8 de fev. de 2011

A FAMÍLIA E AS PREOCUPAÇÕES COM O BULLYING

O último tema vencedor da enquete foi o de relações familiares, e por que não falar sobre o Bullying? É um assunto abordado por escolas, mas nem por isso quer dizer que é um assunto escolar. Muito pelo contrário, o Bullying é um assunto antes de mais nada FAMILIAR. Com o período de volta às aulas, acredito que seja um tema pertinente aos pais.

Só para revisar: O Bullying é o comportamento agressivo despropositado e sem motivação direcionado à vítimas potenciais (pessoas com alguma característica diferente como o peso, tamanho de partes do corpo, uso de óculos, ausência de status social, etc) em ambientes sociais. Essa agressão pode ocorrer em ambientes diferentes: escolas, cursinhos, clubes, ambiente de trabalho, entre coleguinhas de bairro e até mesmo nos locais mais inusitados (como contra alvos desconhecidos por motivos de homofobia, por exemplo), e atinge todas as faixas etárias. A agressão pode ser física, verbal, e ou moral.

Atualmente temos visto nos jornais diversos exemplos de comportamentos desse tipo:

- nos EUA uma criança de 09 anos de idade atirou e matou sua madrasta que estava grávida, com a arma de caça que seu pai o presenteou;

- no Rio de Janeiro um grupo de jovens de classe média alta "divertem-se" à noite espancando empregadas domésticas, prostitutas, homossexuais e trabalhadores de baixa renda pelas ruas, o caso só ganhou credibilidade graças às gravações de uma câmera de segurança de um posto de gasolina que flagrou a violência contra uma empregada doméstica;

- em São Paulo outro grupo de jovens é identificado como autor de diversos espacamentos de homossexuais em uma movimentada avenida da capital. As vítimas são escolhidas pela aparência física e um dos espancamentos quase levou a vítima ao óbito. As agressões são flagradas por câmeras de segurança de um prédio, e mesmo após a entrega das imagens à polícia e a divulgação na mídia, o mesmo grupo é flagrado novamente pelas mesmas câmeras cometendo novas agressões;

- no youtube é possível flagrar diversas brigas em portas de escolas entre adolescentes, que são filmadas e postadas pelos próprios colegas de escola através dos celulares com câmera;

- nas escolas tornam-se cada vez mais comuns brincadeiras como "corredor polonês", ou ainda apenas "corredor", "esculacho", "puxão de cueca", bem como estão cada vez mais frequentes o uso de apelidos jocosos, depreciativos e os xingamentos e uso de nomes chulos entre as crianças e adolescentes;

- através de redes sociais e sites de relacionamento é possível identificar páginas e páginas dedicadas à desmoralizar, ofender e destruir a imagem das vítimas de Bullying;

- em clubes, bares e casas noturnas as brigas e espancamentos por causa de leves esbarrões entre estranhos (mais do que normal em locais lotados) tem levados diversos jovens à paraplegia, tetraplegia, deformidade física e mesmo à morte;

- nem vou comentar o Bullying no ambiente de trabalho...

Mas de onde vem esse comportamento nos grupos sociais? Qual a origem cultural, sócio-histórica disso ainda quero pesquisar, mas de início vou ater-me ao básico, o grupo básico de formação social: A Família.

A família é a estrutura inicial onde os comportamentos sociais se manifestam e são modelados. Desde cedo uma criança aprende como deve portar-se socialmente: não coma de boca aberta, não fale de boca cheia, espere a sua vez para falar, você precisa usar roupas, precisa tomar banho e andar cheirosinho, precisa comer com talheres, diga por favor e obrigado, etc... Mas não somente as ordens de conduta são aprendidas – tenho certeza que muitas mães e pais estão se dizendo agora: mas eu cansei de falar pro meu filho não arrumar confusão, já até o castiguei diversas vezes, eu ensinei correto, mas ele faz tudo diferente. Pois então agora vem a explicação: as crianças aprendem não apenas pela audição, mas também pela visão, pelo tato e por associações de estímulos. Além do aprendizado por observação direta, também existe o aprendizado por vias abstratas. Ou seja: não adianta falar pro seu filho que não deve mentir e pedir que ele minta no telefone para algum contato indesejado dizendo que você não está em casa, também não adianta ensinar para o seu filho que não se pode bater em crianças pequenas, se todas as vezes que ele faz algo de errado você o impõe um castigo físico (bate nele), e por aí vão outros milhares de exemplos.


A responsabilidade da família hoje não é apenas a de manter uma criança livre de doenças somáticas e frequentando regularmente uma escola. A família é a responsável pela formação do indivíduo, sua personalidade e seus traços básicos de caráter, e é a partir dessa formação que acontecerá o trabalho das escolas e das instituições sociais de formar cidadãos. Perceba que indivíduo e cidadão são conceitos diferentes! Primeiro a família formará a estrutura básica do indivíduo e só a partir dessa formação as instituições sociais poderão exercer a sua função de formar cidadãos.

A personalidade e caráter de uma pessoa são estruturados inicialmente pela formação familiar, ou seja, através da observação dos padrões de relacionamento, a absorção do sistema de valores empregados à criança, as crenças sobre a vida e os relacionamentos que são transmitidos no dia a dia na convivência familiar. Essa formação da estrutura básica ocorre desde o nascimento até a idade de sete anos, aproximadamente, conforme a maioria das teorias psicológicas vigentes. Nesse processo a criança absorverá os padrões de relacionamentos amorosos (observe: a maioria das mulheres vítimas de agressão doméstica vivenciaram em suas infâncias a violência doméstica entre seus pais), familiares (observe: normalmente o valor dado à um idoso corresponde ao valor que esse idoso deu a seus pais quando era mais jovem, na presença de seus filhos), sociais, profissionais, acadêmicos, etc... Portanto, mesmo que você nunca tenha levantado a mão para o seu filho, se você o agride ou agride outras pessoas na presença dele de outras formas, você está ensinando um padrão agressivo à esta criança, pois lembrem-se: OS PAIS SÃO OS MODELOS DE APRENDIZADO DOS FILHOS.

