21 de jul. de 2010

PSICOTERAPIA: Quem precisa fazer?

É comum ouvirmos: "Fazer terapia é para malucos, como não sou louco não preciso disso!". Será que essa afirmativa é verdadeira? As pessoas normalmente dizem isso quando desconhecem o que é terapia, ou quando querem evitar confrontar seus próprios problemas.



A OMS define a saúde como "bem estar bio-psico-social", ou seja, a saúde não é apenas a ausência de doenças somáticas (no corpo), mas a expressão do bem estar integral na vida das pessoas, incluindo o seu funcionamento emocional, cognitivo, social, familiar e profissional.

A psicologia é um campo científico que atua em diversos segmentos (esporte, trânsito, jurídica, hospitalar, recursos humanos, etc), sendo que a clínica é uma modalidade de tratamento da saúde mental. O psicólogo clínico é um estudioso da mente humana, que está habilitado a avaliar e tratar as perturbações e transtornos da mente do homem (em todas as esferas da vida: social, familiar, profissional, comportamental, emotiva, cognitiva, etc.), sendo assim, sua atuação está ligada ao tratamento e à avaliação dos transtornos do humor (depressão, ansiedade, humor bipolar, transtorno obsessivo-compulsivo), dos transtornos de personalidade (paranóide, esquizóide, esquizoafetivo, boderline, hebefrênico, etc...), dos transtornos do comportamento (desafiador opositivo, transtorno de conduta, sociopatia, etc.), dos transtornos de aprendizagem (hiperatividade, desatenção, etc.), e de diversas perturbações da saúde mental.



As pessoas nem sempre conseguem reconhecer que apresentam sintomas de uma determinada classificação psicopatológica, e por isso não conseguem perceber seu sofrimento e sua dor como algo que possa ser tratado por um psicólogo. Mas todos são capazes de perceber que tem dificuldades, as quais não conseguem superar sozinhos, por mais que se esforcem para isso.
Uma pessoa que está sofrendo com Transtorno de Ansiedade não consegue nomear seu sofrimento dessa maneira, mas é capaz de perceber que tem tido algumas dificuldades em seu funcionamento cotidiano, que tem o prejudicado em alguma àrea de sua vida, seja ela familiar, social, profissional, afetiva, comportamental ou cognitiva.
Para uma pessoa saber quando necessita da ajuda de um psicólogo, precisa analisar como tem se relacionado com o mundo, com as pessoas, e consigo mesma. Se em alguma dessas àreas, acredita estar tendo um desempenho insatisfatório, e que apesar de se esforçar não consegue promover melhoria real, então este é o ponto onde sua saúde mental começa a se abalar. Esse mal estar psíquico tende a crescer com o tempo, e começa a tomar outras partes de sua vida que antes não incomodava. Dessa maneira, o problema que inicialmente se tratava de um transtorno leve, transforma-se em um complexo de proporções graves. Um transtorno mental grave não surge da noite para o dia, mas é construído através de um aprendizado disfuncional do cérebro ao longo de anos de negligência da pessoa com sua saúde e bem estar mental.
Uma pessoa é capaz de perceber se está sempre preocupada, se não consegue relaxar, se enquanto todos conseguem lidar com as expectativas do dia a dia ela é incapazes de dormir ou se concentrar em outras coisas, por vezes sente falta de ar, palpitações, experimenta sudorese (suor em excesso), fica ruborizada, tem prisão de ventre, sofre de disfunção erétil, apresenta baixa auto-estima, ciúmes excessivo, tristeza prologada sem motivo suficiente que explique tal condição, experimenta desmotivação, perde a capacidade de sentir prazer, concentrar, apresenta dificuldades com a memória, tem tido muitas dificuldades em conviver bem com sua família, tem tido problemas com o cônjuge, dificuldades em lidar com os filhos, sente-se profundamente insatisfeita consigo mesma, é incapaz de dizer não às pessoas, não consegue economizar, come para preencher um vazio emocional, não tem controle sobre seu comportamento sexual, trabalha compulsivamente, joga compulsivamente, etc... Todas essas coisas, apesar de parecerem simples, são sinais de que a saúde psíquica está em apuros. A mente humana é como um iceberg, o que podemos perceber é apenas sua pequena ponta. A pessoa deve alertar-se quando algo a incomoda ou incomoda a todos à sua volta, não é preciso esperar apresentar dois, cinco ou dez problemas e perceberem suas vidas como um problema sem solução. Ao perceber que algo em sua vida não vai bem, a pessoa precisa tentar superar com seus intrumentos psíquicos adquiridos ao longo da vida, se o problema não for solucionado em menos de dois meses, então é o momento de buscar a ajuda de um psicólogo. Entretanto, quando a pessoa vai ao médico e este encaminha para o serviço de psicologia, é porque o momento de tentar com seus próprios recursos já passou, e a ajuda profissional é imprescindível.

