31 de ago. de 2010

Tristeza não é Depressão

É muito comum ouvirmos as pessoas dizerem “me sinto deprimido hoje”, sem que de fato estejam deprimidas. Muitas vezes essa expressão reflete apenas uma tristeza temporária. A depressão é um transtorno psiquiátrico grave, faz com que a capacidade de percepção da realidade seja distorcida, muito diferente da tristeza, que é um sentimento humano normal e não compromete a capacidade de raciocínio. A seguir algumas diferenças entre depressão e tristeza:


Depressão é um transtorno do humor grave, faz com que a capacidade de perceber a realidade e fazer julgamentos fique distorcida.

Tristeza é um sentimento humano normal e saudável, é a resposta emocional correta à frustração, decepção, perda ou fracasso. Não compromete a capacidade de raciocínio e desempenho cognitivo normal.

Depressão é uma doença com sintomas físicos e psíquicos bastante claros e intensos, que independem de um motivo aparente ou que é desproporcional e anormalmente duradouros para o evento desencadeador.

Tristeza diminui com o tempo, retornando apenas quando sua motivação é relembrada.

Depressão pode surgir após uma perda ou situação desagradável, mas comumente não está associada a um evento que a justifique. Mesmo nos casos em que está relacionada a fatores precipitantes, a intensidade e a duração são desproporcionais à magnitude do estímulo. Muitas vezes em um primeiro episódio é possível identificar um evento desencadeador, mas nos demais episódios esse motivo desaparece e a depressão segue um curso próprio e independente dos fatores externos.

Tristeza ocorre em resposta a estímulos desfavoráveis do ambiente. É uma reação vital natural, normal e adaptativa, característica das situações de perda.

Tristeza permite que as pessoas percebam situações positivas ou notícias favoráveis e se alegrem com isso.

Depressão faz com que mesmo os acontecimentos positivos sejam percebidos como negativos.

Tristeza tem duração limitada e melhora com o tempo.

Depressão pode durar meses, anos, ou até a vida inteira.

Tristeza é facilmente compreensível, por ocorrer em resposta a uma situação claramente identificada.

Depressão muitas vezes atinge pessoas sem problemas, em alguns casos até em situação invejável.

Tristeza não dá vontade de suicidar.

Depressão pode levar ao suicídio. Estima-se que 15% dos deprimidos graves cometem suicídio.

Tristeza é controlável com alguma força de vontade. As pessoas tristes geralmente buscam situações e companhias que as alegrem.

Depressão faz com que as pessoas sintam-se sem forças para buscar estímulos prazerosos, e quando percebem sua incapacidade de alegrar-se, reagem com irritabilidade e aumento da sensação de mal-estar.

É comum que familiares e amigos tentem exortar o paciente a fazer algo para animar-se. Tal iniciativa é sem dúvida, meritória, porém pode produzir consequencias funestas. Um exemplo frequente é o do deprimido que é obrigado a comparecer a uma festa de família e não consegue se divertir. Além da irritação pela incapacidade de usufruir a situação prazerosa, as pessoas com depressão podem sentir-se culpadas numa situação como essa por “estragar a festa”. A dica é: deixem em aberto, convidem mas não obriguem, deixem que a pessoa decida se deve ir ou não.

Extraídos do livro “Questões Atuais sobre DEPRESSÃO” de Antônio Egidio Nardi.

24 de ago. de 2010

AVANÇOS NO TRATAMENTO DA DEPRESSÃO

Hoje existe um amplo leque de opções em tratamento para a depressão. Existem modernos medicamentos, terapias psicológicas, eletroconvulsoterapia digital, e até cirurgia de implante cerebral! Bem diferente dos tempos dos medicamentos cheios de efeitos colaterais, dos profissionais que ainda descobriam como tratar esse transtorno, hoje não faltam meios especializados de lidar e superar esse problema de saúde mental.

Existem medicamentos para realizar o balanceamento da seretonina, noradrenalina, dopamina, entre outros hormônios envolvidos no processo depressivo. Esses medicamentos, mais modernos, podem até eliminar os sintomas da depressão e oferecer maior qualidade de vida. Na nova geração de antidepressivos existe maior segurança e menos efeitos colaterais, o que também aumenta a aderência dos pacientes ao tratamento. É importante ressaltar que esses medicamentos não curam a depressão, apenas eliminam os sintomas e tem efeito temporário, ou seja, não são eternos os efeitos. Por isso é importante que o paciente associe o uso da medicação com psicoterapia.