Antes de dizer que seu filho se comporta de maneira inadequada, pare e analise o seu comportamento diante seu filho e as demais pessoas. Como você trata sua esposa/o? Como você trata sua empregada? Como trata seus pais? Como se refere aos amigos, aos colegas de trabalho e ao seu patrão? Como é sua atitude no trânsito? Como se refere às pessoas "desconhecidas" (famosos expostos em tablóides, professores e orientadores de seus filhos, vizinhos, amiguinhos e pais dos amiguinhos de seus filhos? Você está refletindo comportamentos que vão educar seu filho para ser uma pessoa admirada e querida, ou para ser uma pessoa indesejada? Os pais são os heróis de seus filhos, e heróis não são aqueles que não tem defeitos, mas sim aqueles que sabem reconhecer seus defeitos e buscam aperfeiçoar-se. Todos temos defeitos, poderia até mesmo dizer que é praticamente impossível ter um comportamento absolutamente irrepreensível, mas isso não quer dizer que devemos ignorar nossas falhas.

O ideal diante um comportamento inadequado de seu filho é refletir sobre seu próprio comportamento (recorra até mesmo ao auxílio de um psicólogo se necessário) e mais que imediatamente demonstre ao seu filho que você também está agindo errado, e que ambos devem corrigir esses defeitos, pois para convivermos no mundo de hoje e construir uma realidade decente para o futuro devemos sempre buscar sermos pessoas melhores.

Por isso, se nesse ano letivo a escola o procurar para dizer que seu filho está brigando na escola, ou que se envolveu em alguma situação embaraçosa com outro coleguinha, ou mesmo que está sendo vítima de agressões na escola, não martirize a criança, mas converse francamente com ela. E não espere apenas pela escola, mas investigue e esteja a par da atividade social e virtual de seus filhos. Tente identificar onde no ambiente familiar esse tipo de comportamento pode estar sendo encorajado e mostre que existem outros caminhos, busque exercitar novos comportamentos com seu filho. Leve seu filho a buscar e dar o perdão, a ser mais tolerante e compreensivo, a ser mais consciente e respeitoso com as demais pessoas. As recompensas retornarão hoje dentro de seu lar, e no futuro ao ver o seu filho um jovem admirado socialmente ao invés de notícia no jornal devido comportamentos inadequados.




*Reflexão:

Imagine que bênção seria se todos os políticos tivessem aprendido com suas famílias que é feio e repreensível roubar, mentir e enganar... Imagine se as famílias não aceitassem o dinheiro sujo da corrupção para viver em luxo e ainda denunciassem quando descobrissem tais comportamentos? Esse é só um pequeno exemplo...

VEJA ESTE ARTIGO TAMBÉM EM:  www.revistapalavra.com.br/psicologia

9 de dez. de 2010

O QUE FAZER QUANDO ACONTECE A ALIENAÇÃO PARENTAL?



Ao saber que uma criança está sendo exposta à alienação parental, sabe-se que seu bem-estar e desenvolvimento biopsicossocial estão em risco. Deve-se portanto ter certas atitudes visando a correção da situação, para que se possa restabelecer o bem estar e o desenvolvimento saudável da criança.
É importante lembrar que o relacionamento entre o parente alienado e o parente alienador normalmente é conflituosa, e por isso dificilmente será mediada em pouco tempo. Inicialmente é preciso conscientizar os adultos envolvidos que não precisam se relacionar e nem deixar de ter sentimentos negativos um pelo outro, não é preciso nem mesmo manter contato direto um com o outro, hoje em dia existem outros recursos como o email, o telefone, e mesmo as mensagens SMS. Mas é imperativo que esses adultos entendam o sofrimento que impoem à criança quando praticam atitudes alienadoras, que por mais que "odeiem" seu ex companheiro, a criança é um fruto desse relacionamento (um fruto abençoado!) cuja personalidade é constituída por traços de ambos, e isso precisa ser respeitado para permitir que seu filho não sofra com a separação dos pais. Digo não sofrer com a separação dos pais pois a separação real deve ser a do casal – não existe divórcio de filhos!
A partir desse entendimento é necessário que os agentes alienadores reflitam sobre seu comportamento e se disponham a reconhecer seu erro, pedir desculpas à criança (por menor que seja) pelo seu comportamento. É essencial que o adulto seja verdadeiro:
"Querido, me desculpe por algumas coisas feias que falei sobre sua mãe / pai, pelas vezes que fiquei triste por você estar com ela e não comigo, apesar de saber que você a ama também e estava feliz com ela. Como você percebeu estou triste com ela, mas quero que entenda que estou triste com minha ex-companheira e não com sua mãe / pai. Ela é uma boa mãe / pai e também te ama muito. Prometo que vou me esforçar para não repetir esse comportamento mais, vou ficar feliz por você estar feliz. Algumas vezes posso esquecer e acabar errando novamente, mas você pode me ajudar dizendo que não gostou e me lembrando que não devo fazer isso."
Afinal de contas, essa é a verdade! É preciso separar assuntos que são de adultos de assuntos que são de crianças. Assuntos financeiros, questões judiciais, críticas a comportamentos de uma pessoa adulta, devem ficar entre adultos. Com as crianças os adultos tem muitos outros assuntos a que se ocuparem! É preciso que saibam como está na escola, como estão com os amiguinhos, como tem sido o comportamento das crianças, em que elas tem tido dificuldades, ajudar em tarefas escolares, saber da criança o que ela gosta de fazer para se divertir e fazer junto dela, passear com a criança, ensinar coisas da vida para ela, enfim... uma gama de outras coisas que precisam ser feitas! Inclusive criar um canal de comunicação com essa criança para que ela possa falar de suas angústias, de suas curiosidades, de seus sentimentos e ajudá-la a enfrentar as dificuldades de maneira correta.
Por mais que seja difícil, é preciso entender de uma vez por todas que SEU EX-COMPANHEIRO AMA SEU FILHO TANTO QUANTO VOCÊ, E IRÁ PROTEGÊ-LO TANTO QUANTO VOCÊ. Se você quer que seu filho ouça palavras boas sobre você quando não está em sua companhia, é preciso dizer palavras boas sobre a outra figura parental quando a criança está com você!
Inicialmente os familiares precisam tentar resolver a questão pacificamente (acreditem, às vezes isso é possível!). Acontece que nem sempre o agente alienador é consciente do quanto está prejudicando seus filhos, mas os ama muito e se alguém o advertir da maneira correta, ele pode corrigir adequadamente as atitudes alienadoras que vinha tendo.
Quando conversar é possível, indica-se que as pessoas conversem, que se diga: "entendo que você esteja aborrecido comigo por diversos motivos, mas você precisa separar as coisas e não ficar falando essas coisas para as crianças, sempre que nossos filhos ouvem essas palavras de você ficam muito tristes e reajem de tal forma". Em alguns casos, essa comunicação é impossível sem discussões e ofensas, por isso lembrem que existe o "email"! Pode-se enviar um mail, falando sobre essas coisas, sempre se tendo o cuidado com a EDUCAÇÃO! Sempre que for se tratar de assuntos relativos aos filhos é importante que se mantenha a boa comunicação, e para tanto é imprescindível a polidez (nesse momento não pensem que estão se comunicando com o ex-compnaheiro, mas sim com a mãe/pai de seus filhos, essa pessoa merece sua educação e respeito, não é mesmo?).
Em muitos casos, com apenas essa comunicação, explicando que a criança necessita de sua atenção de uma maneira diferente (se preocupando com desenvolvimento acadêmico, amizades, comportamentos, alimentação, saúde e lazer), o responsável por essas atitudes alienantes é capaz de se recompor.
Infelizmente, nem todos os casos podem ser resolvidos dessa forma. Os alienadores nesses casos não percebem seus filhos como pessoas, mas como posses. Existe uma deturbação das relações familiares que necessitam de uma intervenção mais incisiva. Nestes casos, não há meios menos dolorosos de solução, é preciso que o genitor alienado procure o Conselho Tutelar de sua cidade e realize a denúncia de Alienação Parental, dando sequencia ao pedido de investigação psicossocial para averiguação. Acredito que o mais importante nessas questões é que o genitor alienador seja encaminhado para um processo psicoterapêutico, mediante determinação judicial e com acompanhamento da evolução por meios jurídicos, afim de garantir que esse genitor resolva seus conflitos sem mais prejudicar a criança.

