26 de abr. de 2016

Ansiedade

Como eu já havia mencionado na postagem sobre o ACALME-SE, a ansiedade faz parte das nossas vidas, precisamos dela para fazermos o nosso melhor, nos empenharmos nas tarefas, e até mesmo para sair da cama pela manhã! A ansiedade é parte de nossas emoções evolutivas, portanto necessária e saudável. Existem pessoas que são mais ansiosas por natureza, é só lembrar daquelas pessoas que são bem agitadas, como que funcionando com voltagem 320, enquanto o restante das pessoas funciona com a voltagem 110. Essa característica não significa um problema em si, muitas pessoas podem funcionar de forma saudável assim.
As pessoas deveriam aprender a lidar com a ansiedade (bem como todos os outros sentimentos), desde cedo na vida, ainda na infância. A própria família deveria ser capaz de dar as ferramentas necessárias: exercitar a empatia, a compaixão, o teste de realidade, o consolo, a capacidade de reparar e buscar soluções realistas, e a capacidade de relaxar. Entretanto nem sempre as famílias são bem sucedidas, e nesses casos, uma pessoa que tenha a personalidade um pouco mais ansiosa, irá intensificar esses sentimentos, tornando-se constantemente preocupada, angustiada, e muito ansiosa... A ansiedade elevada pode levar a pessoa a desenvolver diversos transtornos mentais se não for tratada logo. Pode causar depressão, transtorno de ansiedade generalizada, transtorno obsessivo compulsivo, transtornos fóbicos, transtorno do pânico, transtorno de compulsão alimentar, gastrite nervosa, etc... Por isso é importante que a pessoa avalie seu nível de ansiedade, pois se alguma esfera de sua vida está sendo prejudicada devido sua ansiedade (familiar, profissional, amorosa,  social, financeira), então é necessário buscar um tratamento psicológico o quanto antes.
O tratamento cognitivo comportamental da ansiedade visa a ensinar ao paciente, a lidar com a ansiedade, desenvolver a habilidade de relaxar e conviver com a ansiedade, melhorar a qualidade dos pensamentos, do teste de realidade, bem como desenvolver habilidades necessárias para o manejo das emoções. Quanto antes o tratamento é iniciado, mais fácil e rápido se atinge os objetivos, entretanto quando se prorroga o inicio dos cuidados, outras morbidades psíquicas podem se desenvolver associadas a ansiedade, dificultando muito o processo terapêutico, que se tornará mais difícil e longo.
Uma excelente dica de manejo da ansiedade está no post ACALME-SE, leia lá como um complemento ok!
Bjs e relax! ;-)

25 de abr. de 2016

Psicologia Inversa

Hoje vamos falar sobre a psicologia inversa, que é muito falada entre as pessoas e profissionais de comunicação, conhecida por ser uma técnica de persuasão, ou de manipulação... Depende do ponto de vista e do uso... Teoricamente você poderia convencer uma pessoa a fazer algo, dizendo a ela para fazer exatamente o oposto. Vamos testar: NÃO PENSE EM UM AVIÃO VERMELHO! Todos são obrigados a pensar num avião vermelho, até mesmo para não pensar. 
Usar a inversão para fazer pensar é mais fácil do que levar uma pessoa a agir. Isso funcionaria melhor com aquelas pessoas pessoas mais reativas, ou rebeldes, pois essas poderiam ser impelidas a se comportar com o inverso do que é dito, simplesmente por não aceitarem receber ordens. Mas o efeito é questionável, pois se você disser à um adolescente “não arrume o seu quarto”, ou “não estude matemática”, claro que o adolescente não vai arrumar o quarto e nem estudar. Por esse motivo, a psicologia reversa não é assim tão famosa entre os psicólogos, já que a sua eficácia é duvidosa, e o efeito provocado por essa técnica não se sustenta por um tempo satisfatório (logo a pessoa percebe que está sendo manipulada), além de gerar outros problemas nos relacionamentos e na comunicação. Isso pois a própria técnica da psicologia inversa exige que o praticante desperte sentimentos negativos na pessoa que quer manipular, para que essa queira contrariar o que for falado. Isso acaba por gerar conflitos, despertando sentimentos de aversão da pessoa que recebe o comando invertido para com a pessoa que envia a ordem inversa, o que desgasta o relacionamento entre as pessoas. 
Nos relacionamentos portanto, quando você percebe que a outra pessoa não quer fazer algo que é importante para você, antes de tentar manipulá-la com a psicologia inversa, tente se colocar no lugar do outro, entender o porquê dessa pessoa estar agindo assim, até mesmo para saber o quanto de colaboração pode esperar do outro, e como abordar o tema de forma mais eficiente. Como por exemplo pedir a um adolescente para arrumar o guarda roupas, é preciso pensar que para ele essa é uma tarefa cansativa, enfadonha e que ele julga desnecessário. Você poderia deixar ficar muito bagunçado até que ele não consiga achar mais nada, e então mostrar a importância de manter arrumado, ou pedir que ele encontre um objeto que está no guarda roupas dele, mas sumido entre a bagunça.
Algumas pessoas as vezes podem se sentir tentadas a usar a inversão com crianças pequenas quando percebem que ela faz exatamente o oposto do que é pedido, mas não se enganem, o comportamento da criança é um “teste” de limites que ela está fazendo, se você começar a usar a comunicação inversa, vai chegar uma hora que a habilidade de comunicação e compreensão dessa criança estará comprometida, de forma que ela não saberá se o inverso de guarde seus brinquedos, é não guardar ou guardar.
Por isso, apesar de ser fascinante a idéia de manipular a mente alheia, lembre dos perigos e problemas que envolvem o uso da psicologia inversa. Procure desenvolver comportamentos mais saudáveis, como a assertividade e a empatia!
Um grande abraço para todos!