16 de jul. de 2010

Beleza & Bem-Estar

Nossa vida é permeada por conceitos de como devemos nos relacionar com as diversas áreas da vida. Temos conceitos sobre o trabalho, sobre a família, sobre o amor, sobre a beleza e sobre muitas outras coisas. Por vivermos na era da informação e interactividade, somos influenciados pelos conceitos oferecidos pela mídia o tempo todo, e portanto, muitos das nossas crenças sobre a beleza são moldadas pelo que vemos na TV, nas revistas, no cinema e nas propagandas. Entretanto, nem sempre esse modelo de beleza oferecido é o ideal para a maioria das pessoas, afinal de contas, a beleza não está presa num padrão pré-estabelecido, mas encontra-se em diversas coisas que se harmonizam e trazem bem-estar à vida.
Todos possuímos coisas belas em nós mesmos, mas precisamos prestar atenção para podermos dar o devido valor à essa beleza.

Conscientize-se de seu corpo, da estrutura de seu organismo, e respeite-a! (Você não precisa seguir um determinado padrão de peso para ser bonita, a estrutura de seu corpo sendo bem valorizada será uma beleza muito mais autêntica).
Procure desenvolver atividades físicas que lhe sejam agradáveis. (O exercício físico promove sensação de bem estar e ajuda o seu corpo a se manter saudável. Não gostar de uma atividade ou de outra é comum, o importante é continuar procurado alguma que lhe seja agradável).
Procure desenvolver atividades sociais desejáveis, respeite sua imagem. Evite situações degradantes, elas com certeza farão mal ao seu corpo e à sua mente.
Evite excessos, eles sempre suprimem uma parte importante de sua vida.
Evite regimes e dietas pois, no final, eles acabam fazendo o efeito inverso no seu corpo. Ao invés disto, invista numa mudança de hábitos e faça uma reeducação alimentar.
Passe mais tempo com você mesmo, se olhe no espelho, cuide de seu corpo com amor, sem agredi-lo ou negligenciá-lo.
Conscientize-se de seu estilo de vida, busque formas confortáveis de vivenciar seu dia a dia e harmonize suas roupas e sapatos conforme o seu padrão de beleza. (Evite roupas e sapatos apertados ou incômodos).
Não ceda aos padrões de "belo e feio", lembre-se que cada pessoa é bela, na sua forma particular e natural, em cada parte de seu corpo, mesmo que ainda não tenha aprendido isso.
A vida é como um espelho, recebemos de volta tudo aquilo que projetamos, por isso, dedique-se a encontrar a beleza das pessoas e do mundo ao seu redor.





Valorize as coisas belas da sua vida!
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11 de jul. de 2010

Avaliação Neuropsicológica

A testagem neuropsicológica é um instrumento de investigação e avaliação diagnóstica da psicologia, desenvolvida por procedimentos científicos em pesquisas ao redor dos países da Europa e dos Estados Unidos desde a década de 50. Atualmente pesquisadores brasileiros tem trabalhado na tradução e validação desses intrumentos para que possamos utilizar esses instrumentos também no Brasil.
Os objetivos dessa avaliação são muito variados, desde o diagnóstico de quadros demênciais, lesões cerebrais (por acidentes, cirurgias e AVC), e distúrbios da aprendizagem e memória, retardo mental, avaliação de crianças superdotadas, até mesmo a determinação da Idade Mental, fatores de mútiplos QIs (quoeficientes de inteligência), e avaliação das capacidades mentais.

Essa avaliação mensura as qualidades e capacidades cognitivas das pessoas, como a memória, o aprendizado, a concentração, o desempenho do raciocínio verbal, a capacidade de plasticidade cognitiva da pessoa, o nível de funcionamento das funções executivas cerebrais, a capacidade de concentração, entre outras funções intelectivas referentes ao funcionamento cerebral da pessoa. Esses dados são obtidos e tratados de forma objetiva, focados apenas no desempenho cognitivo, pois não se trata de uma avaliação psicológica, a qual avalia o perfil da personalidade, do estado do humor e da existência de psicopatologias da personalidade. São avaliaçoes distintas em técnicas, instrumentos e tratamento de dados. realizadas de maneira independente.
Em alguns casos, após a conclusão da avaliação neurosicológica, pode ser necessária uma avaliação psicológica por se concluir que a queixa não advém de problemas cognitivos, mas esta é uma necessidade que deve ser observada pelo examinador ao receber a queixa/motivo inicial da busca por ajuda.
Essa testagem é composta por uma bateria de testes longa e exaustiva, e o tempo de duração varia muito conforme as condições mentais do examinado. É por esse motivo que se faz necessário ser aplicado por um psicólogo competente, que observará as condições de cada paciente, sabendo adequar as condições para que não se torne um exame muito cansativo. Nessa avaliação é importante o paciente saber que os testes são difíceis e longos, e que por isso faz-se necesário que seja marcado no horário do dia em que a pessoa sente-se melhor.