3 de dez. de 2010

O que é Alienação Parental?

Alienação Parental é o ato de promover alienação / afastamento emocional ou físico de uma criança em relação à uma figura parental sua.

Esse tem sido um tema muito polêmico nas relações familiares de hoje em dia. O fato é que sempre aconteceu, mas com a promulgação desta nova lei o assunto finalmente está atingindo a proporção merecida. Entretanto não podemos dizer que tudo é alienação parental, ou achar que podemos sair acusando as pessoas desse crime. Primeiro é preciso entenderemos o que é a alienação parental, o que ela provoca nas pessoas, e finalmente como agir diante da suspeita de que isso esteja ocorrendo (assunto para o próximo post).
Alienação parental ocorre quando figuras parentais (pai, mãe, tios e ou avós) tentam de alguma maneira afastar emocionalmente a criança de um de seus genitores, sem existir motivo que justifique tal atitude. Esses parentes podem tentar denegrir a imagem da pessoa com a criança, limitar as informações sobre a criança no período em que estão na posse dela, podem dificultar o acesso do genitor à criança, realizar falsas denúncias crime contra o genitor alienado para reduzir ou impedir o contato da criança com o genitor alienado, etc. Observe que em momento nenhum especifiquei onde normalmente ocorre a alienação parental. Essas atitudes normalmente são atribuídas ao genitor detentor da guarda, mas nem sempre é esta figura a responsável por tal atitude. Em alguns casos o genitor não detentor da guarda também pode estar praticando essa violência, como o pai que revoltado (pela separação ou pelo fato da mãe estar em novo relacionamento, ou mesmo indignado em ser obrigado a pagar um certo valor de pensão), começa a falar com a criança que a mãe não presta, que a mãe está gastando todo o dinheiro com ela mesma, que a criança deve vigiar a mãe e contar para o pai tudo o que ela faz, etc. Ou ainda mais sutil, como o pai que não perde a oportunidade de recriminar as atitudes e opiniões da mãe, ou o pai que quando pega os filhos para um final de semana não permite que as crianças falem com a mãe ao telefone (*saliento que não é porque a mãe tem a companhia da criança durante a maior parte do tempo, que ela não tem o direito de falar com os filhos quando estes estão com o pai, além de amenizar a saudade que ela sente é uma forma de estar verificando o bem estar dos filhos - vide caso Nardoni). Ficou fácil de perceber agora como nem sempre é o detentor da guarda quem pratica as atitudes de alienção? Claro que na maioria dos casos observados e relatados, a alienação parte da mãe, que quer proibir ou limitar a visitação, que fica falando mal do pai para as crianças, etc.
Além dessa visão polarizada (é um ou é o outro), gostaria de ampliar um pouco mais a visão sobre o tema. Não apenas pai ou mãe são agentes alienadores, muitas vezes podem ser os avós, ou mesmo os tios que empreendem uma campanha de deterioração da imagem de uma figura parental. E o que dizer então, daqueles casais que chegam à separação com muitas mágoas recíprocas e não perdem a oportunidade de comparar comportamentos indesejáveis dos filhos com traços negativos do parente ausente: você está arrogante que nem a sua mãe / o seu pai? Além disso, ambos sentem a necessidade de dizer ao filho o quanto desaprovam comportamentos e traços da personalidade do outro: "a sua mãe é muito gastadeira" / "o seu pai só se importa com dinheiro"? Não apenas isso deveria ser considerado alienação parental, mas usar os filhos para enviar "recados" ao ex-conjuge, que provavelmente irão deixá-lo furioso, também é horrível pois a criança é quem presencirá toda a ira do genitor ao entregar o recado de um assunto que não lhe pertence. Fazer uma criança provocar a ira em um de seus genitores é uma forma de afastá-la emocionalmente também, é uma forma portanto, de alienação.
O grande problema da alienação parental nem é a corrente de mentiras e atitudes deploráveis, mas sim o que isso provoca na criança. Uma criança que está sofrendo este tipo de violência emocional, tende a se retrair, passa a ter dificuldades emocionais, dificuldades de relacionamento interpessoal, algumas crianças podem se tornar extremamente sensíveis e deprimidas, outras podem ficar muito agressivas e ansiosas. Algumas pessoas falam em Síndrome de Alienação Parental como um transtorno mental a ser incluso na DSM IV ou na CID 10, apesar a grande importância do tema e do fator de origem do problema possuir um vetor comum, os efeitos sintomáticos observados em crianças que sofrem esse tipo de abuso podem variar muito, e sempre se enquadram em diagnósticos já descritos nesses manuais. Pode ser um Transtorno de Ansiedade de Separação, Transtorno de Ajustamento, Transtorno Desafiador Opositivo, Transtorno Depressivo, etc. O fato é a Alienação Parental PROVOCA Transtornos Psicológicos nas crianças e podem afetar gravemente o desenvolvimento biopsicossocial. Imagine apenas o quão frágil é uma psiquê em formação. A personalidade de uma pessoa é formada na infância e na adolescência pelas influências que recebe do pai e da mãe, quando essa criança é obrigada a ouvir que seu pai ou sua mãe não são bons, isso não é uma agressão à uma pessoa externa, mas sim uma agressão à parte da personalidade em construção dessa criança.
Lógico que tudo isso é aplicado à condições normais, em que ambos os pais tem índole adequada. Existem casos em que a figura parental que é alienada apresentou motivos concretos para tal. Imaginem um pai ou uma mãe que desaparece sem justificativa por anos, não envia notícias, não liga num aniversário ou no natal, não manda nem uma carta sequer, e depois de anos reaparece desejando receber todo o carinho dos filhos. Existem ainda casos de genitores que são drogadictos, pedófilos, violentos, ou mesmo são envolvidos com atividades criminosas. Complicado estimular que um filho nutra amor por um genitor que abusou dele, ou que seja muito violento e já tenha maltratado gravemente a criança. Nesses casos o afastamento da criança dessa figura parental é algo natural que ocorra. Avaliar um caso de Alienação Parental não é fácil, é preciso conhecer todos os ambientes que a criança frequenta, entender a dinâmica desse abuso para saber quais são os fatores envolvidoss e onde se deve intervir.


