Essa semana, ao participar de um chá de panela surpresa fizemos uma brincadeira muito interessante: escrever conselhos para o casal que logo estará se unindo. Esse momento de brincadeira me fez lembrar do percurso de 15 anos em que estou casada com o Alexandre, e dos conselhos que já recebemos: daqueles que realmente fizeram diferença, daqueles que foram inúteis ou até mesmo prejudiciais. Nem todos os conselhos que recebemos são bons para nós, mas precisamos sempre ter em mente que quem os emite, o faz por carinho, consideração, e por acreditar que pode ajudar (seja por ter sido útil em sua própria vida, vindo de algum arrependimento ou mágoa vivida, ou por acreditar que pode ser bom). Em muitos casos um excelente conselho para um determinado casal, pode ser inadequado para outro, e por quê isso acontece? Simples: porque somos todos diferentes, únicos, e formamos relacionamentos muito específicos, com necessidades muito particulares.
Conselhos muito comuns para casais: "nunca durmam em camas separadas", "não vão para a cama brigados", "use lingeries sexy", "abra a porta para ela", "sempre se despeçam com um beijo", "não usem palavras duras um com o outro", "façam tudo juntos", "sempre dê razão para sua esposa, mesmo que ela esteja errada", "viagens são boas para o casal superar problemas", "filhos fortalecem o casamento", "faça um jantar romântico surpresa", "mantenham contas conjuntas", "não more tão longe que venham de malas, e nem tão perto que venham de chinelos" (sobre parentes), etc... Aparentemente todos são conselhos bons, mas dependem muito da situação e das pessoas envolvidas, bem como das preferências e sentimentos delas. Muitos desses conselhos podem gerar ainda mais frustração dependendo da situação, como o de usar lingeries sexy - a mulher pode investir tempo, dinheiro e expectativas nesse conselho, e ficar desapontada ao vestir um conjunto especial para agradar ao marido, mas no entanto encontrar um marido frio e distante (por diversos motivos que não tem nada a ver com a lingerie, que pode nem ter sido notada). Viagens são ótimas, e ajudam muito a criar lembranças boas para o casal, mas não são mágicas o suficiente para fazer os problemas de relacionamento se resolverem. Ter filhos é com certeza uma bênção, mas não é responsabilidade das crianças manter um casal unido, aliás, está mais que provado que crianças não possuem esse poder mágico. Nesse momento você já deve estar questionando: "então não devo ouvir conselhos de ninguém?", "para que as pessoas dão esses conselhos se são furados?", "mas alguns desses conselhos eu já usei (ou uso) e funcionam bem para mim!" - lembre que esses conselhos são fruto de experiência e carinho que as pessoas tem por você! Ouça-os com atenção, teste se estiver confortável com isso e veja na prática os que funcionam, como funcionam e quando funcionam para você.
Existe, no entanto, um conselho em particular que gosto de compartilhar, mas que não é tão simples, e nem tão complicado: A parte mais importante num relacionamento é a comunicação, com uma boa comunicação um casamento perdura e prospera, mas quando a comunicação não é valorizada o suficiente, os silêncios e mal entendidos envenenam e apodrecem o relacionamento.