*esse foi o tema da entrevista para o programa de rádio do Francisco Barbosa, na 96FM, em 26/04/2016 às 9:40.

1 de mai. de 2013

Trabalhar para viver ou viver para trabalhar?


1 de maio, dia do trabalho, dia de comemorar as leis trabalhistas que garantem ao cidadão brasileiro uma série de direitos e medidas de higiene de trabalho. Esse é o dia comemorar o trabalho, seja ele qual for. Todos trabalham de alguma forma, mas culturalmente o trabalho é considerado uma forma de tortura. Como pode uma fonte de realização se transformar em tortura?
Alguns crêem que Deus amaldiçoou o trabalho no Éden, mas veja como isso não é verdade: O homem que teme a Deus, comerá do seu trabalho, e feliz será (Salmo 128.1-2). Trabalho não é maldição, é um instrumento abençoado para complementar a vida do homem. O trabalho é fonte de bênçãos, realização, reconhecimento, socialização e até felicidade!
O problema é quando a pessoa vive para o trabalho, pois assim deixa de viver as outras partes importantes de sua vida como o lazer, a família, etc. Assim como a pessoa que não gosta e não se dedica ao trabalho viverá as consequências dessa escolha, a pessoa que só vive para o trabalho também sofrerá com isso. Esse problema é considerado um "vício em trabalho", chamado de workaholic na literatura profissional.
Um workaholic inicialmente irá vivenciar uma certa euforia, pois com sua dedicação integral terá um alavancamento profissional diferenciado. O problema é que isso não vai muito longe, pois enquanto a vida profissional está em plena ascensão a vida pessoal, familiar, afetiva e social, bem como a saúde física e mental estão indo ralo abaixo. O maior engano é que se ficar mais tempo no trabalho se sentirá melhor, produzirá mais e terá sucesso, ao menos no trabalho. O excesso de tempo no trabalho produz um acúmulo prejudicial de estresse. Isso reduz a capacidade de concentração e lentifica os processos cognitivos de aprendizagem e criatividade, reduzindo assim o potencial produtivo. Além disso, o estresse acumulado também interfere na qualidade do sono e do humor, fazendo com que a pessoa se torne menos sociável, reduzindo os seus indicadores de felicidade... Os passos seguintes na vida de uma pessoa viciada em trabalho são: solidão, tristeza, melancolia e vazio existencial, bem como o padecimento físico. As doenças mais comuns associadas a esse problema comportamental são as ortopédicas, digestivas, cardiológicas e psicológicas. No campo das doenças psicológicas encontramos os quadros de ansiedade generalizada e depressão como as principais encontradas nos consultórios. Com isso a ascensão parou, e a vida produtiva vai chegando ao fim, muito cedo...
O problema não é a dedicação ao trabalho, mas a falta de dedicação às demais coisas, que são sempre colocadas em último plano. Depois eu dou atenção aos meus pais, até o dia que eles não estão mais disponíveis. Depois dou atenção ao cônjuge, até o dia que pede divórcio. Depois dou atenção aos filhos, até que eles saem de casa... Depois vou ao médico....
Para tudo na vida há tempo, há o momento de trabalhar, e esse é chamado de horário de expediente, que quando é encerrado se inicia outro expediente, onda sua vida pessoal. Saber balancear entre profissional e pessoal, trabalho e lazer é o que garante uma vida feliz e plena além de garantir sucesso profissional também.