30 de nov. de 2010

Já volto!

Desculpem por tantas semanas sem postagens novas, tenho tido muito trabalho e pouco tempo, mas já estou desenvolvendo alguns artigos sobre família e em breve retornarei às postagens!

8 de nov. de 2010

A NOVA FAMÍLIA

Longe dos moldes antigos em que todas as famílias eram iguais: com pai, mãe e filhos vivendo juntos em uma casa, muitas famílias de hoje possuem uma nova configuração, com a inserção de novos papéis, novos agregados, novas divisões de tarefas e novas prioridades. Hoje o divórcio é algo muito comum, portanto mais crianças convivem com madrastas e padrastos, bem como com os "meios-irmãos". Existem filhos cujos pais nunca foram casados, ou mesmo nunca viveram juntos, existem filhos cujos pais são separados mas vivem na mesma casa, e o que mais se vê são filhos cujos pais estão separados e brigam por qualquer motivo. Alguns possuem ainda madrastas, padrastos, "irmãos emprestados" filhos da antiga união dos atuais companheiros de seus pais, "meios irmãos" filhos da atual união de seus pais, pais (ou mães) homossexuais, etc...
A vida mudou, a sociedade e a nossa cultura estão em transformação, mas a nossa habilidade de adaptação está acompanhando tantas mudanças?
A verdade é que tudo fico muito relativo... Nos remetemos ao conceito de "normal e patológico"de Canguilhem, e para não estender em teoria, resumindo é: se as pessoas estão felizes, bem resolvidas e convivem bem consigo mesmas e com o mundo em suas realidades, é sinal de que estão bem adaptadas.
Mas como reconhecer que não estão bem adaptadas?
O maior sinal de problemas e da necessidade de ajuda profissional é o surgimento de conflitos. Conflitos entre ex-conjuges, conflitos dos pais com os filhos, conflitos dos filhos na escola ... No meio desses conflitos desenvolve-se um sofrimento intrapsíquico muito grande das partes envolvidas. Todos querem ser felizes e parar de sofrer, os adultos normalmente conseguem traçar objetivos e buscar o que acreditam que poderá fazê-los felizes. Mas o principal é ter em mente que a prioridade de bem estar, não é a do adulto, mas sim a da criança. Adultos tem suas habilidades e capacidades em lidar com eventos estressantes bem mais desenvolvidas e estruturadas do que uma criança, cujas habilidades, persolnalidade e traços de caráter ainda estão em formação. Por isso é importante que os adultos tenham como prioridade em qualquer conflito, o bem estar das crianças e adolescentes.
Em minha prática profissional tenho observado conflitos que são muito comuns e que se encarados de maneira errada podem causar enormes prejuízos emocionais às crianças e adolescentes. Vou expor adiante algumas dicas:

Nunca entre em discussões ou temas polêmicos que podem elevar os humores se estiver na presença dos filhos, e quando estiver prestes a discutir ao telefone certifique-se que os filhos não estejam por perto.

Não fale com os filhos sobre a divisão patrimonial ou mesmo sobre valores e destinos da pensão alimentícia paga, isso não é assunto deles. O assunto que compete à eles é sobre a visitação, comparecimento às aulas, notas no boletim escolar, comportamento adequado bem como higiene pessoal e saúde.

Não fale nem permita que avós ou tios falem com as crianças de maneira pejorativa ou ofensiva sobre o pai ou mãe que não está ali. Não tente mostrar à criança que ela é filha de uma pessoa má ou feia, isso irá magoá-la e deixá-la sem auto estima alguma.

Não difame e não fale mal do seu ex-parceiro, lembre-se que você pode não amá-lo mais, mas pelo menos zele pela imagem do pai / da mãe de seu filho, pois assim você estará zelando pela felicidade de seu filho.

