pode ser um Transtorno de Ansiedade de Separação, Transtorno de Ajustamento, Transtorno Desafiador Opositivo, Transtorno Depressivo, etc. O fato é a Alienação Parental PROVOCA Transtornos Psicológicos nas crianças e podem afetar gravemente o desenvolvimento biopsicossocial. Imagine apenas o quão frágil é uma psiquê em formação. A personalidade de uma pessoa é formada na infância e na adolescência pelas influências que recebe do pai e da mãe, quando essa criança é obrigada a ouvir que seu pai ou sua mãe não são bons, isso não é uma agressão à uma pessoa externa, mas sim uma agressão à parte da personalidade em construção dessa criança.
Lógico que tudo isso é aplicado à condições normais, em que ambos os pais tem índole adequada. Existem casos em que a figura parental que é alienada apresentou motivos concretos para tal. Imaginem um pai ou uma mãe que desaparece sem justificativa por anos, não envia notícias, não liga num aniversário ou no natal, não manda nem uma carta sequer, e depois de anos reaparece desejando receber todo o carinho dos filhos. Existem ainda casos de genitores que são drogadictos, pedófilos, violentos, ou mesmo são envolvidos com atividades criminosas. Complicado estimular que um filho nutra amor por um genitor que abusou dele, ou que seja muito violento e já tenha maltratado gravemente a criança. Nesses casos o afastamento da criança dessa figura parental é algo natural que ocorra. Avaliar um caso de Alienação Parental não é fácil, é preciso conhecer todos os ambientes que a criança frequenta, entender a dinâmica desse abuso para saber quais são os fatores envolvidoss e onde se deve intervir.


30 de nov. de 2010

Já volto!

Desculpem por tantas semanas sem postagens novas, tenho tido muito trabalho e pouco tempo, mas já estou desenvolvendo alguns artigos sobre família e em breve retornarei às postagens!

8 de nov. de 2010

A NOVA FAMÍLIA

Longe dos moldes antigos em que todas as famílias eram iguais: com pai, mãe e filhos vivendo juntos em uma casa, muitas famílias de hoje possuem uma nova configuração, com a inserção de novos papéis, novos agregados, novas divisões de tarefas e novas prioridades. Hoje o divórcio é algo muito comum, portanto mais crianças convivem com madrastas e padrastos, bem como com os "meios-irmãos". Existem filhos cujos pais nunca foram casados, ou mesmo nunca viveram juntos, existem filhos cujos pais são separados mas vivem na mesma casa, e o que mais se vê são filhos cujos pais estão separados e brigam por qualquer motivo. Alguns possuem ainda madrastas, padrastos, "irmãos emprestados" filhos da antiga união dos atuais companheiros de seus pais, "meios irmãos" filhos da atual união de seus pais, pais (ou mães) homossexuais, etc...
A vida mudou, a sociedade e a nossa cultura estão em transformação, mas a nossa habilidade de adaptação está acompanhando tantas mudanças?
A verdade é que tudo fico muito relativo... Nos remetemos ao conceito de "normal e patológico"de Canguilhem, e para não estender em teoria, resumindo é: se as pessoas estão felizes, bem resolvidas e convivem bem consigo mesmas e com o mundo em suas realidades, é sinal de que estão bem adaptadas.
Mas como reconhecer que não estão bem adaptadas?
O maior sinal de problemas e da necessidade de ajuda profissional é o surgimento de conflitos. Conflitos entre ex-conjuges, conflitos dos pais com os filhos, conflitos dos filhos na escola ... No meio desses conflitos desenvolve-se um sofrimento intrapsíquico muito grande das partes envolvidas. Todos querem ser felizes e parar de sofrer, os adultos normalmente conseguem traçar objetivos e buscar o que acreditam que poderá fazê-los felizes. Mas o principal é ter em mente que a prioridade de bem estar, não é a do adulto, mas sim a da criança. Adultos tem suas habilidades e capacidades em lidar com eventos estressantes bem mais desenvolvidas e estruturadas do que uma criança, cujas habilidades, persolnalidade e traços de caráter ainda estão em formação. Por isso é importante que os adultos tenham como prioridade em qualquer conflito, o bem estar das crianças e adolescentes.
Em minha prática profissional tenho observado conflitos que são muito comuns e que se encarados de maneira errada podem causar enormes prejuízos emocionais às crianças e adolescentes. Vou expor adiante algumas dicas:

Nunca entre em discussões ou temas polêmicos que podem elevar os humores se estiver na presença dos filhos, e quando estiver prestes a discutir ao telefone certifique-se que os filhos não estejam por perto.

Não fale com os filhos sobre a divisão patrimonial ou mesmo sobre valores e destinos da pensão alimentícia paga, isso não é assunto deles. O assunto que compete à eles é sobre a visitação, comparecimento às aulas, notas no boletim escolar, comportamento adequado bem como higiene pessoal e saúde.

Não fale nem permita que avós ou tios falem com as crianças de maneira pejorativa ou ofensiva sobre o pai ou mãe que não está ali. Não tente mostrar à criança que ela é filha de uma pessoa má ou feia, isso irá magoá-la e deixá-la sem auto estima alguma.

Não difame e não fale mal do seu ex-parceiro, lembre-se que você pode não amá-lo mais, mas pelo menos zele pela imagem do pai / da mãe de seu filho, pois assim você estará zelando pela felicidade de seu filho.

Não compare comportamentos do seu filho com comportamentos que não gosta em seu ex-conjuge, isso fará com que a criança sinta-se desvalorizada e não amada. Não adianta também comparar e dizer que ama, é a mesma coisa que bater e assoprar. Se for para comparar alguma coisa, que sejam qualidades e elogios.

Não prive seu filho de receber um presente ou de ter um lazer com você, só porque paga a pensão alimentícia (por mais alta que ela seja, lembre-se que é proporcional à sua renda e mesmo assim ainda não faz juz ao padrão que a criança poderia ter se a família estivesse junta).

NUNCA DEIXE DE CONVIVER COM SEU FILHO. Por pior que seja o seu relacionamento com a mãe ou pai que detém a guarda, lembre-se que seu filho sempre precisará muito de você, do seu afeto, do seu carinho, mesmo que seja para ficar em casa vendo TV, brincando, conversando, fazendo tarefas da escola, etc., seu filho só precisa estar junto de você!

NÃO PROÍBA SEU EX CONJUGE DE APRESENTAR OS NOVOS AGREGADOS DA FAMÍLIA. Irmãos novos, futuras madrastas, futuros padrastos e mesmo futuros "irmãos emprestados" fazem parte da vida da criança agora, é saudável para criança poder ver que seus pais estão felizes e reconstruindo suas vidas mesmo que separados. OBS.: é preciso ter bom senso!!! Não é para apresentar ficantes ou frutos de relacionamentos incertos, a criança não pode ser exposta a um grande número de variações pois tira a sensação de constância que a dá segurança. Espere até que o relacionamento seja um pouco mais maduro e que você tenha segurança em apresentar ao seu filho as novas pessoas. Se for possível, permita que seu ex-conjuge também conheça pois assim ele poderá sentir-se mais seguro em permitir que o filho fique com essa nova pessoa.

