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30 de jan. de 2013

Consumismo, Shopaholics, Compradores Compulsivos, Síndrome de Sushma...

Vivemos em uma sociedade de consumo, onde expressamos nossa identidade e estilo de vida através dos bens que consumimos. Um antigo vídeo de treinamento para atendentes de lavanderia já dizia que "a roupa é muito importante afetivamente para seu dono, pois representa parte de sua identidade". Esse vídeo já expressava um conceito que em pouco tempo se tornou mais abrangente e arraigado em nossa cultura, o conceito de consumo. O consumo hoje não é apenas para a subsistência, tornou-se um determinador de personalidades e estilos de vida. Não somente as roupas e sapatos, mas também carros, casa, decoração, lugares que se freqüenta e serviços que utiliza, também entram no rol de consumo dos dias de hoje. Hoje o que é considerado consumo necessário vai muito além da subsistência, não se diferencia apenas por classes sociais, mas também por ideologias, estilos de vida, formas de expressar-se. Com toda essa extensão que ganhou o conceito de consumo, a linha que separa o consumidor saudável do shopaholic tornou-se bem mais tênue.
O padrão patológico de comprar foi descrito em literatura de saúde há mais de um século, por Kraeplin e Bleuler. Oniomania, shopaholic, comprador compulsivo, síndrome de sushma, entre outros nomes, trata-se de um transtorno mental do espectro obsessivo compulsivo, que provoca desordem do humor e alteração dos padrões de comportamento. Pode associar-se a outros transtornos ainda, como a depressão, o roubo patológico, a paranóia, podendo levar a pessoa ao suicídio. Isso sem contar uma série de outros problemas que esse transtorno traz, como o endividamento, a perda de crédito, falência, roubos, desfalques, destruição dos relacionamentos amorosos e familiares, etc.
O comportamento patológico é caracterizado por:
*Excessiva preocupação em comprar
*Aflição ou prejuízo como resultado da atividade
*O comportamento de comprar demais não está limitado a episódios de mania/hipomania.

A compra inicialmente proporciona a sensação de ser especial e reduz a sensação de solidão, entretanto logo em seguida a pessoa experimenta sentimentos de decepção e culpa, que acabam desencadeando outro episódio de compra. Outros sentimentos também estão associados, como raiva, estresse, vergonha, etc. Em muitos casos a pessoa chega a ter medo e/ou vergonha de assumir que fez a compra, esse sentimento pode assumir uma intensidade tal, que logo após a compra, a pessoa destrói o item afim de esconder dos familiares e amigos o que fez. O preço desses comportamentos é o fim da saúde mental, financeira e emocional.
Há ainda um outro fator muito importante a ser abordado: crianças que crescem em um lar onde ao menos um dos pais é um shopaholic. Essas crianças crescem com baixa auto-estima por não serem valorizados enquanto seres humanos, indivíduos. Ficam muito sozinhas pois o relacionamento parental, que deveria ser a referência de desenvolvimento, é subvertido pelos bens proporcionados de conforto, brinquedos e comida. Além do sentimento de solidão e baixa auto-estima, essas crianças aprendem padrões de relacionamento distorcidos, orientados para as coisas e não para as pessoas.
É necessário que o comprador compulsivo procure a ajuda de um psicólogo, realize o tratamento psicoterapêutico e médico, que envolverá consultas semanais de psicoterapia, e mensais e/ou quinzenais com o médico. Somente assim a pessoa será capaz de restabelecer seu equilíbrio financeiro, pessoal e familiar, resgatando os relacionamentos e a saúde perdida.