Não compare comportamentos do seu filho com comportamentos que não gosta em seu ex-conjuge, isso fará com que a criança sinta-se desvalorizada e não amada. Não adianta também comparar e dizer que ama, é a mesma coisa que bater e assoprar. Se for para comparar alguma coisa, que sejam qualidades e elogios.

Não prive seu filho de receber um presente ou de ter um lazer com você, só porque paga a pensão alimentícia (por mais alta que ela seja, lembre-se que é proporcional à sua renda e mesmo assim ainda não faz juz ao padrão que a criança poderia ter se a família estivesse junta).

NUNCA DEIXE DE CONVIVER COM SEU FILHO. Por pior que seja o seu relacionamento com a mãe ou pai que detém a guarda, lembre-se que seu filho sempre precisará muito de você, do seu afeto, do seu carinho, mesmo que seja para ficar em casa vendo TV, brincando, conversando, fazendo tarefas da escola, etc., seu filho só precisa estar junto de você!

NÃO PROÍBA SEU EX CONJUGE DE APRESENTAR OS NOVOS AGREGADOS DA FAMÍLIA. Irmãos novos, futuras madrastas, futuros padrastos e mesmo futuros "irmãos emprestados" fazem parte da vida da criança agora, é saudável para criança poder ver que seus pais estão felizes e reconstruindo suas vidas mesmo que separados. OBS.: é preciso ter bom senso!!! Não é para apresentar ficantes ou frutos de relacionamentos incertos, a criança não pode ser exposta a um grande número de variações pois tira a sensação de constância que a dá segurança. Espere até que o relacionamento seja um pouco mais maduro e que você tenha segurança em apresentar ao seu filho as novas pessoas. Se for possível, permita que seu ex-conjuge também conheça pois assim ele poderá sentir-se mais seguro em permitir que o filho fique com essa nova pessoa.

Se você tiver dúvidas sobre como seu filho está sendo tratado quando está na casa do outro parente, ao invés de acusar e brigar, tente engolir seu orgulho em prol da felicidade do seu filho e aproxime-se mais dessas pessoas e desse ambiente, busque conhecê-las melhor. Caso mesmo assim não consiga sanar suas dúvidas leve seu filho ao médico e ao psicólogo, se constatar algum abuso ou agressão que esteja ocorrendo não tente resolver sem o apoio da justiça, recorra ao advogado, ao defensor público e ao conselheiro tutelar, mas preserve a saúde e o bem estar de seu filho.

Mesmo em casos de abuso ou alienação parental comprovado, impedir totalmente a convivência da criança com seu pai ou sua mãe é uma violência muito grande. Acredito que o mais indicado seria estabelecer visitação supervisionada, com acompanhamento de uma assistente social ou psicóloga definida pelo juiz. Dessa forma a criança estará em condição segura e poderá manter algum convívio com seu pai / mãe.

Lógico que existem mil outras situações que ocorrem no dia a dia, em cada caso novas nuances e situações surgem. Lembrem-se que existem psicólogos prontos a auxiliar e orientar as famílias nesses momentos.

1 de out. de 2010

Jogo Patológico

Culturalmente em nossa sociedade, os jogos de azar são considerados uma atividade de lazer, ou mesmo um hábito inocente de "tentar a sorte". Muitas pessoas compartilham desse comportamento de maneira saudável, fazem pequenas apostas apenas como uma "tentativa", ou uma "brincadeira". É comum vermos as pessoas fazendo uma aposta na Mega Sena (principalmente quando acumula!), comprando uma raspadinha, e até mesmo fazendo pequenas apostas (com valores irrisórios) em jogos de cartas entre amigos, bem como outros tipos de jogos com apostas pequenas. Entretanto, dentre a grande maioria das pessoas que conseguem lidar com o comportamento de jogar de maneira saudável, existem algumas pessoas que sofrem de grande descontrole, e são levadas pelo comportamento compulsivo de jogar, sem se impor limites e muitas vezes sem aceitar limites externos, chegando a comprometer sua renda, seus compromissos financeiros, sociais e até familiares para conseguir sustentar o seu hábito compulsivo de jogar.
O comportamento de jogar compulsivamente é considerado pela Organização Mundial de Saúde como Transtorno dos Hábitos e dos Impulsos, e é chamado de Jogo Patológico. O transtorno consiste em episódios repetidos e freqüentes de jogo que dominam a vida do sujeito em detrimento dos valores e dos compromissos. Algumas das características desse comportamento incluem a preocupação em jogar, a necessidade de apostar quantias crescentes (afim de atingir a excitação desejada), esforços repetidos e mal sucedidos de controlar, reduzir ou parar de jogar, jogar para recuperar perdas passadas, mentir para encobrir a extensão do envolvimento com os jogos, podendo chegar à realização de atos ilícitos para financiar os jogos, ocorrendo ainda o comprometimento ou perda de relacionamentos pessoais ou ocupacionais em virtude do jogo, e dependência dos outros para obtenção de dinheiro para o pagamento dos débitos.
Além das características mencionadas, os jogadores patológicos, na maioria das vezes, mostram-se excessivamente confiantes, por vezes chegando a serem ríspidos, arrogantes, são também muito enérgicos e gastadores. Também é possível observar que existem sinais óbvios de estresse pessoal, ansiedade e depressão. Para a pessoa viciada em jogos, é comum a crença de que o dinheiro é tanto a causa quanto a solução para todos os seus problemas. A medida que o comportamento de jogar aumenta, são forçados a mentir para obterem mais dinheiro e continuarem jogando, enquanto escondem a extensão desse comportamento. Essas pessoas não conseguem fazer qualquer tentativa séria de planejar sua vida financeira ou economizar. Quando seus recursos emprestados terminam, tendem a apresentar comportamentos anti-sociais, a fim de obterem mais dinheiro para jogar. Quando chegam a desenvolver o comportamento criminoso para obtenção de dinheiro, tipicamente não são violentos, mas é comum envolverem-se com falsificação, fraude ou estelionato, com a intenção consciente de devolver ou repor o dinheiro.
O curso desse transtorno tem altos e baixos, e tende a ser crônico. Considera-se que há três fases importantes no ciclo do jogo patológico: primeiro a fase do ganho que é marcada por uma grande vitória e que prende o paciente, depois vem a fase da perda progressiva em que o paciente passa a estruturar a sua vida em torno do jogo e costuma endividar-se, e por fim vem a fase do desespero em que a pessoa começa a apostar freneticamente grandes quantias eixando de pagar suas dívidas e envolvendo-se com agiotas e criminalidade. Estima-se que leve cerca de 15 anos para o indivíduo atingir a fase do desespero, mas esta última fase costuma levar de um a dois anos para levar a pessoa a total deterioração.
As complicações incluem afastamento da família e amigos, perda de bens conquistados durante a vida, tentativas de suicídio e associação com grupos marginais e ilegais. É importante lembrar que a detenção por crimes não violentos também podem levar à prisão. 
A pessoa que sofre desse transtorno deve buscar ajuda profissional de Psicólogos e Psiquiatras, afim de realizar um tratamento sério para reequilibrar o seu funcionamento biopsicossocial. O tratamento também pode envolver o afastamento dos lugares onde a pessoa poderia ter acesso a jogos.