Se você tiver dúvidas sobre como seu filho está sendo tratado quando está na casa do outro parente, ao invés de acusar e brigar, tente engolir seu orgulho em prol da felicidade do seu filho e aproxime-se mais dessas pessoas e desse ambiente, busque conhecê-las melhor. Caso mesmo assim não consiga sanar suas dúvidas leve seu filho ao médico e ao psicólogo, se constatar algum abuso ou agressão que esteja ocorrendo não tente resolver sem o apoio da justiça, recorra ao advogado, ao defensor público e ao conselheiro tutelar, mas preserve a saúde e o bem estar de seu filho.

Mesmo em casos de abuso ou alienação parental comprovado, impedir totalmente a convivência da criança com seu pai ou sua mãe é uma violência muito grande. Acredito que o mais indicado seria estabelecer visitação supervisionada, com acompanhamento de uma assistente social ou psicóloga definida pelo juiz. Dessa forma a criança estará em condição segura e poderá manter algum convívio com seu pai / mãe.

Lógico que existem mil outras situações que ocorrem no dia a dia, em cada caso novas nuances e situações surgem. Lembrem-se que existem psicólogos prontos a auxiliar e orientar as famílias nesses momentos.

1 de out. de 2010

Jogo Patológico

Culturalmente em nossa sociedade, os jogos de azar são considerados uma atividade de lazer, ou mesmo um hábito inocente de "tentar a sorte". Muitas pessoas compartilham desse comportamento de maneira saudável, fazem pequenas apostas apenas como uma "tentativa", ou uma "brincadeira". É comum vermos as pessoas fazendo uma aposta na Mega Sena (principalmente quando acumula!), comprando uma raspadinha, e até mesmo fazendo pequenas apostas (com valores irrisórios) em jogos de cartas entre amigos, bem como outros tipos de jogos com apostas pequenas. Entretanto, dentre a grande maioria das pessoas que conseguem lidar com o comportamento de jogar de maneira saudável, existem algumas pessoas que sofrem de grande descontrole, e são levadas pelo comportamento compulsivo de jogar, sem se impor limites e muitas vezes sem aceitar limites externos, chegando a comprometer sua renda, seus compromissos financeiros, sociais e até familiares para conseguir sustentar o seu hábito compulsivo de jogar.
O comportamento de jogar compulsivamente é considerado pela Organização Mundial de Saúde como Transtorno dos Hábitos e dos Impulsos, e é chamado de Jogo Patológico. O transtorno consiste em episódios repetidos e freqüentes de jogo que dominam a vida do sujeito em detrimento dos valores e dos compromissos. Algumas das características desse comportamento incluem a preocupação em jogar, a necessidade de apostar quantias crescentes (afim de atingir a excitação desejada), esforços repetidos e mal sucedidos de controlar, reduzir ou parar de jogar, jogar para recuperar perdas passadas, mentir para encobrir a extensão do envolvimento com os jogos, podendo chegar à realização de atos ilícitos para financiar os jogos, ocorrendo ainda o comprometimento ou perda de relacionamentos pessoais ou ocupacionais em virtude do jogo, e dependência dos outros para obtenção de dinheiro para o pagamento dos débitos.
Além das características mencionadas, os jogadores patológicos, na maioria das vezes, mostram-se excessivamente confiantes, por vezes chegando a serem ríspidos, arrogantes, são também muito enérgicos e gastadores. Também é possível observar que existem sinais óbvios de estresse pessoal, ansiedade e depressão. Para a pessoa viciada em jogos, é comum a crença de que o dinheiro é tanto a causa quanto a solução para todos os seus problemas. A medida que o comportamento de jogar aumenta, são forçados a mentir para obterem mais dinheiro e continuarem jogando, enquanto escondem a extensão desse comportamento. Essas pessoas não conseguem fazer qualquer tentativa séria de planejar sua vida financeira ou economizar. Quando seus recursos emprestados terminam, tendem a apresentar comportamentos anti-sociais, a fim de obterem mais dinheiro para jogar. Quando chegam a desenvolver o comportamento criminoso para obtenção de dinheiro, tipicamente não são violentos, mas é comum envolverem-se com falsificação, fraude ou estelionato, com a intenção consciente de devolver ou repor o dinheiro.
O curso desse transtorno tem altos e baixos, e tende a ser crônico. Considera-se que há três fases importantes no ciclo do jogo patológico: primeiro a fase do ganho que é marcada por uma grande vitória e que prende o paciente, depois vem a fase da perda progressiva em que o paciente passa a estruturar a sua vida em torno do jogo e costuma endividar-se, e por fim vem a fase do desespero em que a pessoa começa a apostar freneticamente grandes quantias eixando de pagar suas dívidas e envolvendo-se com agiotas e criminalidade. Estima-se que leve cerca de 15 anos para o indivíduo atingir a fase do desespero, mas esta última fase costuma levar de um a dois anos para levar a pessoa a total deterioração.
As complicações incluem afastamento da família e amigos, perda de bens conquistados durante a vida, tentativas de suicídio e associação com grupos marginais e ilegais. É importante lembrar que a detenção por crimes não violentos também podem levar à prisão. 
A pessoa que sofre desse transtorno deve buscar ajuda profissional de Psicólogos e Psiquiatras, afim de realizar um tratamento sério para reequilibrar o seu funcionamento biopsicossocial. O tratamento também pode envolver o afastamento dos lugares onde a pessoa poderia ter acesso a jogos.



11 de set. de 2010

FOR WOMAN - O JEITO FEMININO DE SER NA PAQUERA

Fiz esse artigo em 2010, atendendo pedidos de leitoras e pacientes. Inicialmente resisti um pouco, pois parecia mais algo como um artigo de revista feminina, mas aos poucos fui ponderando o quanto as pessoas as vezes se sentiam perdidas e solitárias, não me custava compartilhar essas dicas... Por fim publiquei, mas ficou online apenas alguns meses, e logo o conselho censurou e me pediu para tirar do ar por não ser um conteúdo "científico". Bem, passaram-se uns 13 anos desde então, e eu nunca paguei de verdade, só deixei guardadinho. E hoje me lembrei desse arquivo, pensei em tudo que aconteceu nesses últimos anos, na dificuldade das pessoas em encontrar bons relacionamentos, no surgimento dos aplicativos de encontro, em outros pacientes que passaram pelas mesmas angústias, nos movimentos ativistas e militantes, e o quanto o próprio conselho chegou a apoiar tais movimentos abertamente. Bem, resolvi publicar novamente, e sim, não é nada "científico", e sim ele é bem "empírico" (baseado na prática). A linguagem está bem desatualizada, não fiz revisão (intencionalmente), mas espero que possa ser útil de alguma forma para quem se interessar.



