17 de jan. de 2017

Pânico

Há algum tempo Rafa estava no cinema quando teve a sua primeira crise, em que sentiu um enorme desconforto, aceleração dos batimentos cardíacos, tremores, dor no peito, falta de ar e enjoo. Nesse dia sentiu que poderia morrer e acreditou estar tendo um infarto e que precisava sair dali e ir para o hospital imediatamente. No hospital após ter realizado os exames, foi constatado que sua saúde estava em boas condições, não havendo explicação física para o quadro sintomático relatado. Depois desse dia começou a ter repetidas crises, em diferentes lugares e situações, a principio sem qualquer motivo. As crises normalmente incluíam aceleração dos batimentos cardíacos, falta de ar, tontura e tremores. Em todas as vezes Rafa acreditava que poderia morrer ou enlouquecer, pois seus sentimentos eram bem intensos, entretanto os exames não encontravam nenhum problema físico em corpo. Após cada crise  o medo de ter novas crises só aumentava, fazendo com que Rafa se afastasse de seu convívio social, evitasse lugares públicos por medo de se envergonhar tendo uma crise na frente das pessoas, ao mesmo tempo evitando estar sem companhia por medo de ter uma crise sem ter ninguém para lhe socorrer. A vida de Rafa se resumia a tentar evitar uma nova crise, mesmo sem conseguir.
Rafa é apenas uma personagem imaginária, mas existem muitas outras pessoas que podem estar passando por uma situação bem parecida, sem conseguir compreender o que acontece consigo. O que acontece com nossa personagem fictícia é conhecido como "ataque de pânico", que quando ocorre diversas vezes podemos chamar de transtorno do pânico. Esses episódios são tão intensos que a pessoa começa a sentir medo que se repitam, e para evitar isso tomam diversas medidas como não ficar sozinha, evitar determinados lugares e situações. Com todas as medidas para evitar um novo ataque, a pessoa começa ter graves prejuízos na vida social, familiar, profissional e até amorosa. Entretanto, apesar das muitas restrições que a pessoa pode se impor, as crises sempre acontecem novamente, muitas vezes. Mediante essa situação as pessoas normalmente  iniciam uma peregrinação entre emergências de hospital e médicos especialistas de outras áreas, até que o paciente finalmente chegue a um consultório de terapia cognitivo comportamental e receba a informação de que na verdade o seu problema é conhecido e comum, se chama Transtorno do Pânico e tem tratamento.
A perturbação gerada envolve repentinas crises, que tendem a se tornar mais fortes a cada episódio. Cada ataque de pânico desencadeia reações como aceleração dos batimentos cardíacos, sensação de falta de ar, tremores, transpiração excessiva, tonteiras, vertigens, sensação de desmaio, náusea, pernas bambas, formigamentos. Além dessas sensações, durante as crises a pessoa tem a mente inundada com pensamentos muito intensos de que pode estar tendo um ataque cardíaco, que pode vir a morrer ou enlouquecer devido esse ataque. Esses episódios são realmente intensos e podem chegar a ser incapacitantes, o que explica o motivo da pessoa tentar de todas as formas não passar por isso novamente. No entanto, quanto mais a pessoa se esquiva de possíveis situações causadoras do problema, mais prejudicada a vida funcional dessa pessoa fica, e como consequência novas crises, mais intensas e mais frequentes surgem.
O transtorno do pânico é um entre tantos outros problemas relacionados aos transtornos do humor ansioso, que pode melhorar e a pessoa reaver seu equilíbrio e saúde mental através do tratamento adequado.
Atualmente o tratamento para pânico envolve acompanhamento medicamentoso com médico psiquiatra, e acompanhamento psicoterapêutico com psicólogo.
O tratamento medicamentoso irá auxiliar na redução dos sintomas físicos como aceleração cardíaca, dificuldades com a respiração, etc, permitindo que  a pessoa experimente o alívio das crises. É muito importante reforçar que as medicações irão suavizar os sintomas, mas que não são suficientes para lidar e superar o transtorno do panico ao ponto de não precisar mais de tratamento. Para isso acontecer é preciso o tratamento combinado de medicamentos com psicoterapia.
A psicoterapia já é um processo  bem diferente, e depende muito da afinidade do paciente com o terapeuta, bem como do engajamento do paciente em seu tratamento. Muitas pesquisas indicam que a abordagem terapêutica cognitivo comportamental apresenta maior eficiência em menor espaço de tempo. É uma indicação de modalidade terapêutica, que tem sido muito divulgada e sugerida, entretanto é importante ressaltar que todas os processos terapêuticos são benéficos, desde que haja engajamento do paciente.
Para superar o pânico é importante que a pessoa busque o tratamento com profissionais com quem se sinta segura e confortável, e que mantenha o tratamento conforme a orientação dos profissionais escolhidos.

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