11 de set. de 2010

FOR WOMAN - O JEITO FEMININO DE SER NA PAQUERA

Fiz esse artigo em 2010, atendendo pedidos de leitoras e pacientes. Inicialmente resisti um pouco, pois parecia mais algo como um artigo de revista feminina, mas aos poucos fui ponderando o quanto as pessoas as vezes se sentiam perdidas e solitárias, não me custava compartilhar essas dicas... Por fim publiquei, mas ficou online apenas alguns meses, e logo o conselho censurou e me pediu para tirar do ar por não ser um conteúdo "científico". Bem, passaram-se uns 13 anos desde então, e eu nunca paguei de verdade, só deixei guardadinho. E hoje me lembrei desse arquivo, pensei em tudo que aconteceu nesses últimos anos, na dificuldade das pessoas em encontrar bons relacionamentos, no surgimento dos aplicativos de encontro, em outros pacientes que passaram pelas mesmas angústias, nos movimentos ativistas e militantes, e o quanto o próprio conselho chegou a apoiar tais movimentos abertamente. Bem, resolvi publicar novamente, e sim, não é nada "científico", e sim ele é bem "empírico" (baseado na prática). A linguagem está bem desatualizada, não fiz revisão (intencionalmente), mas espero que possa ser útil de alguma forma para quem se interessar.



Toda mulher gosta de sentir-se interessante, não importa se está casada ou solteira. Mas para isso, ela deve treinar o seu poder de sedução: sempre. Muitas vezes as mulheres não conseguem desenvolver naturalmente essa capacidade por se dedicar à outros assuntos como trabalho, filhos..., ou mesmo acabam “esquecendo” como se faz isso após um longo relacionamento. Ainda bem que nunca é tarde para começar (ou recomeçar! rs). As dicas serão mais voltadas às mulheres solteiras, em busca de um possível companheiro, mas as compromissadas também podem aproveitar muitos dos ensinamentos!
No mundo da paquera a competitividade é muito grande, e é lógico que a aparência conta muito antes do primeiro contato. A beleza é importante, e mesmo que a mulher esteja um pouco acima do peso, não é desculpa para desistir (vide http://psiquecarol.blogspot.com/2010/07/beleza-bem-estar.html). A mulher deve se arrumar, dicas valiosas são: use vestido pois é mais feminino e sensual (escolha um com bom corte, que a valorize), use maquiagem discreta (como brilho gloss, sombra clara, pouco lápis de olho e rímel bem aplicado para não ficar grosso e borrado, se precisar de base, use uma que fique o mais natural possível), tenha unhas bem feitas (não precisa ser artística, mas limpa e bem feita, nada de cutículas e esmalte quebrado), não se enfeite demais (cuidado nos acessórios!) e cuide bem do cabelo (um bom corte e escova bem feita para dar movimento e brilho aos cabelos). E lembre-se: sorria! De nada adianta ser a mulher mais bonita e bem arrumada se ficar de cara emburrada.
O local onde vai paquerar é outro ponto importante. Escolha locais badalados e condizentes com o público que você está à procura (mulheres maduras não vão buscar locais de adolescentes por exemplo). Quanto mais cheio o local, maior a interação entre as pessoas e maior suas chances. Chegue cedo para poder escolher bem o seu local, o melhor é a parte central ou a mais alta pois permite melhor visibilidade. Sua postura será muito importante nesse momento, pois além de poder ver bem todos que estão no local, você também estará sendo visualizada. Você precisa chamar atenção, se preciso fique de pé com suas amigas. Sorria discretamente, movimente o olhar com delicadeza e discrição para observar quem está à sua volta, até que identifique alguém que lhe interesse, e que aparentemente se interessou por você também. Para não ficar com as mãos nervosas, como quem não sabe o que fazer, é bom sempre estar segurando uma taça (mas não beba demais para não fazer besteira e depois se arrepender). Às vezes movimentar-se é bom, por isso mesmo sem estar com vontade vá ao banheiro só para passar em frente aos rapazes, pois pode facilitar a aproximação.
A postura discreta e comedida é importante, você não está numa micareta, e a mulher difícil acaba parecendo mais interessante. Caso comece a flertar com um rapaz e perceba que ele está de olho em outras garotas também, deixe-o de lado. O objetivo é flertar, conversar e dar o seu telefone para algum homem interessante. Nada de beijinho nesse primeiro momento. Algumas vezes a mulher quer simplesmente sair e se divertir, não está interessada em nada sério, e daí tudo bem dar uns beijos sem compromisso, mas sabendo que há grandes chances do rapaz não ligar depois.
Beleza não é garantia de se dar bem, ela é só um chamariz (todos somos visuais, por isso se arrumar direitinho é importante), mas depois da aproximação a conversa interessante e o charme é o que conta mais. Nesse momento lembre-se de usar assuntos leves, sorrir e ouvir o que ele tem a dizer, os homens entregam suas intenções nas entrelinhas e ninguém gosta de “tagarelas”. Não se esqueça que o rapaz não é seu confidente e nem seu amigo de infância. No final, por mais que seja dolorido, vá embora antes dele, não permita que ele a leve em casa, dê alguma desculpa como uma reunião no dia seguinte, estar junto com as amigas, etc. E mais: não peça o telefone dele em hipótese alguma, ele pedirá o seu. Nos próximos dias ele ligará. Caso ele não pegue o seu telefone, é porque não rolou a química e não irá adiante, então nem adianta ter o telefone dele e ficar ligando para forçar uma situação.
Regrinha de ouro: “Vá embora antes dele e nada de beijinhos!” - pode parecer antiquado, mas se trata de foco em objetivo: você quer um relacionamento ou um "ficante"? A construção de relacionamentos pode sim as vezes começar algo físico, mas na grande maioria das vezes o relacionamento começa quando as pessoas estão dispostas a se conhecerem melhor.