Toda mulher gosta de sentir-se interessante, não importa se está casada ou solteira. Mas para isso, ela deve treinar o seu poder de sedução: sempre. Muitas vezes as mulheres não conseguem desenvolver naturalmente essa capacidade por se dedicar à outros assuntos como trabalho, filhos..., ou mesmo acabam “esquecendo” como se faz isso após um longo relacionamento. Ainda bem que nunca é tarde para começar (ou recomeçar! rs). As dicas serão mais voltadas às mulheres solteiras, em busca de um possível companheiro, mas as compromissadas também podem aproveitar muitos dos ensinamentos!
No mundo da paquera a competitividade é muito grande, e é lógico que a aparência conta muito antes do primeiro contato. A beleza é importante, e mesmo que a mulher esteja um pouco acima do peso, não é desculpa para desistir (vide http://psiquecarol.blogspot.com/2010/07/beleza-bem-estar.html). A mulher deve se arrumar, dicas valiosas são: use vestido pois é mais feminino e sensual (escolha um com bom corte, que a valorize), use maquiagem discreta (como brilho gloss, sombra clara, pouco lápis de olho e rímel bem aplicado para não ficar grosso e borrado, se precisar de base, use uma que fique o mais natural possível), tenha unhas bem feitas (não precisa ser artística, mas limpa e bem feita, nada de cutículas e esmalte quebrado), não se enfeite demais (cuidado nos acessórios!) e cuide bem do cabelo (um bom corte e escova bem feita para dar movimento e brilho aos cabelos). E lembre-se: sorria! De nada adianta ser a mulher mais bonita e bem arrumada se ficar de cara emburrada.
O local onde vai paquerar é outro ponto importante. Escolha locais badalados e condizentes com o público que você está à procura (mulheres maduras não vão buscar locais de adolescentes por exemplo). Quanto mais cheio o local, maior a interação entre as pessoas e maior suas chances. Chegue cedo para poder escolher bem o seu local, o melhor é a parte central ou a mais alta pois permite melhor visibilidade. Sua postura será muito importante nesse momento, pois além de poder ver bem todos que estão no local, você também estará sendo visualizada. Você precisa chamar atenção, se preciso fique de pé com suas amigas. Sorria discretamente, movimente o olhar com delicadeza e discrição para observar quem está à sua volta, até que identifique alguém que lhe interesse, e que aparentemente se interessou por você também. Para não ficar com as mãos nervosas, como quem não sabe o que fazer, é bom sempre estar segurando uma taça (mas não beba demais para não fazer besteira e depois se arrepender). Às vezes movimentar-se é bom, por isso mesmo sem estar com vontade vá ao banheiro só para passar em frente aos rapazes, pois pode facilitar a aproximação.
A postura discreta e comedida é importante, você não está numa micareta, e a mulher difícil acaba parecendo mais interessante. Caso comece a flertar com um rapaz e perceba que ele está de olho em outras garotas também, deixe-o de lado. O objetivo é flertar, conversar e dar o seu telefone para algum homem interessante. Nada de beijinho nesse primeiro momento. Algumas vezes a mulher quer simplesmente sair e se divertir, não está interessada em nada sério, e daí tudo bem dar uns beijos sem compromisso, mas sabendo que há grandes chances do rapaz não ligar depois.
Beleza não é garantia de se dar bem, ela é só um chamariz (todos somos visuais, por isso se arrumar direitinho é importante), mas depois da aproximação a conversa interessante e o charme é o que conta mais. Nesse momento lembre-se de usar assuntos leves, sorrir e ouvir o que ele tem a dizer, os homens entregam suas intenções nas entrelinhas e ninguém gosta de “tagarelas”. Não se esqueça que o rapaz não é seu confidente e nem seu amigo de infância. No final, por mais que seja dolorido, vá embora antes dele, não permita que ele a leve em casa, dê alguma desculpa como uma reunião no dia seguinte, estar junto com as amigas, etc. E mais: não peça o telefone dele em hipótese alguma, ele pedirá o seu. Nos próximos dias ele ligará. Caso ele não pegue o seu telefone, é porque não rolou a química e não irá adiante, então nem adianta ter o telefone dele e ficar ligando para forçar uma situação.
Regrinha de ouro: “Vá embora antes dele e nada de beijinhos!” - pode parecer antiquado, mas se trata de foco em objetivo: você quer um relacionamento ou um "ficante"? A construção de relacionamentos pode sim as vezes começar algo físico, mas na grande maioria das vezes o relacionamento começa quando as pessoas estão dispostas a se conhecerem melhor.

Dicas

*Vá de vestido, que é muito mais feminino do que calça comprida.

*Use maquiagem leve e sem exageros, porque os homens se intimidam diante de mulheres muito enfeitadas.

*Na hora de escolher aonde ir, opte por um lugar badalado, onde a população masculina e feminina seja equilibrada.

*Não beba demais para evitar arrependimentos desnecessários.

*Ao escolher onde ficar na boate, dê preferência aos lugares centrais ou mais altos.

*Reconheça o ambiente e identifique de quem você gosta e quem aparentemente gostou de você.

*Mesmo que não esteja com vontade, vá ao banheiro, pois passar ao lado dos rapazes pode ajudar na aproximação.

*Troque olhares e dê sorrisos discretos. Nada de gargalhadas altas.


*Cruze as pernas.

*Mexa no cabelo.

*Não cruze os braços (segure uma taça).

*Coloque alguma barreira ou algum grau de dificuldade entre ele e você.

*Converse sobre assuntos leves: ele não é um padre com quem você deve confessar, nem um amigo de infância.

*Não peça o telefone dele. Ele vai pedir o seu, e se não pedir é porque não se interessou o suficiente, portanto não vale a pena insistir.

*Por mais que seja doloroso, vá embora antes dele (o gostinho de "quero mais" ajuda bastante).

31 de ago. de 2010

Tristeza não é Depressão

É muito comum ouvirmos as pessoas dizerem “me sinto deprimido hoje”, sem que de fato estejam deprimidas. Muitas vezes essa expressão reflete apenas uma tristeza temporária. A depressão é um transtorno psiquiátrico grave, faz com que a capacidade de percepção da realidade seja distorcida, muito diferente da tristeza, que é um sentimento humano normal e não compromete a capacidade de raciocínio. A seguir algumas diferenças entre depressão e tristeza:


Depressão é um transtorno do humor grave, faz com que a capacidade de perceber a realidade e fazer julgamentos fique distorcida.

Tristeza é um sentimento humano normal e saudável, é a resposta emocional correta à frustração, decepção, perda ou fracasso. Não compromete a capacidade de raciocínio e desempenho cognitivo normal.

Depressão é uma doença com sintomas físicos e psíquicos bastante claros e intensos, que independem de um motivo aparente ou que é desproporcional e anormalmente duradouros para o evento desencadeador.

Tristeza diminui com o tempo, retornando apenas quando sua motivação é relembrada.

Depressão pode surgir após uma perda ou situação desagradável, mas comumente não está associada a um evento que a justifique. Mesmo nos casos em que está relacionada a fatores precipitantes, a intensidade e a duração são desproporcionais à magnitude do estímulo. Muitas vezes em um primeiro episódio é possível identificar um evento desencadeador, mas nos demais episódios esse motivo desaparece e a depressão segue um curso próprio e independente dos fatores externos.

Tristeza ocorre em resposta a estímulos desfavoráveis do ambiente. É uma reação vital natural, normal e adaptativa, característica das situações de perda.

Tristeza permite que as pessoas percebam situações positivas ou notícias favoráveis e se alegrem com isso.