Atualmente a bioengenharia desenvolveu marcapassos cerebrais (até então utilizados no tratamento de Parkinson). Há alguns meses foi implantado o primeiro marcapasso cerebral para tratamento de depressão crônica, nos Estados Unidos, e por enquanto a experiência tem sido bem sucedida. A mulher que recebeu o equipamento descreve a experiência “como se a nuvem preta que me acompanhou por toda a vida tivesse ido embora e finalmente posso ver a vida colorida e sentir prazer, alegria e o sabor da comida”. Essa é uma tecnologia ainda experimental, mas podemos imaginar como uma luz no final do túnel para aquelas pessoas que sofrem da versão mais agressiva do trantorno.


Certamente a melhor opção em tratamento disponível hoje é a associação de medicamentos antidepressivos e terapia psicológica. Tratar um paciente somente com um tratamento ou outro, ou seja, somente com o acompanhamento medicamentoso, ou somente com o tratamento psicológico é uma prática condenável que expõe os pacientes a riscos desnecessários, inclusive de suicídio.

Uma opção de alívio em episódios de intensidade grave e permanência prolongada é a ECT (eletroconvulsoterapia). Vale lembrar que este é um recurso utilizado apenas quando não se consegue resultados com as medicações e terapia combinadas. É um recurso eficaz e hoje muito seguro, com equipamentos e técnica modernizada. Em clínicas especializadas a aplicação é acompanhada por uma equipe multidisciplinar e utiliza equipamentos digitais modernos. Não existem mais cenas como a do filme “Bicho de 7 cabeças”com Rodrigo Santoro, em que a utilização indiscriminada e irresponsável da ECT produz lesões cerebrais significativas. A indicação no momento correto pode evitar que uma pessoa cometa suicídio.

No tratamento de um paciente depressivo, a participação familiar, oferecendo apoio e compreensão é essencial na redução do sofrimento da pessoa, bem como facilita a adesão ao tratamento. Posturas hostis, indiferentes e preconceituosas aumentam os sentimentos de culpa e pioram a precária auto-estima dos pacientes, comprometendo a adesão ao tratamento, geralmente por exortações do tipo: “largue esse remédio, você pode superar isso com força de vontade!”. Depressão não é falta de “força de vontade”, na verdade o que não falta é vontade de superá-la logo. Os familiares e amigos podem contribuir muito oferecendo conforto, observando sintomas e evolução do tratamento (o depressivo tende a ver tudo de maneira negativa, não conseguindo perceber seus avanços significativos). Não se trata de oferecer “incentivo” ao comportamento depressivo, mas demonstrar compreensão de que a depressão é uma doença que exige tratamento médico e psicoterapêutico.

23 de ago. de 2010

UMA BREVE HISTÓRIA DA DEPRESSÃO: entenda os preconceitos


O histórico da depressão é muito importante para entendermos porque as pessoas desvalorizam tanto esse problema grave. Se engana quem pensa que a depressão é uma doença da moda, ou uma doença nova, dos tempos modernos. A depressão atinge a humanidade há milhares de anos. Podemos encontrar referências à esse transtorno entre os escritos de Hipócrates, Platão, Shakespeare, Homero, Fairet e até mesmo na Bíblia Sagrada. Na Grécia Antiga a tristeza profunda acompanhada de afastamento da realidade externa, sentimentos de culpa exagerados e tendências suicidas, era conhecida por Melancolia. Hipócrates (um antigo pensador grego) atribuía a causa da depressão ao acúmulo de bile negra no organismo, e o tratamento consistia em expurgantes, o que não ajudava nada. Platão descreveu a mania ou a fúria dos poetas como sendo um estado de excitação. Homero descreveu em Ilíada um herói desfavorecido pelos deuses que “...vagava sozinho, a alma por dentro a roer e a fugir do convívio dos homens...”. Na Bíblia Sagrada vemos referências à natureza depressiva do rei Saul, como também há uma descrição interessante da depressão no Livro de Jó. Areteo de Capadócia (50 – 130 A.D.) considerou que as síndromes maníacas e depressivas constituiam um só transtorno, diferenciando apenas síndromes somáticas (acúmulo de atrabílis) e reativas (mal do amor).
Entretanto, na Idade Média a censura da Igreja ao pensamento greco-romano fez cessar a busca pelo conhecimento científico-natural, fazendo surgir então o pensamento mágico religioso. Foi nesse período que as doenças receberam a conotação de pecado, vício e problema ético-moral. Sendo assim, todos os doentes psíquicos (inclusive os depressivos) foram incluídos entre os feiticeiros, possuídos, e ociosos. Essas teses religiosas, apesar de infundadas influenciam até os dias de hoje o pensamento popular sobre os distúrbios mentais. Ou seja: grande parte da população acredita que a depressão possa ser fruto de influência demoníaca, ou ociosidade, e que o remédio para a depressão seja trabalhar.
Nos últimos anos a “DEPRESSÃO” popularizou-se ainda mais, tanto por ser um transtorno psiquiátrico importante, que teve grandes avanços científicos e tecnológicos de diagnóstico e tratamento, quanto pela gravidade e abrangência epidemiológica, pois hoje ela atinge cerca de 20% da população mundial e pode levar a pessoa a cometer suicídio.
Existem muitos preconceitos e informações inverídicas que sustentam um comportamento populacional inadequado. É preciso ler, entender, conhecer a Depressão, pois certamente em algum momento da vida todos irão conviver com ela, seja sofrendo pelo transtorno, seja convivendo com alguém que sofre.
Confira a próxima postagem em que explicarei um pouco sobre como a depressão age no cérebro, corpo e comportamento das pessoas.