No Brasil temos disponível para uso em avaliações neuropsicológicas poucos intrumentos validados, mas todos são testes confiáveis! Os mais usados são: escalas Wechsler (WISC-III e WAIS-III), o teste de cartas Winsconsin (WSCT), o Escala de Maturidade Mental Colúmbia, a Escala TDAH, a bateria de testes BPR-5 e a BPN, o teste das Figuras Complexas de Rey (anda em fase de pesquisas). Esses testes são escolhidos pelo avaliador conforme as caracteríscticas cognitivas a serem avaliadas em cada pessoa.
O laudo bem confeccionado indicará um diagnóstico adequado, auxiliando o médico (neurologista, geriatra, pediatra, etc) a tomar decisões sobre qual o melhor tratamento que deve ser oferecido ao paciente. Também auxilia aos educadores, em casos de crianças especiais, a saberem qual o melhor caminho na estimulação das crianças.
Um tratamento adequado às necessidades de cada paciente, é essencial tanto para o prolongamento da vida funcional quanto para a saúde, o bem estar e a qualidade de vida das pessoas!

7 de jul. de 2010

Depressão na Infância e Adolescência



Por que cada vez tem crescido mais o número de crianças e adolescentes com sintomas de depressão? Sempre existiu esse sintoma de depressão nessa faixa e antes não era diagnosticado ou é devido o estilo de vida atual? E como diagnosticar já que para as crianças pode parecer algum tipo de birra ou timidez e nos adolescentes os pais acreditam que possa ser transição de idade. E quanto a casos mais graves onde muitos tentam suicídio? Como detectar antes que isso aconteça?
A depressão é um transtorno do humor grave e observamos que tem se tornado cada vez mais freqüente entre as pessoas nos dias de hoje, atingindo inclusive crianças e adolescentes. Os preconceitos e a desinformação sobre esse transtorno faz com que as pessoas demorem muito a buscar ajuda profissional, o que pode acarretar no desenvolvimento de co-morbidades mais graves, tornando o tratamento mais intenso e demorado, além de prejudicar também o desenvolvimento psicossocial quando em jovens.
Para entender um transtorno do humor é necessário entender a capacidade humana de reagir aos eventos vivenciados. A todo o momento temos reações que podem ser físicas (calor, frio, dor, etc.) e psíquicas (tristeza, alegria, ansiedade, etc.), normalmente ambas ocorrem simultaneamente, essas reações são adaptativas e fundamentais à sobrevivência humana. Quando o humor é normal, a capacidade de interpretar e reagir adequadamente aos estímulos ambientais está preservada. Assim a pessoa é capaz de compreender se o ambiente lhe é favorável ou adverso, planejando suas estratégias de resposta. Nos transtornos do humor, essa capacidade está comprometida e a pessoa interpreta o ambiente de forma distorcida (no caso da depressão de forma extremamente pessimista).
Não podemos confundir depressão com tristeza. É muito comum ouvirmos uma pessoa que está triste dizer que está se sentindo “deprimida”. A tristeza é um sentimento humano normal, uma forma de reagir à frustração, decepção, perda e fracasso. A tristeza normal não atrapalha a capacidade de uma pessoa em raciocinar, desempenhar suas atividades normais ou de reagir favoravelmente a uma notícia boa. Normalmente a tristeza diminui com o tempo. Ficamos tristes quando perdemos alguém que amamos, quando perdemos um emprego que gostávamos, quando estamos brigados com pessoas que gostamos... Mas essa tristeza é normalmente superada.
A depressão não deveria ser confundida com a tristeza como normalmente se faz. Depressão possui sintomas físicos e psíquicos bem claros e intensos, que ocorrem sem um fator ambiental desencadeante, ou de forma desproporcional e anormalmente duradoura a um evento estressor (um conjunto de reações físicas e emocionais negativas e persistentes sem motivo aparente). Além disso, nem sempre a pessoa com depressão percebe-se como estando triste. Os sintomas que envolvem a depressão são variados, cada pessoa apresenta um conjunto diferente de sintomas e a tristeza é apenas um sintoma entre tantos outros que podem ocorrer. Outros sintomas possíveis são: perda da capacidade de sentir prazer e se divertir com as coisas que normalmente a pessoa gostava de fazer, perda da disposição (a pessoa sente-se cansada e sem ânimo para nada na maior parte do tempo), o desejo por isolar-se ou evitar a companhia das pessoas, o humor irritado, o pessimismo constante bem como a baixa auto-estima (visão negativa de si mesmo, sentindo-se não merecedor do amor e da atenção das pessoas), a alteração do apetite, distúrbios do sono, dificuldades de concentração entre outros sintomas possíveis. Caso a pessoa apresente pelo menos quatro desses sintomas por um período superior a duas semanas, deve procurar a ajuda de um especialista para realizar um diagnóstico adequado. Já a tristeza tem duração limitada e melhora com o tempo, é facilmente compreensível, por ocorrer em resposta a uma situação claramente identificada. Um episódio de depressão pode durar meses, anos ou até a vida inteira, por vezes atinge pessoas sem problemas, em alguns casos até em situação invejável.