Depressão faz com que mesmo os acontecimentos positivos sejam percebidos como negativos.

Tristeza tem duração limitada e melhora com o tempo.

Depressão pode durar meses, anos, ou até a vida inteira.

Tristeza é facilmente compreensível, por ocorrer em resposta a uma situação claramente identificada.

Depressão muitas vezes atinge pessoas sem problemas, em alguns casos até em situação invejável.

Tristeza não dá vontade de suicidar.

Depressão pode levar ao suicídio. Estima-se que 15% dos deprimidos graves cometem suicídio.

Tristeza é controlável com alguma força de vontade. As pessoas tristes geralmente buscam situações e companhias que as alegrem.

Depressão faz com que as pessoas sintam-se sem forças para buscar estímulos prazerosos, e quando percebem sua incapacidade de alegrar-se, reagem com irritabilidade e aumento da sensação de mal-estar.

É comum que familiares e amigos tentem exortar o paciente a fazer algo para animar-se. Tal iniciativa é sem dúvida, meritória, porém pode produzir consequencias funestas. Um exemplo frequente é o do deprimido que é obrigado a comparecer a uma festa de família e não consegue se divertir. Além da irritação pela incapacidade de usufruir a situação prazerosa, as pessoas com depressão podem sentir-se culpadas numa situação como essa por “estragar a festa”. A dica é: deixem em aberto, convidem mas não obriguem, deixem que a pessoa decida se deve ir ou não.

Extraídos do livro “Questões Atuais sobre DEPRESSÃO” de Antônio Egidio Nardi.

24 de ago. de 2010

AVANÇOS NO TRATAMENTO DA DEPRESSÃO

Hoje existe um amplo leque de opções em tratamento para a depressão. Existem modernos medicamentos, terapias psicológicas, eletroconvulsoterapia digital, e até cirurgia de implante cerebral! Bem diferente dos tempos dos medicamentos cheios de efeitos colaterais, dos profissionais que ainda descobriam como tratar esse transtorno, hoje não faltam meios especializados de lidar e superar esse problema de saúde mental.

Existem medicamentos para realizar o balanceamento da seretonina, noradrenalina, dopamina, entre outros hormônios envolvidos no processo depressivo. Esses medicamentos, mais modernos, podem até eliminar os sintomas da depressão e oferecer maior qualidade de vida. Na nova geração de antidepressivos existe maior segurança e menos efeitos colaterais, o que também aumenta a aderência dos pacientes ao tratamento. É importante ressaltar que esses medicamentos não curam a depressão, apenas eliminam os sintomas e tem efeito temporário, ou seja, não são eternos os efeitos. Por isso é importante que o paciente associe o uso da medicação com psicoterapia.

Atualmente a bioengenharia desenvolveu marcapassos cerebrais (até então utilizados no tratamento de Parkinson). Há alguns meses foi implantado o primeiro marcapasso cerebral para tratamento de depressão crônica, nos Estados Unidos, e por enquanto a experiência tem sido bem sucedida. A mulher que recebeu o equipamento descreve a experiência “como se a nuvem preta que me acompanhou por toda a vida tivesse ido embora e finalmente posso ver a vida colorida e sentir prazer, alegria e o sabor da comida”. Essa é uma tecnologia ainda experimental, mas podemos imaginar como uma luz no final do túnel para aquelas pessoas que sofrem da versão mais agressiva do trantorno.


Certamente a melhor opção em tratamento disponível hoje é a associação de medicamentos antidepressivos e terapia psicológica. Tratar um paciente somente com um tratamento ou outro, ou seja, somente com o acompanhamento medicamentoso, ou somente com o tratamento psicológico é uma prática condenável que expõe os pacientes a riscos desnecessários, inclusive de suicídio.

Uma opção de alívio em episódios de intensidade grave e permanência prolongada é a ECT (eletroconvulsoterapia). Vale lembrar que este é um recurso utilizado apenas quando não se consegue resultados com as medicações e terapia combinadas. É um recurso eficaz e hoje muito seguro, com equipamentos e técnica modernizada. Em clínicas especializadas a aplicação é acompanhada por uma equipe multidisciplinar e utiliza equipamentos digitais modernos. Não existem mais cenas como a do filme “Bicho de 7 cabeças”com Rodrigo Santoro, em que a utilização indiscriminada e irresponsável da ECT produz lesões cerebrais significativas. A indicação no momento correto pode evitar que uma pessoa cometa suicídio.

No tratamento de um paciente depressivo, a participação familiar, oferecendo apoio e compreensão é essencial na redução do sofrimento da pessoa, bem como facilita a adesão ao tratamento. Posturas hostis, indiferentes e preconceituosas aumentam os sentimentos de culpa e pioram a precária auto-estima dos pacientes, comprometendo a adesão ao tratamento, geralmente por exortações do tipo: “largue esse remédio, você pode superar isso com força de vontade!”. Depressão não é falta de “força de vontade”, na verdade o que não falta é vontade de superá-la logo. Os familiares e amigos podem contribuir muito oferecendo conforto, observando sintomas e evolução do tratamento (o depressivo tende a ver tudo de maneira negativa, não conseguindo perceber seus avanços significativos). Não se trata de oferecer “incentivo” ao comportamento depressivo, mas demonstrar compreensão de que a depressão é uma doença que exige tratamento médico e psicoterapêutico.

23 de ago. de 2010

UMA BREVE HISTÓRIA DA DEPRESSÃO: entenda os preconceitos


O histórico da depressão é muito importante para entendermos porque as pessoas desvalorizam tanto esse problema grave. Se engana quem pensa que a depressão é uma doença da moda, ou uma doença nova, dos tempos modernos. A depressão atinge a humanidade há milhares de anos. Podemos encontrar referências à esse transtorno entre os escritos de Hipócrates, Platão, Shakespeare, Homero, Fairet e até mesmo na Bíblia Sagrada. Na Grécia Antiga a tristeza profunda acompanhada de afastamento da realidade externa, sentimentos de culpa exagerados e tendências suicidas, era conhecida por Melancolia. Hipócrates (um antigo pensador grego) atribuía a causa da depressão ao acúmulo de bile negra no organismo, e o tratamento consistia em expurgantes, o que não ajudava nada. Platão descreveu a mania ou a fúria dos poetas como sendo um estado de excitação. Homero descreveu em Ilíada um herói desfavorecido pelos deuses que “...vagava sozinho, a alma por dentro a roer e a fugir do convívio dos homens...”. Na Bíblia Sagrada vemos referências à natureza depressiva do rei Saul, como também há uma descrição interessante da depressão no Livro de Jó. Areteo de Capadócia (50 – 130 A.D.) considerou que as síndromes maníacas e depressivas constituiam um só transtorno, diferenciando apenas síndromes somáticas (acúmulo de atrabílis) e reativas (mal do amor).
Entretanto, na Idade Média a censura da Igreja ao pensamento greco-romano fez cessar a busca pelo conhecimento científico-natural, fazendo surgir então o pensamento mágico religioso. Foi nesse período que as doenças receberam a conotação de pecado, vício e problema ético-moral. Sendo assim, todos os doentes psíquicos (inclusive os depressivos) foram incluídos entre os feiticeiros, possuídos, e ociosos. Essas teses religiosas, apesar de infundadas influenciam até os dias de hoje o pensamento popular sobre os distúrbios mentais. Ou seja: grande parte da população acredita que a depressão possa ser fruto de influência demoníaca, ou ociosidade, e que o remédio para a depressão seja trabalhar.
Nos últimos anos a “DEPRESSÃO” popularizou-se ainda mais, tanto por ser um transtorno psiquiátrico importante, que teve grandes avanços científicos e tecnológicos de diagnóstico e tratamento, quanto pela gravidade e abrangência epidemiológica, pois hoje ela atinge cerca de 20% da população mundial e pode levar a pessoa a cometer suicídio.
Existem muitos preconceitos e informações inverídicas que sustentam um comportamento populacional inadequado. É preciso ler, entender, conhecer a Depressão, pois certamente em algum momento da vida todos irão conviver com ela, seja sofrendo pelo transtorno, seja convivendo com alguém que sofre.
Confira a próxima postagem em que explicarei um pouco sobre como a depressão age no cérebro, corpo e comportamento das pessoas.


