30 de nov. de 2010

Já volto!

Desculpem por tantas semanas sem postagens novas, tenho tido muito trabalho e pouco tempo, mas já estou desenvolvendo alguns artigos sobre família e em breve retornarei às postagens!

8 de nov. de 2010

A NOVA FAMÍLIA

Longe dos moldes antigos em que todas as famílias eram iguais: com pai, mãe e filhos vivendo juntos em uma casa, muitas famílias de hoje possuem uma nova configuração, com a inserção de novos papéis, novos agregados, novas divisões de tarefas e novas prioridades. Hoje o divórcio é algo muito comum, portanto mais crianças convivem com madrastas e padrastos, bem como com os "meios-irmãos". Existem filhos cujos pais nunca foram casados, ou mesmo nunca viveram juntos, existem filhos cujos pais são separados mas vivem na mesma casa, e o que mais se vê são filhos cujos pais estão separados e brigam por qualquer motivo. Alguns possuem ainda madrastas, padrastos, "irmãos emprestados" filhos da antiga união dos atuais companheiros de seus pais, "meios irmãos" filhos da atual união de seus pais, pais (ou mães) homossexuais, etc...
A vida mudou, a sociedade e a nossa cultura estão em transformação, mas a nossa habilidade de adaptação está acompanhando tantas mudanças?
A verdade é que tudo fico muito relativo... Nos remetemos ao conceito de "normal e patológico"de Canguilhem, e para não estender em teoria, resumindo é: se as pessoas estão felizes, bem resolvidas e convivem bem consigo mesmas e com o mundo em suas realidades, é sinal de que estão bem adaptadas.
Mas como reconhecer que não estão bem adaptadas?
O maior sinal de problemas e da necessidade de ajuda profissional é o surgimento de conflitos. Conflitos entre ex-conjuges, conflitos dos pais com os filhos, conflitos dos filhos na escola ... No meio desses conflitos desenvolve-se um sofrimento intrapsíquico muito grande das partes envolvidas. Todos querem ser felizes e parar de sofrer, os adultos normalmente conseguem traçar objetivos e buscar o que acreditam que poderá fazê-los felizes. Mas o principal é ter em mente que a prioridade de bem estar, não é a do adulto, mas sim a da criança. Adultos tem suas habilidades e capacidades em lidar com eventos estressantes bem mais desenvolvidas e estruturadas do que uma criança, cujas habilidades, persolnalidade e traços de caráter ainda estão em formação. Por isso é importante que os adultos tenham como prioridade em qualquer conflito, o bem estar das crianças e adolescentes.
Em minha prática profissional tenho observado conflitos que são muito comuns e que se encarados de maneira errada podem causar enormes prejuízos emocionais às crianças e adolescentes. Vou expor adiante algumas dicas:

Nunca entre em discussões ou temas polêmicos que podem elevar os humores se estiver na presença dos filhos, e quando estiver prestes a discutir ao telefone certifique-se que os filhos não estejam por perto.

Não fale com os filhos sobre a divisão patrimonial ou mesmo sobre valores e destinos da pensão alimentícia paga, isso não é assunto deles. O assunto que compete à eles é sobre a visitação, comparecimento às aulas, notas no boletim escolar, comportamento adequado bem como higiene pessoal e saúde.

Não fale nem permita que avós ou tios falem com as crianças de maneira pejorativa ou ofensiva sobre o pai ou mãe que não está ali. Não tente mostrar à criança que ela é filha de uma pessoa má ou feia, isso irá magoá-la e deixá-la sem auto estima alguma.

Não difame e não fale mal do seu ex-parceiro, lembre-se que você pode não amá-lo mais, mas pelo menos zele pela imagem do pai / da mãe de seu filho, pois assim você estará zelando pela felicidade de seu filho.

Não compare comportamentos do seu filho com comportamentos que não gosta em seu ex-conjuge, isso fará com que a criança sinta-se desvalorizada e não amada. Não adianta também comparar e dizer que ama, é a mesma coisa que bater e assoprar. Se for para comparar alguma coisa, que sejam qualidades e elogios.

Não prive seu filho de receber um presente ou de ter um lazer com você, só porque paga a pensão alimentícia (por mais alta que ela seja, lembre-se que é proporcional à sua renda e mesmo assim ainda não faz juz ao padrão que a criança poderia ter se a família estivesse junta).

NUNCA DEIXE DE CONVIVER COM SEU FILHO. Por pior que seja o seu relacionamento com a mãe ou pai que detém a guarda, lembre-se que seu filho sempre precisará muito de você, do seu afeto, do seu carinho, mesmo que seja para ficar em casa vendo TV, brincando, conversando, fazendo tarefas da escola, etc., seu filho só precisa estar junto de você!

NÃO PROÍBA SEU EX CONJUGE DE APRESENTAR OS NOVOS AGREGADOS DA FAMÍLIA. Irmãos novos, futuras madrastas, futuros padrastos e mesmo futuros "irmãos emprestados" fazem parte da vida da criança agora, é saudável para criança poder ver que seus pais estão felizes e reconstruindo suas vidas mesmo que separados. OBS.: é preciso ter bom senso!!! Não é para apresentar ficantes ou frutos de relacionamentos incertos, a criança não pode ser exposta a um grande número de variações pois tira a sensação de constância que a dá segurança. Espere até que o relacionamento seja um pouco mais maduro e que você tenha segurança em apresentar ao seu filho as novas pessoas. Se for possível, permita que seu ex-conjuge também conheça pois assim ele poderá sentir-se mais seguro em permitir que o filho fique com essa nova pessoa.

Se você tiver dúvidas sobre como seu filho está sendo tratado quando está na casa do outro parente, ao invés de acusar e brigar, tente engolir seu orgulho em prol da felicidade do seu filho e aproxime-se mais dessas pessoas e desse ambiente, busque conhecê-las melhor. Caso mesmo assim não consiga sanar suas dúvidas leve seu filho ao médico e ao psicólogo, se constatar algum abuso ou agressão que esteja ocorrendo não tente resolver sem o apoio da justiça, recorra ao advogado, ao defensor público e ao conselheiro tutelar, mas preserve a saúde e o bem estar de seu filho.

Mesmo em casos de abuso ou alienação parental comprovado, impedir totalmente a convivência da criança com seu pai ou sua mãe é uma violência muito grande. Acredito que o mais indicado seria estabelecer visitação supervisionada, com acompanhamento de uma assistente social ou psicóloga definida pelo juiz. Dessa forma a criança estará em condição segura e poderá manter algum convívio com seu pai / mãe.

Lógico que existem mil outras situações que ocorrem no dia a dia, em cada caso novas nuances e situações surgem. Lembrem-se que existem psicólogos prontos a auxiliar e orientar as famílias nesses momentos.