Muitos casos de depressão grave entre jovens adultos são o resultado de uma depressão ignorada durante a infância, até mesmo porque os pais não imaginam que seus filhos podem estar deprimidos, normalmente atribuem o comportamento dos filhos à timidez, fase de idade, etc. Parte disso deve-se à cultura de que se os filhos estão infelizes a culpa é dos pais, e quem quer declarar que faz seus filhos infelizes? Também se imagina que a infância é um período doce e maravilhoso, sem problemas e sem qualquer sofrimento, que, portanto as crianças são imunes a certas doenças (principalmente as psiquiátricas). Mas a realidade não é bem essa, não existem “culpados” e muito menos as crianças são naturalmente imunes às doenças psiquiátricas.
As transformações recentes de nossa sociedade e cultura tem sido propiciadoras ao desenvolvimento de diversas doenças psíquicas que antigamente existiam sim, mas que hoje estão tomando proporções epidêmicas bem maiores devido aos estilos de vida e relacionamentos interpessoais que vivenciamos. Há algumas dezenas de anos atrás as famílias sentiam-se mais responsáveis pelos seus membros, dedicavam-se mais uns aos outros, tinham maior referência e respeito às figuras familiares e de autoridade, além disso, conviviam mais tempo entre si e com isso podiam conversar mais, trocarem melhor seus sentimentos e perceberem-se mais amparados. Não só os relacionamentos familiares, mas os relacionamentos sociais também. A rede de contatos sociais ia muito além de contatos de trabalho e colegas de escola. Sem a TV e o computador, as pessoas passavam o tempo interagindo com outras pessoas de carne e osso, tendo reações e estímulos ambientais, bem como feedback de suas atitudes, as pessoas assim desenvolviam mais habilidades sociais e recebiam maior troca afetiva na convivência direta com outras pessoas.
O ser humano é por essência um ser social, necessita estar em sociedade para constituir-se como humano. Trocas afetivas como olhares, apertos de mãos, abraços, o som de uma palavra amiga, ou mesmo reprovadora, formam as percepções e planejam as reações adequadas. E como vivemos hoje? As crianças não tem mais convivência direta com os pais, elas são entretidas pela TV para que os pais cansados do dia de trabalho possam descansar e ver seus emails, muitas vezes mesmo as refeições são realizadas em frente à TV. Os adultos, além de verem seus emails também sentem a necessidade de ver seu telejornal, sua novela ou seriado na TV como forma de relaxar. Conversar no momento de relaxar é algo evitado ao máximo. Os meios de comunicação que surgiram para facilitar e aproximar o contato com as pessoas, de certa forma são muito úteis, pois facilitam e agilizam a comunicação, por outro lado perde-se o contato caloroso entre humanos para um contato frio e sem emoções de um aparelho eletrônico. Muitas famílias hoje resolvem seus conflitos por telefone ou email, e aos poucos vão perdendo a capacidade de relacionar-se com o outro, de expor suas dificuldades e sentimentos pessoais, dessa forma o aprendizado sobre como lidar com os sucessos e fracassos vai ficando superficial, vemos cada vez mais que as pessoas não conseguem lidar com as decepções e fracassos de maneira adequada. A responsabilidade disso de forma alguma é da tecnologia em comunicação, mas sim da mentalidade desenvolvida por uma cultura que agregamos cada dia mais: a individualidade. As pessoas deixam de perceber o problema do outro e buscar entender, se possível ajudar, passam a ver apenas as próprias necessidades e desejos. Nossa sociedade tem formado pessoas individualistas, que simplesmente estão perdendo a capacidade de desenvolver a aptidão de perceber o outro (os sentimentos, os desejos e as necessidades dos outros). Isso não significa que as mudanças culturais e sociais são negativas, com certeza conquistamos muitas coisas importantes como a consciência da necessidade de inclusão social, o respeito e a tolerância das diferenças, mas é fato que a capacidade de relacionamento interpessoal foi afetada. Entre adultos essas mudanças já dificultam os relacionamentos (podemos observar a quantidade de casamentos e divórcios realizados por um desejo momentâneo, não existe mais “até que a morte os separe”, mas sim o “que seja infinito enquanto dure”), ninguém mais quer ficar infeliz pelos problemas do outro e ajudá-lo a resolver para partilhar a felicidade também, as pessoas querem a felicidade pronta, como a comida congelada no mercado que é só colocar no microondas e já está pronta. Agora imaginemos isso no relacionamento dos adultos com as crianças...