18 de ago. de 2010

Crises da vida...

Recebi uma sugestão de escrever sobre a crise dos 30, e pesquisando sobre isso pude fazer uma reflexão que gostaria de compartilhar...
As pessoas falam na crise da adolescência, na crise dos 30, dos 40, dos 50, agora também dos 60, e por que não dizer da crise dos 70, 80, 90... Encontrei até sátiras sobre esse tema, que são no mínimo engraçadas. Mas um ponto importante, seria pensar: "então a vida é uma crise?". Se for para ser negativo poderíamos dizer que sim, mas não seria nada motivador, além de não refletir a realidade do dia a dia das pessoas. Vamos racionalizar juntos:
Consideremos a primeira "crise": o nascimento! Saímos de um ambiente aconchegante e seguro onde somos nutridos sem precisar fazer qualquer esforço, e somos obrigados a respirar, usar a boca para obter alimento, enxergar cores variadas, sentir os toques, temperatura, ruídos...'e ainda ganhamos um tapa! Por outro lado, saímos de um ambiente confinado e ganhamos uma infinidade de possibilidades, uma vida toda que apenas está começando. De uma ausência total de estimulações passamos a interagir, receber carinho, banhos quentes, o aconchego do seio materno. Experimente num sábado qualquer, ao acordar, não abrir os olhos, não sair da cama, ficar em posição fetal com um tubo ligado à sua boca lhe provendo um líquido nutritivo qualquer à sua escolha. Quem fizer isso por favor poste o comentário aqui sobre quanto tempo conseguiu manter essas condições, e se conseguiria imaginar passar o resto da vida assim... Sendo assim,  nascimento não é uma crise, mas sim uma dádiva! Representa a evolução, o crescimento, a abertura de novas possibilidades. Crise número um derrubada!!!
A segunda crise que todos falam, é a da adolescência. O corpo está mudando, crescem pêlos em vários lugares, a voz muda, os órgãos sexuais amadurecem, os hormônios mexem com o corpo e os humores, a sociedade começa a cobrar responsabilidades e amadurecimento, a pessoa precisa definir sua personalidade e seu caráter... São muitas coisas que acontecem, deixar de ser criança e se tornar um adulto não é da noite para o dia, e nesse período é muito grande para certoas coisas e muito pequeno para outras. Mas por que isso é uma crise? Desde quando mudar, amadurecer, aprender a ser independente e conquistar uma identidade é uma crise? A adolescencia é um período "dourado", onde as experiências mais divertidas, descontraídas acontecem, é uma fase de "experimentação", onde a pessoa quer conhecer o mundo de uma vez só, consegue empregar paixão em tudo que faz, sente-se livre para conquistar o mundo com uma disposição que nunca mais terá! Lógico que tudo isso quando o adolescente está inserido em uma família que o permita ter suas experiências enquanto é capaz de exercer um controle sadio, oferecendo orientação, podando assertivamente quando necessário, estabelecendo limites, regras, etc. Enfim, é a parte da vida onde queremos fazer de tudo, temos paixão em tudo que fazemos e não conhecemos todas as implicâncias de nossos comportamentos, onde entra a família para nos proteger. Isso não é crise, é desenvolvimento!
Crise número dois: derrubada.
Depois dessa, vem a que tenho ouvido ultimamente: Crise número 3 - A crise dos 30 anos de idade. Bem, essa é popularizada pela vaidade excessiva = o corpo não é mais tão belo quanto aos vinte e poucos anos, o desempenho físico não é o mesmo, ganhamos peso com mais facilidade, nos cansamos mais depressa, não temos a mesma disposição e vigor dos vinte anos, algumas mulheres solteiras começam a acreditar que nunca vão conseguir um companheiro para compartilhar a vida, outros acreditam que atingiram o àpice profissional e nunca mais vão poder evoluir no mercado de trabalho, etc... É lógico que com o passar dos anos, o metabolismo do corpo muda, e tudo isso é influenciado pelos hábitos de vida. Vamos analisar quem faz essas queixas? Essa pessoa tem uma alimentação saudável, equilibrada, com vegetais, fibras, alimentos nutritivos? Essa pessoa pratica alguma atividade física com regularidade superior à três vezes por semana? Essa possui mantém uma vida social satisfatória? Quando já possui filhos, como é a rotina dessa pessoa? Muitas vezes a pessoa necessita de uma mudança brusca em seu estilo de vida, adequar-se à sua realidade é o primeiro passo para conseguir viver seus 30 anos com felicidade e satisfação. Ter uma alimentação saudável não é difícil, o difícil é a pessoa querer colocar em seu prato agrião, acelga, couve, beterrada, cenoura, brócolis, ervilha, tomate, e por aí vai. Na verdade, preparar uma salada é muito mais prático do que fazer uma macarronada! E a atividade física? Nunca tem tempo, pois além de trabalhar tem que cuidar dos filhos... Conhecem o ditado: "se a montanha não vai à Maomé, Maomé vai até a montanha", pois então, alie a atividade física à rotina de seus filhos, leve-os para jogar bola, caminhar, andar de bicicleta, fazer natação juntos, etc. Brincar com seus filhos será uma atividade intensa, acredite! Além disso, ainda estará ensinando seus filhos que atividade física é importante e legal. Sobre o corpo e sobre a carreira profissional, o que se sabe é que 30 é a idade do sucesso! As mulheres possuem atrativos mais fortes por sua maturidade e independência, os homens por sua aparência mais distinta, e profissionalmente é considerado o início do período mais produtivo, cujo auge ocorrerá apenas aos quarenta. Bem, depois disso tudo, quem falar em crise dos 30, por favor: procure um analista!
Crise número 3: derrubada.
Continuando nesse raciocínio, temos agora que falar sobre a crise dos 40 anos de idade. As queixas são parecidas com as dos 30 anos, com a diferença de que dessa vez, o corpo realmente começa a mudar, independente da prática contínua de esportes e hábitos muito saudáveis de vida. As mulheres começam a perceber a força da gravidade em seus corpos, ao passo que a mente, agora mais madura, tem avidez por uma vida plena, algumas na necessidade irracional de se manterem jovens reproduzem comportamentos adolescentes em suas vestes e hábitos (o que fica incongruente e não satisfaz). Isso se reflete de diferentes formas: profissionalmente a mulher está vivendo seu auge de produtividade, fazendo grandes conquistas, sexualmente está mais assertiva e sabe conduzir bem seus desejos e buscar sua satisfação, físicamente demosntra maior refinamento na maneira de se arrumar, no ambito familiar normalmente seus filhos estão mais independentes e exigem menos cuidados intensos, enfim é o momento! Para os homens os efeitos são parecidos, com diferença apenas na àrea sexual, onde começam a ter medo do envelhecimento e com isso exibem uma necessidade constante de afirmação de sua virilidade (nessa fase as relações extraconjugais são mais propensas, normalmente buscam por meninas mais novas que exigirão menos de sua performance e funcionarão coo "troféus"à sua masculinidade, o que acaba virando frutração depois, quando vê que não consegue acompanhar o ritmo da "garota"). Mas existem maneiras mais saudáveis de exibir a virilidade, como a prática de esportes. Resumindo, tanto homens quanto mulheres temem o envelhecimento, mas lembrem-se que é inevitável, faz parte da vida, não é feio, e principalmente - não vai destruir sua capacidade de obter prazer na vida muito menos diminuir sua sexualidade - o prazer a sexualidade permanecem ativas em você por toda a sua vida, e só adormecem se você quiser (principalmente agora que existe o viagra).
Crise número 4: derrubada
Agora vou juntar as demais crises, pois falam de um tema em comum: o envelhecimento, a aposentadoria, a chegada dos netos, bisnetos e a proximação do fim da vida. Aos cinquenta a pessoa começa a apresentar preocupações com a aposentadoria e chegada dos netos - "Meu Deus, agora vou me tornar um vovô à toa", depois vem as preocupações com o envelhecimento e morte que vão perdurar ao longo das próximas décadas. Meus queridos, chegar nessa fase da vida só significa uma coisa: FAZER SÓ O QUE VOCÊ GOSTA! Pensem bem, com a aposentadoria você pode escolher se vai parar de trabalhar e ficar viajando, lendo livros e cuidando de netos, ou se vai se dedicar à uma nova ocupação que pode ser um trabalho que você sempre quis fazer e antes não tinha tempo nem disponibilidade suficientes para isso, pode ser um hobbie, etc... Mas acima de tudo, você poderá fazer o que quiser! Lembrem-se apenas que não precisam ficar em casa lendo jornal e vendo novela enquanto esperam por uma visita, isso com certeza irá deteriorar suas funções cognitivas (e ledo engano quem pensa que isso só acontece com idosos, até jovens adultos se não forem estimulados constantemente apresentam decréscimo). Em relação ao corpo, é hora de desencanar, aceitem as mudanças como expressão da vida rica que tiveram. Suas rugas são marcas dos momentos felizes ao ver uma conquista de um filho, ao chorar a perda de um ente querido, ao comemorar uma conquista pessoal, ao passar noites cuidando de um filho doente, ao se preocupar com o futuro, etc. Além das rugas existem outras mudanças também, mas a disposição e o vigor que se necessita para desfrutar dessa fase é possível obter com a alimentação saudável e a prática de exercícios constantes. Sexualmente também é hora de desfrutar de sua sabedoria e disponibilidade de tempo. Lembrem-se: a sexualidade não está nos órgãos genitas e sim na CABEÇA! O cérebro é o mais importante órgão sexual do ser humano e com a maturidade o sexo pode tornar-se mais ousado, picante e criativo.
Por fim, um tópico mais delicado dessa fase da vida - a chegada do fim... é um tanto mórbido esse tema, mas paira na mente das pessoas trazendo inseguranças, medos, tristeza, apatia... Infelizmente não existe remédio para a morte, somente para a vida. Como dizemos: "a morte é a única certeza que temos na vida" e isso é a partir do momento em que somos concebidos. A cada dia que se passa, temos menos um dia para viver, e não importa se morreremos muito idosos por motivos naturais, se morreremos de alguma doença severa, ou em algum acidente estúpido, a única verdade é que não podemos saber quando iremos morrer, só sabemos que iremos de fato, todos! Isso não é motivo para a pessoa sentir medo, tristeza, ou se cobrir de milhões de cuidados desnecessários. Ao refletir nisso, percebam que a única coisa que podemos fazer é viver! Viver intensamente, aproveitar cada dia como se fosse o último, fazer valer a pena a nossa existência, dar motivos aos nossos queridos para se lembrarem de nós como fonte de alegria, sabedoria, e vivacidade! Para que desperdiçar um único dia se lamentando do fim, enquanto pode aproveitar deliciosamente o que você tem aqui e agora. Mas atenção: viver intensamente não quer dizer viver irresponsavelmente, lembre-se que nossa vida permanece registrada para todos aqueles que amamos, podemos ser motivo de orgulho e exemplo para as próximas gerações.
Demais crises: derrubadas.
A vida é bela, não pensem em crises, pensem em mudanças!