Tudo que vier às suas mãos para fazer, faze-a conforme as tuas forças – eclesiastes 9.10





7 de mar. de 2013

Como familiares podem ajudar pessoas deprimidas.

O apoio familiar ao paciente com depresão representa 60% a mais de chances da pessoa vencer a depressão. Entretanto a maioria das pessoas não sabem o que é a depressão, nem como ajudar, e acabam usando os recursos que tem, sem buscar ajuda para saber como ajudar!
Isso mesmo, receber ajuda para poder ajudar!

A depressão é um transtorno do humor grave, com prevalência média de 14,6% entre a população (fonte: ONU, 2012). No entanto o desconhecimento sobre essa doença, bem como os preconceitos à ela associados, dificultam o diagnóstico precoce e o tratamento eficaz, o que provoca a piora dos sintomas dificultando ainda mais o tratamento, e prolongando o sofrimento das pessoas.
As famílias que tem um membro portador de depressão, podem desempenhar um papel fundamental na vida desse indivíduo, auxiliando na melhora dos sintomas da doença. Mas para poder ajudar é preciso repensar muitos conhecimentos e preconceitos.
É importante que não se negue a existência da depressão, não desestimule a pessoa a fazer o tratamento, nem desmereça o que a pessoa sente. Depressão é uma doença grave e sem cura, que pode levar ao suicídio, sendo essa a oitava causa de morte entre os adultos. Esse transtorno não pode ser controlado apenas com a "força do pensamento" nem com o trabalho exaustivo, assim como a hipertensão e a diabetes, que também são doenças graves e sem cura, cujas causas ainda são desconhecidas, tal qual a depressão. Ou por algum acaso, alguém já foi curado de hipertensão com o pensamento positivo, ou com o trabalho exaustivo?
Assim como no caso da diabetes, da hipertensão e de outras doenças do gênero, a pessoa com depressão pode conquistar uma qualidade de vida e bem estar caso siga corretamente o tratamento psicoterapêutico e medicamentoso (é importantíssimo realizar os dois, pois um sem o outro seria como o diabético que usa a insulina mas não faz dieta). Nesse contexto é que o papel da família é primordial, pois a atitude compreensiva, incentivadora e realista, irão diferenciar exponencialmente os resultados positivos do tratamento. É uma atuação delicada, pois o limiar entre o correto a se fazer e o errado é bem difícil de distinguir num primeiro momento, mas com boa orientação é possível se sairem muito bem! É preciso acolher e compreender, sem ceder e aceitar às demandas negativas e restritivas da depressão, para isso a família irá precisar de muita ajuda, para saber como agir. Em primeiro lugar é preciso conversar com os profissionais que estão trabalhando com seu familiar. O médico poderá lhe ajudar explicando as reações esperadas da medicação, e quais aspectos é preciso observar em casa, quando pedir ajuda, etc. Ter uma conversa franca e aberta com a psicóloga, sobre como tem se sentido, suas expectativas e frustrações em relação à pessoa, também ajudará muito pois ela poderá lhe explicar um pouco mais sobre a depressão, alguns comportamentos que podem ajudar o relacionamento familiar no dia a dia, e ainda indicar bons livros para que vocês leiam e entendam melhor o que ocorre dentro de sua família. É essencial que todos APRENDAM sobre a depressão, pois apesar do muito que se fala quase nada é verdade, e isso atrapalha e frustra todos os envolvidos. Na hora de buscar conhecimentos, é importante que se use fontes confiáveis, bons livros (normalmente os recomendados pelo médico e pela psicóloga são mais confiáveis em seu conteúdo, bem como específicos ao que tem enfrentado), os sites precisam ser de fontes idôneas, os oriundos de profissionais especializados são os indicados, ou seja sites desenvolvidos por médicos e psicólogos. Esse conhecimento será muito útil para a família, afim de saber o que esperar e como agir diante a depressão da pessoa que lhe é tão próxima, além de poder compartilhar esse conhecimento com a pessoa deprimida, que na maioria das vezes tem suas funções cognitivas (concentração, aprendizado e memória) afetadas pela depressão, e por isso não será capaz de ler esses conteúdos sem ajuda.
A família deve também oferecer conforto, ao mesmo tempo que serve como uma consciência auxiliar no teste de realidade ao paciente com depressão. Ou seja, compreender, mostrar que a pessoa não está sozinha, mas esclarecer quais são os fatos e não dar subsídios para a pessoa ceder completamente à depressão. Não adianta forçar a pessoa a sair da cama se ela não tem energia, nem forçar a pessoa a sair e conversar com todos se a pessoa quer ficar sozinha, mas é preciso abrir as portas e convidar, bem como não abrir mão de fazer as coisas porque a pessoa não quer. Conversar com o deprimido e contar as coisas dinâmicas, interessantes ou divertidas que tem vivenciado, mostrando que essa pessoa poderia ter participado e como poderia ter participado também ajuda, pois pode ser um incentivo. Muitas vezes além da pouca energia, o deprimido acredita não ser capaz de interagir com as pessoas.
Por fim, e não menos importante, a atuação da família se estende também ao tratamento médico e psicológico do deprimido, ao ponto que a família pode observar sem as influências do pessismo da depressão, os sintomas que o paciente tem apresentado e deixado de apresentar, bem como avaliar a evolução do tratamento, afim de dar um feedback a esses profissionais, para que se possa adequar bem o tratamento ao paciente.