Crianças precisam desenvolver tudo; sua personalidade, seu sistema de valores, sua percepção da realidade, suas habilidades sociais, suas crenças, etc. Onde é que as crianças desenvolvem isso? Na convivência familiar. Entretanto, a convivência familiar está cada vez mais reduzida, os pais não querem saber dos problemas dos filhos com amiguinhos ou na escola (que a escola resolva isso, é o que normalmente se pensa), os filhos não tem mais uma rede de amizades na vizinhança, pois a rua não é mais um lugar seguro, sobram os clubes e cursos para aqueles poucos que podem pagar por isso, ou a TV, o vídeo game e o computador que oferecem padrões no mínimo duvidosos ao aprendizado infantil. No final as crianças passam seu tempo sem supervisão, sem trocas afetivas adequadas, relacionando-se socialmente da maneira como aprendem ao que estão expostas, reproduzindo o que observam. Com isso os padrões afetivos aprendidos são frios, distantes (pois não devemos expor nossas individualidades à estranhos ou a pessoas de fora da família) e muitas vezes competitivos, agressivos, superficiais, etc. Somente quando esses padrões começam a apresentar problemas mais graves como a queda brusca do rendimento escolar, o comportamento social e familiar arredio da criança e do adolescente, o uso e abuso de drogas, o envolvimento em brigas corporais constantes, etc., é que os pais percebem que precisam de ajuda. Um dos problemas atuais que tem afetado o desenvolvimento e o comportamento de crianças e adolescentes (e que está sendo apresentado nesse artigo) é a depressão.
Conforme o Psiquiatra Infantil, Dr. Gustavo Teixeira, “não existem dados conclusivos a respeito das causas da depressão, entretanto acredita-se que existam tendências genéticas, associadas a fatores ambientais e bioquímicos que estariam relacionados ao desenvolvimento do transtorno. Dados epidemiológicos revelam que quando há história de depressão na família, há maior risco para o transtorno, sendo que filhos de pais com depressão apresentam três vezes mais chances de desenvolver o transtorno durante a vida quando comparados a filhos de pais não deprimidos. Alterações de substâncias químicas do cérebro chamadas neurotransmissores também estariam presentes em pacientes com depressão. Outro fator importante para o desencademento de episódios depressivos seria o grau de estruturação familiar e o ambiente doméstico em que este jovem está inserido. Jovens vivendo em lares hostis, desestruturados, com interações familiares estressantes, convivendo com pais agressivos e/ou negligentes possuem maior chance de desencadear episódios depressivos, assim como crianças órfãs ou com pais separados. Inversamente proporcional a isto, é fato que interações familiares positivas podem apresentar uma função protetora para episódios depressivos na infância e na adolescência.” (Transtornos Psiquiátricos na Infância e Adolescência, Ed. Rubio, 2005)
Crianças e adolescentes com depressão apresentam-se freqüentemente com tristeza, falta de motivação e relatam sentimentos de solidão, contudo é comumente observado um humor irritável ou instável. Esses jovens podem apresentar mudanças súbitas de comportamento com explosões descontroladas de raiva, podendo envolver-se em brigas corporais no ambiente escolar ou durante a prática desportiva. Também apresentam dificuldade em divertir-se, queixando-se de estar entediada ou “sem nada para fazer” e pode rejeitar o envolvimento com outras crianças, dando preferência por atividades solitárias. Dentro da sala de aula ou no recreio escolar, pode ser sinal de alerta a professores a mudança comportamental de uma criança anteriormente bem socializada e entrosada com o grupo e que passa a isolar-se. A queda do desempenho acadêmico quase sempre acompanha o transtorno, porque crianças e adolescentes com depressão não conseguem concentrar-se em sala de aula, há perda de interesse pelas atividades, falta de motivação e pensamento lentificado, e o resultado disso tudo é observado no boletim escolar. Também são freqüentes as queixas físicas como cansaço, falta de energia, dores de cabeça ou dores de barriga, insônia, preocupações excessivas com trivialidades, sentimentos de culpa, baixa auto-estima, choro excessivo, fala em ritmo devagar e de forma monótona e monossilábica também ocorre em grande número de casos. Não é necessário, que a criança ou o adolescente, apresente todos esses sintomas de uma vez para considerar que tenha depressão. A presença de pelo menos quatro desses sintomas por um período superior a duas semanas já é o suficiente para que os pais busquem ajuda profissional para diagnóstico e tratamento.