5 de ago. de 2010

A Estratégia ACALME-SE

A ansiedade é uma alteração do estado do humor que faz com as pessoas sintam-se perdendo o controle  sobre a sua capacidade de concentração, persistência, paciência, e muitas vezes pode provocar angústia. A maior dificuldade que uma pessoa com ansiedade enfrenta, é a de não conseguir relaxar, a pessoa permanece tensa, e por mais que se esforce não consegue se livrar dessa tensão. Existem muitas técnicas que podem ajudar a conseguir o relaxamento necessário. Quando é uma tensão ocasional pode-se recorrer à massoterapia, meditações, acunpuntura, medicações ou chás. Mas quando a tensão tem sua origem intrapsíquica e percebe-se que é resistente aos demais recursos, deve-se recorrer ao auxílio de um psicoterapeuta treinado e experiente em realizar relaxamentos.  Uma técnica que as pessoas podem praticar sozinhas, sem o auxílio de um psicoterapeuta é a Estratégia do Acalme-se. Essa técnica pode ser usada em qualquer local, basta que a pessoa aprenda o seu passo a passo.

A chave para lidar com um estado de ansiedade é aceitá-lo totalmente. Permanecer no presente e aceitar sua ansiedade fazem-na desaparecer. Para lidar com sucesso com sua ansiedade, você pode utilizar a estratégia "ACALME-SE" de oito passos. Usando-a você estará apto a aceitar a sua ansiedade até que ela desapareça.