30 de jan. de 2013

Saudade



Trata-se de uma palavra que existe somente nas línguas galega e portuguesa, que descreve a mistura de sentimentos relacionados à falta, perda, amor, tristeza e nostalgia. Essa expressão surgiu há séculos atrás, no período das grandes navegações, entre as famílias de embarcados, para expressar os sentimentos que tinham relacionados aos entes ausentes.
A saudade é um sentimento natural, assim como a alegria e a tristeza. Pesquisadores sugerem que alguns animais (normalmente mamíferos) sejam capazes de experiênciar esse sentimento também. Como todo sentimento natural, é um sentimento saudável e importante na manutenção da saúde mental desde que sempre esteja equilibrado, permitindo que possamos experiênciar outros sentimentos também, conforme o momento e as circunstâncias.
Podemos experimentar saudade de diversos modos e intensidades. Pode-se sentir saudades de objetos perdidos, animais de estimação, comidas, filmes, perfumes, pessoas amigas, pessoas amadas, lugares onde estivemos, etc... E também existe a saudade que fica após termos perdido um ente querido devido falecimento, e este tipo de saudade é muito diferente, por envolver um processo de luto.
Quando temos saudade de algo que podemos recuperar, esse sentimento é nostálgico, embora possa ser saciado "matando a saudade", o que pode trazer sentimentos e emoções muito agradáveis. Entretanto a saudade que se experimenta devido um processo de luto, essa não poderá ser saciada, e por isso é muito importante conseguir desenvolver um processo de luto saudável, concluindo os ciclos necessários para a resolução desses sentimentos. Esses ciclos normalmente envolvem negação, raiva/revolta e por fim aceitação/superação. É importante que a pessoa possa compartilhar seus sentimentos e pensamentos, ser acolhida em sua dor. Normalmente desabafar junto aos outros enlutados é muito positivo, já que a dor compartilhada é dor diminuída. É confortante saber que não estamos sozinhos com a nossa dor, que há outras pessoas que estão passando pela mesma dor e tristeza que nós, e que podem nos compreender. Nessa troca ainda há mais benefícios, pois em grupo pode-se perceber no outro aquilo que não conseguimos perceber em nós mesmos, que mesmo com o sentimento de ausência, a dor e a tristeza, a vida continua e todos somos capazes e superar e seguir adiante. Fazemos isso naturalmente e não os damos conta, pensamos estar sufocados pela dor, mas ao vermos os outros superando, isso nos dá forças e ânimo.
Nas situações mais extremas como o enlutamento, os rituais religiosos são muito importantes para os indivíduos conseguirem se despedir do ente querido, obter conforto na ausência dos amados, e prosseguir na vida. O que em alguns momentos da vida pode parecer ilógico, na hora do luto é o que pode conseguir trazer algum significado à vida. O ato do velório, um momento onde os vivos se reúnem para despedir do ente falecido, e ali choram, se entristecem, lembram da vida daquela pessoa e dos fatos que as marcaram, esse é um processo de despedida, onde as pessoas vão elaborando suas emoções para começar a lidar com essa ausência definitiva. A seguir vem o enterro, que também possui seus significados, muito além de uma medida higiênica adotada há séculos quando da formação das primeiras cidades, o ato de enterrar finaliza a despedida, o adeus final. Momento muito delicado, triste, decisivo para as pessoas que se despedem, e nesse momento os atos religiosos mais uma vez são os capazes de trazer algum conforto e sentido à vida, na medida em que trazem significado à terra "da terra vieste e à terra retornarás", e na crença do pós vida, onde poderemos reencontrar um dia as pessoas amadas.