18 de ago. de 2010

Crises da vida...

Recebi uma sugestão de escrever sobre a crise dos 30, e pesquisando sobre isso pude fazer uma reflexão que gostaria de compartilhar...
As pessoas falam na crise da adolescência, na crise dos 30, dos 40, dos 50, agora também dos 60, e por que não dizer da crise dos 70, 80, 90... Encontrei até sátiras sobre esse tema, que são no mínimo engraçadas. Mas um ponto importante, seria pensar: "então a vida é uma crise?". Se for para ser negativo poderíamos dizer que sim, mas não seria nada motivador, além de não refletir a realidade do dia a dia das pessoas. Vamos racionalizar juntos:
Consideremos a primeira "crise": o nascimento! Saímos de um ambiente aconchegante e seguro onde somos nutridos sem precisar fazer qualquer esforço, e somos obrigados a respirar, usar a boca para obter alimento, enxergar cores variadas, sentir os toques, temperatura, ruídos...'e ainda ganhamos um tapa! Por outro lado, saímos de um ambiente confinado e ganhamos uma infinidade de possibilidades, uma vida toda que apenas está começando. De uma ausência total de estimulações passamos a interagir, receber carinho, banhos quentes, o aconchego do seio materno. Experimente num sábado qualquer, ao acordar, não abrir os olhos, não sair da cama, ficar em posição fetal com um tubo ligado à sua boca lhe provendo um líquido nutritivo qualquer à sua escolha. Quem fizer isso por favor poste o comentário aqui sobre quanto tempo conseguiu manter essas condições, e se conseguiria imaginar passar o resto da vida assim... Sendo assim,  nascimento não é uma crise, mas sim uma dádiva! Representa a evolução, o crescimento, a abertura de novas possibilidades. Crise número um derrubada!!!
A segunda crise que todos falam, é a da adolescência. O corpo está mudando, crescem pêlos em vários lugares, a voz muda, os órgãos sexuais amadurecem, os hormônios mexem com o corpo e os humores, a sociedade começa a cobrar responsabilidades e amadurecimento, a pessoa precisa definir sua personalidade e seu caráter... São muitas coisas que acontecem, deixar de ser criança e se tornar um adulto não é da noite para o dia, e nesse período é muito grande para certoas coisas e muito pequeno para outras. Mas por que isso é uma crise? Desde quando mudar, amadurecer, aprender a ser independente e conquistar uma identidade é uma crise? A adolescencia é um período "dourado", onde as experiências mais divertidas, descontraídas acontecem, é uma fase de "experimentação", onde a pessoa quer conhecer o mundo de uma vez só, consegue empregar paixão em tudo que faz, sente-se livre para conquistar o mundo com uma disposição que nunca mais terá! Lógico que tudo isso quando o adolescente está inserido em uma família que o permita ter suas experiências enquanto é capaz de exercer um controle sadio, oferecendo orientação, podando assertivamente quando necessário, estabelecendo limites, regras, etc. Enfim, é a parte da vida onde queremos fazer de tudo, temos paixão em tudo que fazemos e não conhecemos todas as implicâncias de nossos comportamentos, onde entra a família para nos proteger. Isso não é crise, é desenvolvimento!
Crise número dois: derrubada.