ACALME-SE

Aceite a sua ansiedade. Um dicionário define aceitar como dar "consentimento em receber". Concorde em receber as suas sensações de ansiedade. Mesmo que lhe pareça absurdo no momento, aceite as sensações em seu corpo assim como você acietaria em sua casa um hóspede inesperado e desconhecido ou uma dor incômoda. Substitua seu medo, raiva e rejeição por aceitação. Não lute contra as sensações. Resistindo, você estará prolongando e intensificando o seu desconforto. Ao invés disso, flua com ela.
Contemple as coisas à sua volta. Não fique olhando para dentro de você, observando tudo e cada coisa que sente. Deixe acontecer com o seu corpo o que ele quiser, sem julgamento: nem bom, nem mau. Olhe à sua volta, observando cada detalhe da situação em que você está. Descreva-os minuciosamente para você, como um meio de afastar-se de sua observação interna. Lembre-se: você não é a sua ansiedade. Quanto mais puder separar-se de sua experiência interna e ligar-se nos acontecimentos externos, melhor se sentirá. Esteja com ansiedade, mas não seja ela; seja apenas observador.
Aja com sua ansiedade. Aja como se você não estivesse ansioso, isto é, funcione com suas sensações de ansiedade. Diminua o ritmo, a velocidade com que você faz as suas coisas, mas mantenha-se ativo! Não se desespere, interrompendo tudo para fugir. Se fugir, a sua ansiedade diminuirá, mas o seu medo aumentará, donde na próxima vez será pior. Se você fica onde está – e continuar fazendo as suas coisas – tanto a sua ansiedade quanto o seu medo diminuirão. Continue agindo, bem devagar!
Libere o ar de seus pulmões, bem devagar! Respire bem devagar, calmamente, inspirando pouco ar pelo nariz e expirando longa e suavemente pela boca. Conte até três, devagarinho, na inspiração, outra vez até três prendendo um pouco a respiração e até seis na expiração. Faça o ar ir para o seu abdome, estufando-o ao inspirar e deixando-o contrair-se ao expirar. Não encha os pulmões. Ao exalar, não sopre: apenas deixe o ar sair lentamente pela boca. Procure descobrir o ritmo ideal de sua respiração, nesse estilo e nesse ritmo, e você descobrirá como isso é agradável.
Mantenha os passos anteriores. Repita cada um, passo a passo. Continue a (1) aceitar sua ansiedade; (2) contemplar; (3)agir com ela; (4) respirar calma e suavemente até que ela diminua e atinja um nível confortável. E ela irá, se você continuar repetindo estes quatro passos:aceitar, contemplar, agir e respirar.
Examine seus pensamentos. Talvez você esteja antecipando coisas catastróficas. Você sabe que elas não acontecem. Você já passou por isso muitas vezes e sabe que nunca aconteceu nada do que pensou que aconteceria. Examine o que você está dizendo para si mesmo e reflita racionalmente para ver se o que pensa é verdade ou não: você tem provas sobre o que pensa é verdade? Ha outras maneiras de entender o que lhe está acontecedo? Lembre-se: você está apenas ansioso – isto pode ser desagradável, mas não é perigoso. Você está pensando que está em perigo, mas tem provas reais e definitivas disso?
Sorria, você conseguiu! Você merece todo o seu crédito e todo o seu reconhecimento. Você conseguiu, sozinho e com seus próprios recursos, traquilizar-se e superar esse momento. Não é uma vitória, pois não havia um inimigo, apenas um visitante de hábitos estranhos que você passou a compreender e aceitar melhor. Você agora saberá lidar com visitantes estranhos.
Espere o futuro com aceitação. Livre-se do pensamento mágico de que você terá se livrado definitivamente, para sempre de sua ansiedade. Ela é necessária para você viver e continuar vivo. Em vez de considerar-se livre dela, surpreenda-se como a maneja, como acabou de fazer agora. Esperando a ocorrencia de ansiedade no futuro, você estará em uma boa posição para lidar com ela novamente.

Desejo à todos
BONS PENSAMENTOS E BONS SENTIMENTOS!

21 de jul. de 2010

PSICOTERAPIA: Quem precisa fazer?

É comum ouvirmos: "Fazer terapia é para malucos, como não sou louco não preciso disso!". Será que essa afirmativa é verdadeira? As pessoas normalmente dizem isso quando desconhecem o que é terapia, ou quando querem evitar confrontar seus próprios problemas.



A OMS define a saúde como "bem estar bio-psico-social", ou seja, a saúde não é apenas a ausência de doenças somáticas (no corpo), mas a expressão do bem estar integral na vida das pessoas, incluindo o seu funcionamento emocional, cognitivo, social, familiar e profissional.

A psicologia é um campo científico que atua em diversos segmentos (esporte, trânsito, jurídica, hospitalar, recursos humanos, etc), sendo que a clínica é uma modalidade de tratamento da saúde mental. O psicólogo clínico é um estudioso da mente humana, que está habilitado a avaliar e tratar as perturbações e transtornos da mente do homem (em todas as esferas da vida: social, familiar, profissional, comportamental, emotiva, cognitiva, etc.), sendo assim, sua atuação está ligada ao tratamento e à avaliação dos transtornos do humor (depressão, ansiedade, humor bipolar, transtorno obsessivo-compulsivo), dos transtornos de personalidade (paranóide, esquizóide, esquizoafetivo, boderline, hebefrênico, etc...), dos transtornos do comportamento (desafiador opositivo, transtorno de conduta, sociopatia, etc.), dos transtornos de aprendizagem (hiperatividade, desatenção, etc.), e de diversas perturbações da saúde mental.



As pessoas nem sempre conseguem reconhecer que apresentam sintomas de uma determinada classificação psicopatológica, e por isso não conseguem perceber seu sofrimento e sua dor como algo que possa ser tratado por um psicólogo. Mas todos são capazes de perceber que tem dificuldades, as quais não conseguem superar sozinhos, por mais que se esforcem para isso.
Uma pessoa que está sofrendo com Transtorno de Ansiedade não consegue nomear seu sofrimento dessa maneira, mas é capaz de perceber que tem tido algumas dificuldades em seu funcionamento cotidiano, que tem o prejudicado em alguma àrea de sua vida, seja ela familiar, social, profissional, afetiva, comportamental ou cognitiva.
Para uma pessoa saber quando necessita da ajuda de um psicólogo, precisa analisar como tem se relacionado com o mundo, com as pessoas, e consigo mesma. Se em alguma dessas àreas, acredita estar tendo um desempenho insatisfatório, e que apesar de se esforçar não consegue promover melhoria real, então este é o ponto onde sua saúde mental começa a se abalar. Esse mal estar psíquico tende a crescer com o tempo, e começa a tomar outras partes de sua vida que antes não incomodava. Dessa maneira, o problema que inicialmente se tratava de um transtorno leve, transforma-se em um complexo de proporções graves. Um transtorno mental grave não surge da noite para o dia, mas é construído através de um aprendizado disfuncional do cérebro ao longo de anos de negligência da pessoa com sua saúde e bem estar mental.
Uma pessoa é capaz de perceber se está sempre preocupada, se não consegue relaxar, se enquanto todos conseguem lidar com as expectativas do dia a dia ela é incapazes de dormir ou se concentrar em outras coisas, por vezes sente falta de ar, palpitações, experimenta sudorese (suor em excesso), fica ruborizada, tem prisão de ventre, sofre de disfunção erétil, apresenta baixa auto-estima, ciúmes excessivo, tristeza prologada sem motivo suficiente que explique tal condição, experimenta desmotivação, perde a capacidade de sentir prazer, concentrar, apresenta dificuldades com a memória, tem tido muitas dificuldades em conviver bem com sua família, tem tido problemas com o cônjuge, dificuldades em lidar com os filhos, sente-se profundamente insatisfeita consigo mesma, é incapaz de dizer não às pessoas, não consegue economizar, come para preencher um vazio emocional, não tem controle sobre seu comportamento sexual, trabalha compulsivamente, joga compulsivamente, etc... Todas essas coisas, apesar de parecerem simples, são sinais de que a saúde psíquica está em apuros. A mente humana é como um iceberg, o que podemos perceber é apenas sua pequena ponta. A pessoa deve alertar-se quando algo a incomoda ou incomoda a todos à sua volta, não é preciso esperar apresentar dois, cinco ou dez problemas e perceberem suas vidas como um problema sem solução. Ao perceber que algo em sua vida não vai bem, a pessoa precisa tentar superar com seus intrumentos psíquicos adquiridos ao longo da vida, se o problema não for solucionado em menos de dois meses, então é o momento de buscar a ajuda de um psicólogo. Entretanto, quando a pessoa vai ao médico e este encaminha para o serviço de psicologia, é porque o momento de tentar com seus próprios recursos já passou, e a ajuda profissional é imprescindível.