Esses processos devem ser respeitados, pois irão determinar uma recuperação mais rápida quando tudo acabar.
Entretanto, saudades que prendem a pessoa a uma vida que não existe mais devem ser tratados como processos patogênicos. Uma pessoa que não consegue superar o falecimento de um ente e vive em reclusão, continuamente triste, sem querer voltar a viver as alegrias do dia a dia, necessita de cuidados psicoterapêuticos, e muitas vezes acompanhamento médico também. Ou então a pessoa apegada à vida que teve num passado distante, ou em um local distante, e simplesmente não conseguem se adaptar e viver felizes e satisfeitas com a vida presente. Essas pessoas tem muita resistência a mudanças, e muita dificuldade de se adaptar. A necessidade nesses casos é de acompanhamento psicológico e análise da necessidade de um acompanhamento médico, caso haja um transtorno do humor ou da personalidade instalado.
A saudade é saudável enquanto não impede que a pessoa experiêncie os demais sentimentos e eventos que a vida tem a oferecer. Quando a saudade começa a dominar a vida de uma pessoa, é hora de buscar um atendimento psicológico.
Bons pensamentos e bons sentimentos!



Consumismo, Shopaholics, Compradores Compulsivos, Síndrome de Sushma...

Vivemos em uma sociedade de consumo, onde expressamos nossa identidade e estilo de vida através dos bens que consumimos. Um antigo vídeo de treinamento para atendentes de lavanderia já dizia que "a roupa é muito importante afetivamente para seu dono, pois representa parte de sua identidade". Esse vídeo já expressava um conceito que em pouco tempo se tornou mais abrangente e arraigado em nossa cultura, o conceito de consumo. O consumo hoje não é apenas para a subsistência, tornou-se um determinador de personalidades e estilos de vida. Não somente as roupas e sapatos, mas também carros, casa, decoração, lugares que se freqüenta e serviços que utiliza, também entram no rol de consumo dos dias de hoje. Hoje o que é considerado consumo necessário vai muito além da subsistência, não se diferencia apenas por classes sociais, mas também por ideologias, estilos de vida, formas de expressar-se. Com toda essa extensão que ganhou o conceito de consumo, a linha que separa o consumidor saudável do shopaholic tornou-se bem mais tênue.
O padrão patológico de comprar foi descrito em literatura de saúde há mais de um século, por Kraeplin e Bleuler. Oniomania, shopaholic, comprador compulsivo, síndrome de sushma, entre outros nomes, trata-se de um transtorno mental do espectro obsessivo compulsivo, que provoca desordem do humor e alteração dos padrões de comportamento. Pode associar-se a outros transtornos ainda, como a depressão, o roubo patológico, a paranóia, podendo levar a pessoa ao suicídio. Isso sem contar uma série de outros problemas que esse transtorno traz, como o endividamento, a perda de crédito, falência, roubos, desfalques, destruição dos relacionamentos amorosos e familiares, etc.
O comportamento patológico é caracterizado por:
*Excessiva preocupação em comprar
*Aflição ou prejuízo como resultado da atividade
*O comportamento de comprar demais não está limitado a episódios de mania/hipomania.