Sintomas que mostram ser mais grave a situação envolvem pensamentos recorrentes de morte, idéias e planejamento de suicídio, que podem estar presentes em todas as idades. Já os atos suicidas tendem a ocorrer com maior freqüência entre adolescentes. Os pensamentos sobre a morte nem sempre estão explícitos como da própria morte, muitas vezes é expresso apenas pelo interesse freqüente com o tema da morte. Os comportamentos de risco durante a adolescência são comuns, entretanto estes podem se acentuar durante episódios depressivos levando a prática sexual promíscua e sem proteção, o abuso de álcool ou outras drogas, o envolvimento em brigas corporais entre outros comportamentos de risco como andar pelas ruas sem observar a proximidade de carros, tomar remédios em excesso, etc. Mais um dado importante é o fato de que mais 90% dos adolescentes que cometem suicídio apresentaram problemas psiquiátricos anteriormente, sendo a depressão o transtorno mais importante e estando presente em até metade desses casos. Junto à depressão também podem surgir outros transtornos psiquiátricos, essa associação ocorre entre 30 a 60% dos casos, sendo mais com transtornos ansiosos, como a ansiedade de separação, a distimia, o transtorno de déficit de atenção/hiperatividade, os transtornos disruptivos (transtorno de conduta e transtorno desafiador opositivo) e o abuso de álcool ou outras drogas.
O transtorno depressivo produz dificuldades sociais e acadêmicas que podem comprometer o desenvolvimento e funcionamento social da criança ou adolescente e de suas relações interpessoais, tendendo a recorrer na idade adulta, quando não tratado de forma correta. Provavelmente muitos episódios depressivos observados em pacientes adultos são, na verdade, episódios recorrentes de um transtorno depressivo não identificado na infância. Por isso é importante que os pais, educadores e familiares estejam atentos ao comportamento de crianças e adolescentes, a fim de perceberem essas mudanças e buscarem ajuda profissional para tratamento e orientação o quanto antes possível, para que se preserve o desenvolvimento e a saúde desses jovens. O tratamento da depressão na infância e adolescência envolve o acompanhamento médico de um psiquiatra ou neurologista infantil que poderá fazer a associação de medicamentos antidepressivos adequados, aliado ao acompanhamento de um psicólogo envolvendo psicoterapia para a criança e orientação para pais e professores.
Na prevenção de transtornos psiquiátricos, um papel importante é o dos pais. Com a vida cada vez mais agitada e com menos tempo para dedicarem-se à família, muitos pais sentem-se perdidos, sem saber o que precisam fazer de fato para prover o cuidado adequado aos filhos. Com o tempo reduzido para a convivência familiar, fica muito difícil conhecerem bem o comportamento, a personalidade e o temperamento dos filhos, especialmente por serem tão jovens e em fase de formação de suas características individuais ainda. Entretanto essa observação é extremamente necessária, e pode ser realizada forma satisfatória com pequenas medidas como o melhor planejamento do tempo. Já é bem conhecido o jargão de que não é preciso dispor de muito tempo, mas que se disponha de tempo com qualidade. Para que as crianças e adolescentes recebam a atenção necessária dos pais, afim de que esses possam conhecer melhor o comportamento dos filhos e reconhecer alterações negativas, é preciso que os pais consigam planejar melhor a forma como usam o seu tempo. Recorrer a medidas que deixarão as crianças “quietas” para não se aborrecer com elas não é o mais adequado apesar de tentador.
Nos dias de hoje é muito raro a família em que a mãe ou o pai podem ficar em casa para cuidar da prole, normalmente ambos trabalham fora. Então como dedicar tempo aos filhos? Não é preciso muito tempo para oferecer às crianças o cuidado parental de que elas necessitam, mas sim oferecer qualidade de convivência no pouco tempo que dispõem juntos. Com certeza é muito difícil não checar emails e não ligar a TV à noite, é preciso muita força de vontade e persistência para conseguir manter esse tipo de convivência em família. Mas é justamente isso que é necessário. Os pais precisam dedicar seu tempo livre para cantar canções junto com os filhos, brincarem juntos (a criança aprende e desenvolve através das brincadeiras), conversarem sobre a vida uns dos outros, gastarem seu tempo com os filhos adolescentes ajudando nas tarefas escolares (não fazer por eles, mas ajudar), conversarem sobre as amizades e relacionamentos, sobre planos, planejar juntos o final de semana, envolver crianças e adolescentes nas tarefas domésticas (como arrumar a própria bagunça, tirar para fora o lixo), ensinar padrões de comportamento, ensinar a ter respeito e consideração pelos outros, etc. Todas estas coisas a TV e a internet não podem fazer por nós, e é nessa convivência que conseguimos trocar emoções, fazendo com que as crianças e adolescentes se sintam aceitos e amados bem como nos sentimos aceitos e amados por eles também, dessa forma conseguimos perceber as alterações nos comportamentos uns dos outros podendo oferecer suporte e mesmo buscar ajuda profissional quando não conseguimos resolver sozinhos.
Como perceber sintomas de Depressão na escola:-queda do rendimento escolar
-irritabilidade
-impulsividade
-brigas
-isolamento em sala de aula e no recreio
-tristeza
-falta de motivação
-choro fácil
-fala em ritmo devagar, monótona
-queixas físicas (dores de cabeça, dores musculares)
-pensamentos recorrentes de morte
Compreender, acolher e ajudar são ações essenciais no cuidado com as crianças.