16 de jul. de 2010

Beleza & Bem-Estar

Nossa vida é permeada por conceitos de como devemos nos relacionar com as diversas áreas da vida. Temos conceitos sobre o trabalho, sobre a família, sobre o amor, sobre a beleza e sobre muitas outras coisas. Por vivermos na era da informação e interactividade, somos influenciados pelos conceitos oferecidos pela mídia o tempo todo, e portanto, muitos das nossas crenças sobre a beleza são moldadas pelo que vemos na TV, nas revistas, no cinema e nas propagandas. Entretanto, nem sempre esse modelo de beleza oferecido é o ideal para a maioria das pessoas, afinal de contas, a beleza não está presa num padrão pré-estabelecido, mas encontra-se em diversas coisas que se harmonizam e trazem bem-estar à vida.
Todos possuímos coisas belas em nós mesmos, mas precisamos prestar atenção para podermos dar o devido valor à essa beleza.

Conscientize-se de seu corpo, da estrutura de seu organismo, e respeite-a! (Você não precisa seguir um determinado padrão de peso para ser bonita, a estrutura de seu corpo sendo bem valorizada será uma beleza muito mais autêntica).
Procure desenvolver atividades físicas que lhe sejam agradáveis. (O exercício físico promove sensação de bem estar e ajuda o seu corpo a se manter saudável. Não gostar de uma atividade ou de outra é comum, o importante é continuar procurado alguma que lhe seja agradável).
Procure desenvolver atividades sociais desejáveis, respeite sua imagem. Evite situações degradantes, elas com certeza farão mal ao seu corpo e à sua mente.
Evite excessos, eles sempre suprimem uma parte importante de sua vida.
Evite regimes e dietas pois, no final, eles acabam fazendo o efeito inverso no seu corpo. Ao invés disto, invista numa mudança de hábitos e faça uma reeducação alimentar.
Passe mais tempo com você mesmo, se olhe no espelho, cuide de seu corpo com amor, sem agredi-lo ou negligenciá-lo.
Conscientize-se de seu estilo de vida, busque formas confortáveis de vivenciar seu dia a dia e harmonize suas roupas e sapatos conforme o seu padrão de beleza. (Evite roupas e sapatos apertados ou incômodos).
Não ceda aos padrões de "belo e feio", lembre-se que cada pessoa é bela, na sua forma particular e natural, em cada parte de seu corpo, mesmo que ainda não tenha aprendido isso.
A vida é como um espelho, recebemos de volta tudo aquilo que projetamos, por isso, dedique-se a encontrar a beleza das pessoas e do mundo ao seu redor.





Valorize as coisas belas da sua vida!
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11 de jul. de 2010

Avaliação Neuropsicológica

A testagem neuropsicológica é um instrumento de investigação e avaliação diagnóstica da psicologia, desenvolvida por procedimentos científicos em pesquisas ao redor dos países da Europa e dos Estados Unidos desde a década de 50. Atualmente pesquisadores brasileiros tem trabalhado na tradução e validação desses intrumentos para que possamos utilizar esses instrumentos também no Brasil.
Os objetivos dessa avaliação são muito variados, desde o diagnóstico de quadros demênciais, lesões cerebrais (por acidentes, cirurgias e AVC), e distúrbios da aprendizagem e memória, retardo mental, avaliação de crianças superdotadas, até mesmo a determinação da Idade Mental, fatores de mútiplos QIs (quoeficientes de inteligência), e avaliação das capacidades mentais.

Essa avaliação mensura as qualidades e capacidades cognitivas das pessoas, como a memória, o aprendizado, a concentração, o desempenho do raciocínio verbal, a capacidade de plasticidade cognitiva da pessoa, o nível de funcionamento das funções executivas cerebrais, a capacidade de concentração, entre outras funções intelectivas referentes ao funcionamento cerebral da pessoa. Esses dados são obtidos e tratados de forma objetiva, focados apenas no desempenho cognitivo, pois não se trata de uma avaliação psicológica, a qual avalia o perfil da personalidade, do estado do humor e da existência de psicopatologias da personalidade. São avaliaçoes distintas em técnicas, instrumentos e tratamento de dados. realizadas de maneira independente.
Em alguns casos, após a conclusão da avaliação neurosicológica, pode ser necessária uma avaliação psicológica por se concluir que a queixa não advém de problemas cognitivos, mas esta é uma necessidade que deve ser observada pelo examinador ao receber a queixa/motivo inicial da busca por ajuda.
Essa testagem é composta por uma bateria de testes longa e exaustiva, e o tempo de duração varia muito conforme as condições mentais do examinado. É por esse motivo que se faz necessário ser aplicado por um psicólogo competente, que observará as condições de cada paciente, sabendo adequar as condições para que não se torne um exame muito cansativo. Nessa avaliação é importante o paciente saber que os testes são difíceis e longos, e que por isso faz-se necesário que seja marcado no horário do dia em que a pessoa sente-se melhor.

No Brasil temos disponível para uso em avaliações neuropsicológicas poucos intrumentos validados, mas todos são testes confiáveis! Os mais usados são: escalas Wechsler (WISC-III e WAIS-III), o teste de cartas Winsconsin (WSCT), o Escala de Maturidade Mental Colúmbia, a Escala TDAH, a bateria de testes BPR-5 e a BPN, o teste das Figuras Complexas de Rey (anda em fase de pesquisas). Esses testes são escolhidos pelo avaliador conforme as caracteríscticas cognitivas a serem avaliadas em cada pessoa.
O laudo bem confeccionado indicará um diagnóstico adequado, auxiliando o médico (neurologista, geriatra, pediatra, etc) a tomar decisões sobre qual o melhor tratamento que deve ser oferecido ao paciente. Também auxilia aos educadores, em casos de crianças especiais, a saberem qual o melhor caminho na estimulação das crianças.
Um tratamento adequado às necessidades de cada paciente, é essencial tanto para o prolongamento da vida funcional quanto para a saúde, o bem estar e a qualidade de vida das pessoas!