A compra inicialmente proporciona a sensação de ser especial e reduz a sensação de solidão, entretanto logo em seguida a pessoa experimenta sentimentos de decepção e culpa, que acabam desencadeando outro episódio de compra. Outros sentimentos também estão associados, como raiva, estresse, vergonha, etc. Em muitos casos a pessoa chega a ter medo e/ou vergonha de assumir que fez a compra, esse sentimento pode assumir uma intensidade tal, que logo após a compra, a pessoa destrói o item afim de esconder dos familiares e amigos o que fez. O preço desses comportamentos é o fim da saúde mental, financeira e emocional.
Há ainda um outro fator muito importante a ser abordado: crianças que crescem em um lar onde ao menos um dos pais é um shopaholic. Essas crianças crescem com baixa auto-estima por não serem valorizados enquanto seres humanos, indivíduos. Ficam muito sozinhas pois o relacionamento parental, que deveria ser a referência de desenvolvimento, é subvertido pelos bens proporcionados de conforto, brinquedos e comida. Além do sentimento de solidão e baixa auto-estima, essas crianças aprendem padrões de relacionamento distorcidos, orientados para as coisas e não para as pessoas.
É necessário que o comprador compulsivo procure a ajuda de um psicólogo, realize o tratamento psicoterapêutico e médico, que envolverá consultas semanais de psicoterapia, e mensais e/ou quinzenais com o médico. Somente assim a pessoa será capaz de restabelecer seu equilíbrio financeiro, pessoal e familiar, resgatando os relacionamentos e a saúde perdida.


Novas entrevistas

Ontem no RJ 2a edição foi ar uma participação em entrevista ao vivo sobre a inclusão digital da terceira idade, os benefícios e cuidados.
Hoje para a rádio 99,3FM uma nova entrevista foi ao ar às 10:15 sobre o sentimento da saudade.
Nesse sábado teremos também uma pequena participação no Rio Sul Revista da Rede Globo sobre a percepção humana e seus fenômenos.