Depois dessa, vem a que tenho ouvido ultimamente: Crise número 3 - A crise dos 30 anos de idade. Bem, essa é popularizada pela vaidade excessiva = o corpo não é mais tão belo quanto aos vinte e poucos anos, o desempenho físico não é o mesmo, ganhamos peso com mais facilidade, nos cansamos mais depressa, não temos a mesma disposição e vigor dos vinte anos, algumas mulheres solteiras começam a acreditar que nunca vão conseguir um companheiro para compartilhar a vida, outros acreditam que atingiram o àpice profissional e nunca mais vão poder evoluir no mercado de trabalho, etc... É lógico que com o passar dos anos, o metabolismo do corpo muda, e tudo isso é influenciado pelos hábitos de vida. Vamos analisar quem faz essas queixas? Essa pessoa tem uma alimentação saudável, equilibrada, com vegetais, fibras, alimentos nutritivos? Essa pessoa pratica alguma atividade física com regularidade superior à três vezes por semana? Essa possui mantém uma vida social satisfatória? Quando já possui filhos, como é a rotina dessa pessoa? Muitas vezes a pessoa necessita de uma mudança brusca em seu estilo de vida, adequar-se à sua realidade é o primeiro passo para conseguir viver seus 30 anos com felicidade e satisfação. Ter uma alimentação saudável não é difícil, o difícil é a pessoa querer colocar em seu prato agrião, acelga, couve, beterrada, cenoura, brócolis, ervilha, tomate, e por aí vai. Na verdade, preparar uma salada é muito mais prático do que fazer uma macarronada! E a atividade física? Nunca tem tempo, pois além de trabalhar tem que cuidar dos filhos... Conhecem o ditado: "se a montanha não vai à Maomé, Maomé vai até a montanha", pois então, alie a atividade física à rotina de seus filhos, leve-os para jogar bola, caminhar, andar de bicicleta, fazer natação juntos, etc. Brincar com seus filhos será uma atividade intensa, acredite! Além disso, ainda estará ensinando seus filhos que atividade física é importante e legal. Sobre o corpo e sobre a carreira profissional, o que se sabe é que 30 é a idade do sucesso! As mulheres possuem atrativos mais fortes por sua maturidade e independência, os homens por sua aparência mais distinta, e profissionalmente é considerado o início do período mais produtivo, cujo auge ocorrerá apenas aos quarenta. Bem, depois disso tudo, quem falar em crise dos 30, por favor: procure um analista!
Crise número 3: derrubada.
Continuando nesse raciocínio, temos agora que falar sobre a crise dos 40 anos de idade. As queixas são parecidas com as dos 30 anos, com a diferença de que dessa vez, o corpo realmente começa a mudar, independente da prática contínua de esportes e hábitos muito saudáveis de vida. As mulheres começam a perceber a força da gravidade em seus corpos, ao passo que a mente, agora mais madura, tem avidez por uma vida plena, algumas na necessidade irracional de se manterem jovens reproduzem comportamentos adolescentes em suas vestes e hábitos (o que fica incongruente e não satisfaz). Isso se reflete de diferentes formas: profissionalmente a mulher está vivendo seu auge de produtividade, fazendo grandes conquistas, sexualmente está mais assertiva e sabe conduzir bem seus desejos e buscar sua satisfação, físicamente demosntra maior refinamento na maneira de se arrumar, no ambito familiar normalmente seus filhos estão mais independentes e exigem menos cuidados intensos, enfim é o momento! Para os homens os efeitos são parecidos, com diferença apenas na àrea sexual, onde começam a ter medo do envelhecimento e com isso exibem uma necessidade constante de afirmação de sua virilidade (nessa fase as relações extraconjugais são mais propensas, normalmente buscam por meninas mais novas que exigirão menos de sua performance e funcionarão coo "troféus"à sua masculinidade, o que acaba virando frutração depois, quando vê que não consegue acompanhar o ritmo da "garota"). Mas existem maneiras mais saudáveis de exibir a virilidade, como a prática de esportes. Resumindo, tanto homens quanto mulheres temem o envelhecimento, mas lembrem-se que é inevitável, faz parte da vida, não é feio, e principalmente - não vai destruir sua capacidade de obter prazer na vida muito menos diminuir sua sexualidade - o prazer a sexualidade permanecem ativas em você por toda a sua vida, e só adormecem se você quiser (principalmente agora que existe o viagra).
