O histórico da depressão é muito importante para
entendermos porque as pessoas desvalorizam tanto esse problema grave. Se engana
quem pensa que a depressão é uma doença da moda, ou uma doença nova, dos tempos
modernos. A depressão atinge a humanidade há milhares de anos. Podemos
encontrar referências à esse transtorno entre os escritos de Hipócrates,
Platão, Shakespeare, Homero, Fairet e até mesmo na Bíblia Sagrada. Na Grécia
Antiga a tristeza profunda acompanhada de afastamento da realidade externa,
sentimentos de culpa exagerados e tendências suicidas, era conhecida por
Melancolia. Hipócrates (um antigo pensador grego) atribuía a causa da depressão
ao acúmulo de bile negra no organismo, e o tratamento consistia em expurgantes,
o que não ajudava nada. Platão descreveu a mania ou a fúria dos poetas como
sendo um estado de excitação. Homero descreveu em Ilíada um herói desfavorecido
pelos deuses que “...vagava sozinho, a alma por dentro a roer e a fugir do
convívio dos homens...”. Na Bíblia Sagrada vemos referências à natureza
depressiva do rei Saul, como também há uma descrição interessante da depressão
no Livro de Jó. Areteo de Capadócia (50 – 130 A.D.) considerou que as síndromes
maníacas e depressivas constituiam um só transtorno, diferenciando apenas
síndromes somáticas (acúmulo de atrabílis) e reativas (mal do amor).
Entretanto, na Idade Média a censura da Igreja ao
pensamento greco-romano fez cessar a busca pelo conhecimento
científico-natural, fazendo surgir então o pensamento mágico religioso. Foi nesse
período que as doenças receberam a conotação de pecado, vício e problema ético-moral.
Sendo assim, todos os doentes psíquicos (inclusive os depressivos) foram
incluídos entre os feiticeiros, possuídos, e ociosos. Essas teses religiosas,
apesar de infundadas influenciam até os dias de hoje o pensamento popular sobre
os distúrbios mentais. Ou seja: grande parte da população acredita que a
depressão possa ser fruto de influência demoníaca, ou ociosidade, e que o
remédio para a depressão seja trabalhar.
Nos últimos anos a “DEPRESSÃO” popularizou-se ainda
mais, tanto por ser um transtorno psiquiátrico importante, que teve grandes
avanços científicos e tecnológicos de diagnóstico e tratamento, quanto pela
gravidade e abrangência epidemiológica, pois hoje ela atinge cerca de 20% da
população mundial e pode levar a pessoa a cometer suicídio.
Existem muitos preconceitos e informações inverídicas
que sustentam um comportamento populacional inadequado. É preciso ler,
entender, conhecer a Depressão, pois certamente em algum momento da vida todos
irão conviver com ela, seja sofrendo pelo transtorno, seja convivendo com
alguém que sofre.
Confira a próxima postagem em que explicarei um pouco sobre
como a depressão age no cérebro, corpo e comportamento das pessoas.
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