Dicas

*Vá de vestido, que é muito mais feminino do que calça comprida.

*Use maquiagem leve e sem exageros, porque os homens se intimidam diante de mulheres muito enfeitadas.

*Na hora de escolher aonde ir, opte por um lugar badalado, onde a população masculina e feminina seja equilibrada.

*Não beba demais para evitar arrependimentos desnecessários.

*Ao escolher onde ficar na boate, dê preferência aos lugares centrais ou mais altos.

*Reconheça o ambiente e identifique de quem você gosta e quem aparentemente gostou de você.

*Mesmo que não esteja com vontade, vá ao banheiro, pois passar ao lado dos rapazes pode ajudar na aproximação.

*Troque olhares e dê sorrisos discretos. Nada de gargalhadas altas.


*Cruze as pernas.

*Mexa no cabelo.

*Não cruze os braços (segure uma taça).

*Coloque alguma barreira ou algum grau de dificuldade entre ele e você.

*Converse sobre assuntos leves: ele não é um padre com quem você deve confessar, nem um amigo de infância.

*Não peça o telefone dele. Ele vai pedir o seu, e se não pedir é porque não se interessou o suficiente, portanto não vale a pena insistir.

*Por mais que seja doloroso, vá embora antes dele (o gostinho de "quero mais" ajuda bastante).

31 de ago. de 2010

Tristeza não é Depressão

É muito comum ouvirmos as pessoas dizerem “me sinto deprimido hoje”, sem que de fato estejam deprimidas. Muitas vezes essa expressão reflete apenas uma tristeza temporária. A depressão é um transtorno psiquiátrico grave, faz com que a capacidade de percepção da realidade seja distorcida, muito diferente da tristeza, que é um sentimento humano normal e não compromete a capacidade de raciocínio. A seguir algumas diferenças entre depressão e tristeza:


Depressão é um transtorno do humor grave, faz com que a capacidade de perceber a realidade e fazer julgamentos fique distorcida.

Tristeza é um sentimento humano normal e saudável, é a resposta emocional correta à frustração, decepção, perda ou fracasso. Não compromete a capacidade de raciocínio e desempenho cognitivo normal.

Depressão é uma doença com sintomas físicos e psíquicos bastante claros e intensos, que independem de um motivo aparente ou que é desproporcional e anormalmente duradouros para o evento desencadeador.

Tristeza diminui com o tempo, retornando apenas quando sua motivação é relembrada.

Depressão pode surgir após uma perda ou situação desagradável, mas comumente não está associada a um evento que a justifique. Mesmo nos casos em que está relacionada a fatores precipitantes, a intensidade e a duração são desproporcionais à magnitude do estímulo. Muitas vezes em um primeiro episódio é possível identificar um evento desencadeador, mas nos demais episódios esse motivo desaparece e a depressão segue um curso próprio e independente dos fatores externos.

Tristeza ocorre em resposta a estímulos desfavoráveis do ambiente. É uma reação vital natural, normal e adaptativa, característica das situações de perda.

Tristeza permite que as pessoas percebam situações positivas ou notícias favoráveis e se alegrem com isso.

Depressão faz com que mesmo os acontecimentos positivos sejam percebidos como negativos.

Tristeza tem duração limitada e melhora com o tempo.

Depressão pode durar meses, anos, ou até a vida inteira.

Tristeza é facilmente compreensível, por ocorrer em resposta a uma situação claramente identificada.

Depressão muitas vezes atinge pessoas sem problemas, em alguns casos até em situação invejável.

Tristeza não dá vontade de suicidar.

Depressão pode levar ao suicídio. Estima-se que 15% dos deprimidos graves cometem suicídio.

Tristeza é controlável com alguma força de vontade. As pessoas tristes geralmente buscam situações e companhias que as alegrem.

Depressão faz com que as pessoas sintam-se sem forças para buscar estímulos prazerosos, e quando percebem sua incapacidade de alegrar-se, reagem com irritabilidade e aumento da sensação de mal-estar.

É comum que familiares e amigos tentem exortar o paciente a fazer algo para animar-se. Tal iniciativa é sem dúvida, meritória, porém pode produzir consequencias funestas. Um exemplo frequente é o do deprimido que é obrigado a comparecer a uma festa de família e não consegue se divertir. Além da irritação pela incapacidade de usufruir a situação prazerosa, as pessoas com depressão podem sentir-se culpadas numa situação como essa por “estragar a festa”. A dica é: deixem em aberto, convidem mas não obriguem, deixem que a pessoa decida se deve ir ou não.

Extraídos do livro “Questões Atuais sobre DEPRESSÃO” de Antônio Egidio Nardi.

24 de ago. de 2010

AVANÇOS NO TRATAMENTO DA DEPRESSÃO

Hoje existe um amplo leque de opções em tratamento para a depressão. Existem modernos medicamentos, terapias psicológicas, eletroconvulsoterapia digital, e até cirurgia de implante cerebral! Bem diferente dos tempos dos medicamentos cheios de efeitos colaterais, dos profissionais que ainda descobriam como tratar esse transtorno, hoje não faltam meios especializados de lidar e superar esse problema de saúde mental.