Crise número 4: derrubada
Agora vou juntar as demais crises, pois falam de um tema em comum: o envelhecimento, a aposentadoria, a chegada dos netos, bisnetos e a proximação do fim da vida. Aos cinquenta a pessoa começa a apresentar preocupações com a aposentadoria e chegada dos netos - "Meu Deus, agora vou me tornar um vovô à toa", depois vem as preocupações com o envelhecimento e morte que vão perdurar ao longo das próximas décadas. Meus queridos, chegar nessa fase da vida só significa uma coisa: FAZER SÓ O QUE VOCÊ GOSTA! Pensem bem, com a aposentadoria você pode escolher se vai parar de trabalhar e ficar viajando, lendo livros e cuidando de netos, ou se vai se dedicar à uma nova ocupação que pode ser um trabalho que você sempre quis fazer e antes não tinha tempo nem disponibilidade suficientes para isso, pode ser um hobbie, etc... Mas acima de tudo, você poderá fazer o que quiser! Lembrem-se apenas que não precisam ficar em casa lendo jornal e vendo novela enquanto esperam por uma visita, isso com certeza irá deteriorar suas funções cognitivas (e ledo engano quem pensa que isso só acontece com idosos, até jovens adultos se não forem estimulados constantemente apresentam decréscimo). Em relação ao corpo, é hora de desencanar, aceitem as mudanças como expressão da vida rica que tiveram. Suas rugas são marcas dos momentos felizes ao ver uma conquista de um filho, ao chorar a perda de um ente querido, ao comemorar uma conquista pessoal, ao passar noites cuidando de um filho doente, ao se preocupar com o futuro, etc. Além das rugas existem outras mudanças também, mas a disposição e o vigor que se necessita para desfrutar dessa fase é possível obter com a alimentação saudável e a prática de exercícios constantes. Sexualmente também é hora de desfrutar de sua sabedoria e disponibilidade de tempo. Lembrem-se: a sexualidade não está nos órgãos genitas e sim na CABEÇA! O cérebro é o mais importante órgão sexual do ser humano e com a maturidade o sexo pode tornar-se mais ousado, picante e criativo.
Por fim, um tópico mais delicado dessa fase da vida - a chegada do fim... é um tanto mórbido esse tema, mas paira na mente das pessoas trazendo inseguranças, medos, tristeza, apatia... Infelizmente não existe remédio para a morte, somente para a vida. Como dizemos: "a morte é a única certeza que temos na vida" e isso é a partir do momento em que somos concebidos. A cada dia que se passa, temos menos um dia para viver, e não importa se morreremos muito idosos por motivos naturais, se morreremos de alguma doença severa, ou em algum acidente estúpido, a única verdade é que não podemos saber quando iremos morrer, só sabemos que iremos de fato, todos! Isso não é motivo para a pessoa sentir medo, tristeza, ou se cobrir de milhões de cuidados desnecessários. Ao refletir nisso, percebam que a única coisa que podemos fazer é viver! Viver intensamente, aproveitar cada dia como se fosse o último, fazer valer a pena a nossa existência, dar motivos aos nossos queridos para se lembrarem de nós como fonte de alegria, sabedoria, e vivacidade! Para que desperdiçar um único dia se lamentando do fim, enquanto pode aproveitar deliciosamente o que você tem aqui e agora. Mas atenção: viver intensamente não quer dizer viver irresponsavelmente, lembre-se que nossa vida permanece registrada para todos aqueles que amamos, podemos ser motivo de orgulho e exemplo para as próximas gerações.
Demais crises: derrubadas.
A vida é bela, não pensem em crises, pensem em mudanças!