1 de jul. de 2010

NOVOS RELACIONAMENTOS



Como os relacionamentos mudaram em poucos anos... Durante muitos anos era algo previsível, controlável, constante... Mas desde a revolução sexual as coisas mudaram muito. Muitas pessoas sentem-se perdidas nesse campo. Tem aqueles que sabem se aproximar dos parceiros que lhe interessam, mas nem sempre são bem sucedidos em manter esse relacionamento. Também existem os que não conseguem participar do "jogo da paquera" (se bem que esse nome já está meio brega, mas reconheço que nem imagino qual o nome atual), seja por motivos de timidez, vergonha, inabilidade, baixa auto estima, etc...
E essa questão não termina por aí, relacionar-se é muito importante para nós, afinal de contas, somos seres humanos, sociais por definição, carentes por necessidade de sobrevivência e perpetuação da espécie. Então o fato é: precisamos nos relacionar, precisamos dar amor e ter alguém para receber este amor e de preferência retribuir satisfatoriamente.
Por causa dessa necessidade, as pessoas não podem simplesmente desistir de encontrar um parceiro (ou parceira). Por buscamos soluções, algumas vezes acertamos e na maioria das vezes erramos muito feio... Buscamos recursos muito prejudiciais...
Quando simplesmente não sabemos escolher um parceiro ideal, ou não conseguimos manter um relacionamento, às vezes partimos para o derrotismo: isso não é para mim; eu não consigo; eu não queria mesmo; eu não me importo; vai um vem oito... Tudo isso para evitar a dor do fracasso...
Quando o problema é a timidez, a vergonha, a inabilidade de aproximar-se de alguém, alguns recorrem ao álcool ou outras drogas "para dar coragem", o que no final termina em um desses dois problemas novamente, e a pessoa recorre sempre ao derrotismo...
O que fazer? Como mudar isso? Como ser bem sucedida no campo dos relacionamentos?
Não é fácil, mas quem disse que a vida seria fácil... O primeiro passo é parar de se dizer que o sexo oposto não quer mais ter um relacionamento sério, que o sexo fácil banalizou as relações, que ninguém se interessaria por você do jeito que é (com seus princípios, desejos, sonhos, etc). Não generalize seu problema nem jogue a culpa nos "outros". Assuma a responsabilidade por sua vida, suas escolhas e seus atos, assuma que você nunca recebeu um manual sobre o que fazer e por isso simplesmente NÃO SABE O QUE FAZER, e por que precisa tentar, está fazendo alguma coisa errada (ou tudo). Assuma que o problema está em você e deixe de se vitimizar, dependendo que o mundo mude por você, assuma o risco de ser dono das suas escolhas.
Se você conseguiu, parabéns! Está pronto para aprender o que fazer agora! Mas não se frustre com o que vem a seguir: não existe manual, ninguém sabe tudo, e nem sempre a gente acerta de primeira (ou de segunda, terceira...). Mas a gente pode refletir, descobrir o que está errado e então começar a pensar como fazer diferente!
Acho que a primeira coisa a fazer é pensar no que você quer de verdade? Existe momento na vida para tudo, adolescentes querem se divertir acima de tudo, com compromisso, seriedade, respeito, etc, mas definitivamente não vão encontrar o amor de suas vidas com quem ficarão para sempre (claro que existem raríssimas excessões), normalmente encontram um amor para ser importante naquela fase de suas vidas, e depois virá a faculdade, depois a vida adulta com suas responsabilidades e deveres... Já adultos jovens estão em processo de formação e definição de suas vidas, estão prontos a constituírem seus núcleos familiares, e por isso buscam coisas diferentes num companheiro nesse momento, normalmente o quese procura é um genitor para seus filhos, um companheiro que o apoie e ajude, uma pessoa com quem será agradável passar a vida junto, envelhecer e conhecer os netos, cuidar um do outro nas doenças e dificuldades (não é clichê, pense e verá que na verdade anseiamos exatamente isso).