Muitas pessoas se queixam que "o amor acabou", mas quando pergunto sobre o que é o amor para elas, costumam sempre definir como um sentimento, algo abstrato como o bem querer, carinho, desejo, etc. Esses sentimentos não são a essência do amor, eles são frutos da construção do amor. Mas o que é o amor então? Não se trata de um sentimento como gostar simplesmente, até mesmo porque gostamos de muitas coisas, mas não as amamos apenas porque gostamos delas. O amor é um constructo complexo, fruto de um conhecimento profundo sobre o outro, que desperta admiração, respeito, carinho e todos os outros sentimentos relacionados ao que chamamos de amor. Quando estamos namorando, nós nos dedicamos profundamente a conhecer o outro, saber tudo sobre a vida e a mente da outra pessoa, na mesma medida em que nos abrimos e compartilhamos tudo de nós mesmos com essa pessoa. No entanto com o tempo, a convivência pode ir mudando, e os casais começam a se afastar, não mais compartilhando seus pensamentos, sentimentos e experiências na mesma intensidade - seja pelas obrigações e cansaço do dia a dia, ou pelo fruto de desentendimentos mal resolvidos que vão se acumulando. Com esse distanciamento acontecendo gradativamente, um casal que antes se conhecia profundamente começa a não ser mais capaz de reconhecer a pessoa amada em seu parceiro, e com isso começam a ter a sensação de que "o amor esfriou", ou mesmo que "o amor acabou". Já ouvi até mesmo pessoas dizendo que "é normal a vida sexual esfriar no casamento", e que as pessoas precisam "se conformar" com isso. O que acontece é que o distanciamento afetivo impacta diretamente em todas as áreas do relacionamento: sexo, respeito, carinho, cumplicidade, tudo! E diferentemente do que se ouve por aí, de que isso é "normal", o que posso dizer é que NÃO! Não é preciso se conformar com isso, ou acreditar que todos os relacionamentos estão fadados a isso, muito menos começar a pensar em desistir do relacionamento atual para ir buscar satisfação em algo novo - é possível resgatar o amor entre um casal, e a principal ferramenta não é o sexo, não é uma viagem, nem bebês. O principal recurso para resgatar, e manter o amor entre um casal é a comunicação! Tão simples né, mas também tão complicado, como se houvessem muros e barreiras entre pessoas que antes eram livros abertos um para o outro. Complicado sim, mas não impossível! Por isso vou compartilhar o conselho que escrevi no chá de panela:
Valorizem a comunicação no casamento, uma boa comunicação fará com que prosperem e envelheçam unidos, mas uma má comunicação provocará silêncios e mal entendidos que irão envenenar e corroer o relacionamento de vocês.
Lembrem de evitar supor que já sabem tudo um sobre o outro, e procurem sempre ouvir antes de falar. Casamento não é um tribunal de justiça onde se julga quem está certo ou errado, muito menos um ringue de lutas onde um sairá vencedor - quando casais brigam o resultado sempre será o mesmo: os dois perdem, de uma forma ou de outra. Portanto todos os dias escolham ser felizes ao invés de ter a razão (não dá para ter os dois, sinto muito), e escolham com muita sabedoria suas disputas, pensem profundamente se realmente vale a pena se indispor por algo, ao invés de procurar uma abordagem mais comunicativa, com ambos cedendo em algo.
Conversem muito, sempre, sobre tudo! Falem sobre como se sentem, pois esconder sentimentos e pensamentos para poupar a outra pessoa de um sofrimento não é expressão de amor, é subestimar a capacidade da outra pessoa em te compreender. Escute seu parceiro sem julgamento, pois julgamentos costumam ser a porta de entrada dos silêncios e mal entendidos, e sempre leve os sentimentos de seu parceiro em consideração.
Brigas e desentendimentos vão acontecer, principalmente nos primeiros anos de casamento, espere por elas com aceitação, valorizando o aprendizado e crescimento que poderão ter com isso ao longo da vida juntos. Saibam que todas as brigas podem ser resolvidas, mas sem pressa, quando os ânimos se acalmarem, ambos pensarem melhor no assunto, e conversarem com sinceridade sobre o assunto. Muitas vezes podem ser necessárias várias conversas, pois cada um vai absorvendo as novas informações e analisando a situação a seu tempo, apressar o processo, ou esquecer porque é difícil não ajuda nenhum dos dois.
Como todo conselho: analise como se sente quanto a isso, experimente com cuidado e aos poucos vá vendo como funciona para o seu caso. Caso o seu relacionamento esteja com muitas dificuldades, você pode sentir que a sua vida sexual está insatisfatória, que os sentimentos entre vocês está esfriando, pode sentir que está falando mas a outra pessoa não te escuta, ou talvez você até já tenha desistido de falar há algum tempo, busque a ajuda de uma profissional da psicologia para te auxiliar nesse processo. Existem muitas técnicas voltadas à casais para melhorar a capacidade de comunicação, a expressão de sentimentos, o desenvolvimento de habilidades de solução de problemas, o desenvolvimento de uma sexualidade plena para ambos, entre diversas outras questões que podem melhorar no seu relacionamento com uma ajuda profissional adequada.
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