Existem medicamentos para realizar o balanceamento da seretonina, noradrenalina, dopamina, entre outros hormônios envolvidos no processo depressivo. Esses medicamentos, mais modernos, podem até eliminar os sintomas da depressão e oferecer maior qualidade de vida. Na nova geração de antidepressivos existe maior segurança e menos efeitos colaterais, o que também aumenta a aderência dos pacientes ao tratamento. É importante ressaltar que esses medicamentos não curam a depressão, apenas eliminam os sintomas e tem efeito temporário, ou seja, não são eternos os efeitos. Por isso é importante que o paciente associe o uso da medicação com psicoterapia.

Atualmente a bioengenharia desenvolveu marcapassos cerebrais (até então utilizados no tratamento de Parkinson). Há alguns meses foi implantado o primeiro marcapasso cerebral para tratamento de depressão crônica, nos Estados Unidos, e por enquanto a experiência tem sido bem sucedida. A mulher que recebeu o equipamento descreve a experiência “como se a nuvem preta que me acompanhou por toda a vida tivesse ido embora e finalmente posso ver a vida colorida e sentir prazer, alegria e o sabor da comida”. Essa é uma tecnologia ainda experimental, mas podemos imaginar como uma luz no final do túnel para aquelas pessoas que sofrem da versão mais agressiva do trantorno.


Certamente a melhor opção em tratamento disponível hoje é a associação de medicamentos antidepressivos e terapia psicológica. Tratar um paciente somente com um tratamento ou outro, ou seja, somente com o acompanhamento medicamentoso, ou somente com o tratamento psicológico é uma prática condenável que expõe os pacientes a riscos desnecessários, inclusive de suicídio.

Uma opção de alívio em episódios de intensidade grave e permanência prolongada é a ECT (eletroconvulsoterapia). Vale lembrar que este é um recurso utilizado apenas quando não se consegue resultados com as medicações e terapia combinadas. É um recurso eficaz e hoje muito seguro, com equipamentos e técnica modernizada. Em clínicas especializadas a aplicação é acompanhada por uma equipe multidisciplinar e utiliza equipamentos digitais modernos. Não existem mais cenas como a do filme “Bicho de 7 cabeças”com Rodrigo Santoro, em que a utilização indiscriminada e irresponsável da ECT produz lesões cerebrais significativas. A indicação no momento correto pode evitar que uma pessoa cometa suicídio.

No tratamento de um paciente depressivo, a participação familiar, oferecendo apoio e compreensão é essencial na redução do sofrimento da pessoa, bem como facilita a adesão ao tratamento. Posturas hostis, indiferentes e preconceituosas aumentam os sentimentos de culpa e pioram a precária auto-estima dos pacientes, comprometendo a adesão ao tratamento, geralmente por exortações do tipo: “largue esse remédio, você pode superar isso com força de vontade!”. Depressão não é falta de “força de vontade”, na verdade o que não falta é vontade de superá-la logo. Os familiares e amigos podem contribuir muito oferecendo conforto, observando sintomas e evolução do tratamento (o depressivo tende a ver tudo de maneira negativa, não conseguindo perceber seus avanços significativos). Não se trata de oferecer “incentivo” ao comportamento depressivo, mas demonstrar compreensão de que a depressão é uma doença que exige tratamento médico e psicoterapêutico.

23 de ago. de 2010

UMA BREVE HISTÓRIA DA DEPRESSÃO: entenda os preconceitos


O histórico da depressão é muito importante para entendermos porque as pessoas desvalorizam tanto esse problema grave. Se engana quem pensa que a depressão é uma doença da moda, ou uma doença nova, dos tempos modernos. A depressão atinge a humanidade há milhares de anos. Podemos encontrar referências à esse transtorno entre os escritos de Hipócrates, Platão, Shakespeare, Homero, Fairet e até mesmo na Bíblia Sagrada. Na Grécia Antiga a tristeza profunda acompanhada de afastamento da realidade externa, sentimentos de culpa exagerados e tendências suicidas, era conhecida por Melancolia. Hipócrates (um antigo pensador grego) atribuía a causa da depressão ao acúmulo de bile negra no organismo, e o tratamento consistia em expurgantes, o que não ajudava nada. Platão descreveu a mania ou a fúria dos poetas como sendo um estado de excitação. Homero descreveu em Ilíada um herói desfavorecido pelos deuses que “...vagava sozinho, a alma por dentro a roer e a fugir do convívio dos homens...”. Na Bíblia Sagrada vemos referências à natureza depressiva do rei Saul, como também há uma descrição interessante da depressão no Livro de Jó. Areteo de Capadócia (50 – 130 A.D.) considerou que as síndromes maníacas e depressivas constituiam um só transtorno, diferenciando apenas síndromes somáticas (acúmulo de atrabílis) e reativas (mal do amor).
Entretanto, na Idade Média a censura da Igreja ao pensamento greco-romano fez cessar a busca pelo conhecimento científico-natural, fazendo surgir então o pensamento mágico religioso. Foi nesse período que as doenças receberam a conotação de pecado, vício e problema ético-moral. Sendo assim, todos os doentes psíquicos (inclusive os depressivos) foram incluídos entre os feiticeiros, possuídos, e ociosos. Essas teses religiosas, apesar de infundadas influenciam até os dias de hoje o pensamento popular sobre os distúrbios mentais. Ou seja: grande parte da população acredita que a depressão possa ser fruto de influência demoníaca, ou ociosidade, e que o remédio para a depressão seja trabalhar.
Nos últimos anos a “DEPRESSÃO” popularizou-se ainda mais, tanto por ser um transtorno psiquiátrico importante, que teve grandes avanços científicos e tecnológicos de diagnóstico e tratamento, quanto pela gravidade e abrangência epidemiológica, pois hoje ela atinge cerca de 20% da população mundial e pode levar a pessoa a cometer suicídio.
Existem muitos preconceitos e informações inverídicas que sustentam um comportamento populacional inadequado. É preciso ler, entender, conhecer a Depressão, pois certamente em algum momento da vida todos irão conviver com ela, seja sofrendo pelo transtorno, seja convivendo com alguém que sofre.
Confira a próxima postagem em que explicarei um pouco sobre como a depressão age no cérebro, corpo e comportamento das pessoas.