5 de ago. de 2010

A Estratégia ACALME-SE

A ansiedade é uma alteração do estado do humor que faz com as pessoas sintam-se perdendo o controle  sobre a sua capacidade de concentração, persistência, paciência, e muitas vezes pode provocar angústia. A maior dificuldade que uma pessoa com ansiedade enfrenta, é a de não conseguir relaxar, a pessoa permanece tensa, e por mais que se esforce não consegue se livrar dessa tensão. Existem muitas técnicas que podem ajudar a conseguir o relaxamento necessário. Quando é uma tensão ocasional pode-se recorrer à massoterapia, meditações, acunpuntura, medicações ou chás. Mas quando a tensão tem sua origem intrapsíquica e percebe-se que é resistente aos demais recursos, deve-se recorrer ao auxílio de um psicoterapeuta treinado e experiente em realizar relaxamentos.  Uma técnica que as pessoas podem praticar sozinhas, sem o auxílio de um psicoterapeuta é a Estratégia do Acalme-se. Essa técnica pode ser usada em qualquer local, basta que a pessoa aprenda o seu passo a passo.

A chave para lidar com um estado de ansiedade é aceitá-lo totalmente. Permanecer no presente e aceitar sua ansiedade fazem-na desaparecer. Para lidar com sucesso com sua ansiedade, você pode utilizar a estratégia "ACALME-SE" de oito passos. Usando-a você estará apto a aceitar a sua ansiedade até que ela desapareça.

ACALME-SE

Aceite a sua ansiedade. Um dicionário define aceitar como dar "consentimento em receber". Concorde em receber as suas sensações de ansiedade. Mesmo que lhe pareça absurdo no momento, aceite as sensações em seu corpo assim como você acietaria em sua casa um hóspede inesperado e desconhecido ou uma dor incômoda. Substitua seu medo, raiva e rejeição por aceitação. Não lute contra as sensações. Resistindo, você estará prolongando e intensificando o seu desconforto. Ao invés disso, flua com ela.
Contemple as coisas à sua volta. Não fique olhando para dentro de você, observando tudo e cada coisa que sente. Deixe acontecer com o seu corpo o que ele quiser, sem julgamento: nem bom, nem mau. Olhe à sua volta, observando cada detalhe da situação em que você está. Descreva-os minuciosamente para você, como um meio de afastar-se de sua observação interna. Lembre-se: você não é a sua ansiedade. Quanto mais puder separar-se de sua experiência interna e ligar-se nos acontecimentos externos, melhor se sentirá. Esteja com ansiedade, mas não seja ela; seja apenas observador.
Aja com sua ansiedade. Aja como se você não estivesse ansioso, isto é, funcione com suas sensações de ansiedade. Diminua o ritmo, a velocidade com que você faz as suas coisas, mas mantenha-se ativo! Não se desespere, interrompendo tudo para fugir. Se fugir, a sua ansiedade diminuirá, mas o seu medo aumentará, donde na próxima vez será pior. Se você fica onde está – e continuar fazendo as suas coisas – tanto a sua ansiedade quanto o seu medo diminuirão. Continue agindo, bem devagar!
Libere o ar de seus pulmões, bem devagar! Respire bem devagar, calmamente, inspirando pouco ar pelo nariz e expirando longa e suavemente pela boca. Conte até três, devagarinho, na inspiração, outra vez até três prendendo um pouco a respiração e até seis na expiração. Faça o ar ir para o seu abdome, estufando-o ao inspirar e deixando-o contrair-se ao expirar. Não encha os pulmões. Ao exalar, não sopre: apenas deixe o ar sair lentamente pela boca. Procure descobrir o ritmo ideal de sua respiração, nesse estilo e nesse ritmo, e você descobrirá como isso é agradável.
Mantenha os passos anteriores. Repita cada um, passo a passo. Continue a (1) aceitar sua ansiedade; (2) contemplar; (3)agir com ela; (4) respirar calma e suavemente até que ela diminua e atinja um nível confortável. E ela irá, se você continuar repetindo estes quatro passos:aceitar, contemplar, agir e respirar.
Examine seus pensamentos. Talvez você esteja antecipando coisas catastróficas. Você sabe que elas não acontecem. Você já passou por isso muitas vezes e sabe que nunca aconteceu nada do que pensou que aconteceria. Examine o que você está dizendo para si mesmo e reflita racionalmente para ver se o que pensa é verdade ou não: você tem provas sobre o que pensa é verdade? Ha outras maneiras de entender o que lhe está acontecedo? Lembre-se: você está apenas ansioso – isto pode ser desagradável, mas não é perigoso. Você está pensando que está em perigo, mas tem provas reais e definitivas disso?
Sorria, você conseguiu! Você merece todo o seu crédito e todo o seu reconhecimento. Você conseguiu, sozinho e com seus próprios recursos, traquilizar-se e superar esse momento. Não é uma vitória, pois não havia um inimigo, apenas um visitante de hábitos estranhos que você passou a compreender e aceitar melhor. Você agora saberá lidar com visitantes estranhos.
Espere o futuro com aceitação. Livre-se do pensamento mágico de que você terá se livrado definitivamente, para sempre de sua ansiedade. Ela é necessária para você viver e continuar vivo. Em vez de considerar-se livre dela, surpreenda-se como a maneja, como acabou de fazer agora. Esperando a ocorrencia de ansiedade no futuro, você estará em uma boa posição para lidar com ela novamente.

Desejo à todos
BONS PENSAMENTOS E BONS SENTIMENTOS!