Por isso agora você necessita pensar exatamente: o que eu quero? Quais são os atributos em uma pessoa que eu necessito? Pense bem: amigo, engraçado, inteligente, trabalhador, ambicioso, carinhoso, prevenido, emocional, sensível, impulsivo, misterioso, etc... Quais são as características que uma pessoa deve ter? Não se trata apenas de traços de personalidade, mas de gostos, projetos de vida, estrutura social e familiar também! Será que os planos de vida convergem? Ou você deseja uma vida sem filhos e a pessoa por quem se interessou deseja ter um time de futebol? Você deseja uma vida agitada de metrópole e a pessoa escolhida anseia por uma vida sossegada de interior? Você gosta de viajar, conhecer lugares novos, viver aventuras com bastante adrenalina, e a pessoa que te interessa na verdade gosta de ir ao cinema, ao clube e ver filmes com pipoca em casa? Você é uma pessoa ativa, que pratica muitos esportes, e a outra pessoa é essencialmente sedentária? Percebe como essas coisas todas são importantes? Então analise o perfil do seu ideal amado, quais atributos ele deve ter: a beleza é realmente importante para você? A pessoa precisa gostar de trabalhar? Estudar? Gostar de viajar? Gostar de esportes? Gostar de animais?
Mas lembre-se: escolha somente os atributos que lhe forem REALMENTE IMPORTANTES, aqueles sem os quais você sabe que poderia gerar frustrações, desavenças, separações... Afinal de contas, não existem príncipes encantados, todos temos que ser tolerantes com as diferenças, e mais ainda: flexíveis nos relacionamentos!
Após escrever num papel o perfil do seu ideal amado(a) - é importante escrever, ajuda na reflexão pois os pensamentos não ficam flutuantes e soltos - olhe novamente, veja se faltou alguma característica, se tem alguma que seja dispensável. Não se esqueça de ser completamente honesto com seus próprios sentimentos!!! Se para você a aparência física, a condição financeira, a capacidade intelectual, ou que quer que seja for realmente necessária, não tenha vergonha de assumir, mas caso você tenha escolhido características que considera superficiais e se envergonha disso apesar de achar que necessita delas, reavalie seus princípios, seu estilo de vida, às vezes não é tão errado quanto parece (afinal de contas, uma mulher que sempre teve uma condição financeira boa e muitas mordomias, não ficaria nada feliz em uma condição muito restrita de recursos, tendo que fazer tarefas que nunca realizou em toda a vida). Caso esteja com dificuldades em realizar essa etapa, procure ajuda com seu pai ou sua mãe, acredite, na grande maioria dos casos eles estão mais habilitados a te ajudar do que seus amigos! Você se surpreenderá com a sabedoria que eles podem te passar! Mas é lógico que existem as excessões, e nesses casos você pode recorrer aos amigos (mas antes veja se eles são sábios nesse assunto, se eles mantém relacionamentos estáveis, maduros e bem sucedidos, pois maus conselhos não vão te ajudar). Se ainda por cima, nenhuma dessas pessoas puder te ajudar, você pode buscar ajuda em um profissional, o psicólogo com certeza te ajudará a realizar essa reflexão de maneira bem sucedida!
Tarefa cumprida, vamos à batalha!
Sabendo quem é o seu parceiro ideal, você precisa começar a trabalhar com probabilidades e exercícios investigativos (nada de contratar detetives! Você precisa saber obter as informações que necessita). Ou seja, onde é provável que encontre alguém assim, aonde pessoas nesse perfil costumam estar? Pois é este local que você deve frequentar! Ou seja, se você quer uma pessoa sossegada que goste curtir um som com os amigos, não é na boate! Se você quer alguém trabalhador, não é de madrugada que vc vai achar! Se você quer alguém de fortes princípios religiosos, não é num bar... e por aí vai...
Mas lembre-se, esse é só o início, é preciso muito mais! Você precisa se produzir, buscar com os olhos e aproximar-se cautelosamente da pessoa que acredita ser ideal, e então começar a prestar atenção nos hábitos (o quanto essa pessoa bebe? como é o assunto? quem são os amigos? trabalha? tem ambição? o que gosta de fazer no tempo livre? como se relaciona com a família? quais são os projetos de vida dessa pessoa? - são perguntas que você deve conseguir responder após um curto período de tempo, como talvez uns 5 ou 10 encontros) antes de resolver investir num relacionamento.
Quando conseguir fazer isso, finalmente você estará realizando escolhas legítimas com um grande potencial de sucesso, e não deixando que o mundo escolha por você a próxima cilada!
Boa sorte e bons amores!