Leon Tolstói descreve o
seu período depressivo da seguinte maneira:
“ Minha vida teve uma parada súbita. Eu era capaz de respirar, comer,
beber, dormir. Não podia, na verdade, deixar de fazer isso, mas não havia vida
real em mim”.
O transtorno depressivo
vem sendo estudado há muito tempo, e apesar de ter suas causas desconhecidas,
considera-se que seja uma interação dinâmica entre fatores biológicos,
genéticos e psicossociais. Dentre os fatores biológicos a ciência realizou
descobertas impressionantes, que possibilitam explicar, ao menos parcialmente,
as causas da depressão.
Esses fatores
biológicos podem ser divididos em:
*DESREGULAGEM DOS
NEUROTRANSMISSORES:
Há uma alteração na produção e funcionamento de substâncias
importantes ao funcionamento cerebral, como a noradrenalina, a seretonina, a
dopamina, a endorfina, a acetilcolina, e a vasopressina.
*DESREGULAGEM
NEUROENDÓCRINA:
Há alteração na produção de hormônios importantes ao
funcionamento mental e corporal, podendo haver alterações do eixo adrenal, da
tireóide e do hormônio do crescimento. Pode ainda haver a diminuição da secreção
noturna de melatonina, liberação diminuída de prolactina, níveis basais
diminuídos do hormônio folículo-estimulante e hormônio luteinizante, bem como a
redução dos níveis de testosterona nos homens.
Todas essas descobertas
sobre a depressão demonstram que ela deprime o funcionamento cerebral,
alterando funções básicas de sobrevivência como a sede, a fome, o sono e o
sistema imunológico.
Entretanto, mesmo
diante tanto conhecimento já alcançado, a depressão ainda não pode ser
diagnosticada através de exames de sangue, urina, ou de imagem cerebral. Todos
esses exames são solicitados pelos médicos, com a finalidade de descartar
outras doenças que poderiam estar simulando os mesmos sintomas da depressão. O
diagnóstico do transtorno depressivo é essencialmente baseado na observação
clínica dos sintomas.
Então vamos aos
sintomas!
Muitas pessoas
acreditam que depressão é sinônimo de tristeza, mas não é. O humor deprimido
(ou o sentimento de tristeza) pode estar até ausente, pois caso a pessoa esteja
experimentando uma redução importante na sua capacidade de interessar pelas
coisas, ou mesmo de sentir prazer, já podemos considerar a depressão.
Os principais sintomas
são o Humor deprimido, (que nas crianças pode ser visto como humor irritável),
e a redução da capacidade de se interessar pelas coisas ou sentir prazer (são
comuns relatos das pessoas deixarem até de sentir o sabor da comida).
Os demais sintomas
envolvem alteração de peso sem dieta, dificuldades com o sono (a pessoa pode
ficar com insônia, ou ter a necessidade de sono aumentada), agitação, retardo
psicomotor, fadiga, perda de energia, sentimento
de inutilidade, sentimento de culpa excessiva e inapropriada, capacidade de
concentração e memória reduzidas, pensamentos recorrentes sobre a morte,
insatisfação com a própria vida, tendência a se afastar das pessoas.
A depressão pode
ocorrer em um único episódio, ou ter recorrentes episódios ao longo da vida,
apresentando intensidades diferentes, e normalmente cada vez mais graves. Estágios
mais avançados desse transtorno podem levar a pessoa a desenvolver sintomas
psicóticos e até a catatonia (estado em que a pessoa permanece imóvel). Pessoas
que sofrem de depressão profunda relatam sentir uma dor emocional muito
intensa. É muito comum que diante a melhora dos sintomas mais intensos, os
pacientes cometam suicídio, e é por esse motivo que podemos dizer que a
depressão mata. Alguns pacientes que chegaram a tentar suicídio, mas
conseguiram ser salvos, relatam que fizeram esse ato de desespero pelo medo de
voltar a sentir o que vivenciaram durante a fase mais intensa dos seus
episódios depressivos.
É importante ressaltar
que a pessoa não precisa apresentar todos os sintomas para ter a depressão, e
caso apresente qualquer dos três sintomas que foram mencionados, por mais que
duas semanas, é importante que procure ajuda profissional para fazer um
diagnóstico mais exato, e começar com o tratamento o quanto antes possível, a
fim de ter uma perspectiva melhor de não vir a sofrer com os sintomas mais
graves da depressão no futuro.
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