29 de jan. de 2013

Inclusão digital da terceira idade

A inserção da terceira idade em ambientes virtuais pode trazer inúmeros benefícios à saúde física e mental desses indivíduos, mas é importante que essa mudança de hábitos seja criteriosa.
O ambiente virtual possibilita um novo paradigma à vida das pessoas na melhor idade. Há bem pouco tempo quando as pessoas atingiam uma certa idade, ao invés de "aproveitar a vida" na verdade sofriam perdas importantes. Perdas sociais, afetivas, familiares e físicas, deixe-me explicar: após uma aposentadoria a pessoa se via desprovida de todo o convívio social e profissional que a vida laborarativa o propiciava, com isso fica reduzido o convívio social e as pessoas tendiam a ficar reclusas, mas sem encontrar outras atividades que pudessem preencher o vazio que se formou. Todo esse tempo ocioso, dedicado à nada, promove atrofia física e mental, além dos transtornos psiquiátricos, sendo mais comum a depressão. O principal assunto da vida dessas pessoas, em muitos casos, passava a ser o de doenças e dores, bem como sua visitas ao médico e seus exames de saúde (consultórios e laboratórios se tornavam o destino de "passeios"). Assim o convívio familiar também se reduz (o idoso ou torna-se inconveniente por sua ansiedade de contato, ou se afasta pela tendência à reclusão). Dessa forma a qualidade de vida se reduz, e isso aumenta potencialmente o envelhecimento do organismo e a propensão em desenvolver doenças.
Outro fator muito interessante, é o envelhecimento mental. Além do envelhecimento natural do sistema neurológico que ocorre com os anos de vida, o cérebro funciona quase que como um músculo! Se você está sempre exercitando, utilizando e nutrindo, os músculos tendem a ficar saudáveis e fortes, mas se você mal os utiliza e pouco nutre, ficarão fracos ao ponto de mal serem capazes de sustentar o seu peso. Com o cérebro também é assim, por isso muitas vezes um idoso sofre de demência precoce, ou seja, seu cérebro poderia estar mais ativo e saudável se fosse constantemente usado, exercitado com a aquisição de novas habilidades e conhecimentos, e nutrido, claro, com uma alimentação balanceada, bons sentimentos e bons pensamentos!
A internet não é a resposta para resolver todas as questões dos idosos, mas é um recurso fascinante e envolvente que pode trazer novo fôlego às emoções dessas pessoas! A possibilidade de encontrar antigos amigos, há muito tempo distanciados, as chances de fazer inúmeras novas amizades, e a imensa quantidade de conhecimentos fascinantes à distância de um clik! Novos assuntos e novas possibilidades extremamente acessíveis!
Existe um movimento da terceira idade no mundo digital, podemos encontrar a terceira idade entre blogueiros e nas redes sociais, há inclusive redes sociais especializadas no público da terceira idade. Há idosos que voltaram a estudar, seja por e-learning ou presencial, mas num geral estimulados pela atual acessibilidade aos conhecimentos.
É muito proveitoso a utilização desses recursos na terceira idade, podemos observar que é também fundamental o apoio e incentivo dos familiares, pois essa novidade toda pode causar estranhamento, insegurança e medo (sensação de incapacidade) no princípio. Muitas vezes cabe à família incentivar, ensinar e orientar o seu ente querido a como usar esse recurso. Como nem sempre as pessoas tem a disponibilidade de tempo para ensinar tudo o que é necessário, existem muitos cursos de informática que podem fazer esse papel.
As orientações e cuidados que os indivíduos da melhor idade devem ter, são mesmos indicados à todos os usuários de internet, a seguir as principais recomendações:
*Cuidado com as informações que dispõe no mundo virtual (em hipótese alguma devem ser fornecidos: dados financeiros, números ou cópias de documentos, endereço, nomes e dados de parentes). Salvo aqueles que estão bem familiarizados com a internet e sabem utilizar para transações financeiras, que só podem ser efetuadas em sites seguros com os certificados digitais e com aprovação do banco. Mesmo nesses casos, todo cuidado é pouco.
*Saiba sempre que não há como ter certeza de quem está do outro lado do computador, pode ser uma pessoa fantástica, como pode ser um estelionatário ou um psicopata, portanto não se exponha demais. Quando fizer uma amizade e quiser conhecer essa pessoa ao vivo, nunca vá sozinho e sempre combine o encontro em locais públicos.
*Não se deve substituir a internet pela vida real, o uso da internet deve ter limites, o ideal é de no máximo 3h ao dia, a pessoa precisa conviver com sujeitos reais, ao vivo! Visitar amigos, fazer atividades físicas como aulas de alongamento, hidroginástica, dança e tantas outras é importante além de ser local de aquisição de novas amizades também!
*A noite foi feita para dormir e descansar, e não para ficar navegando na web!
Ficar recluso vivendo somente no ambiente virtual pode deflagrar severos transtornos do humor, não é saudável em nenhuma fase da vida!

14 de set. de 2012

Entrevista para RJTV 2ª edição

Hoje, daqui a pouquinho confiram. O tema é a respeito do envolvimento de jovens com a criminalidade.

Para quem não pôde assistir, segue o link para acessar direto no portal da TV Rio Sul

http://riosulnet.globo.com/web/page/videos_detalhe.asp?cod=14068

13 de set. de 2012

O QUE E FELICIDADE ?

Felicidade é a certeza de que a nossa vida não está se passando inutilmente. Érico Veríssimo
 
Existem muitas frases, citações, crenças e até livros sobre a felicidade, isso pois a "felicidade" é o conceito abstrato mais buscado pelas pessoas em todo o mundo, mas mesmo assim, poucos sabem definir o que é, e menos pessoas ainda sabem como obter a felicidade. Claro que um conceito que mobiliza tanto o comportamento e as motivações humanas estaria na pauta de estudos da psicologia! Atualmente a Psicologia Positiva (campo de estudos científicos sobre os comportamentos e motivações humanas a partir de dados empíricos), tem obtido importantes avanços na compreensão desse fenômeno, através das pesquisas de Diener e Biswar-Diener.

Afinal o que é felicidade?

A definição de felicidade mais aceita hoje descreve felicidade como um estado de bem-estar subjetivo que envolve fatores emocionais aliados à uma auto-avaliação mais profunda e racional a respeito da vida. Motivados a descobrir em que consiste a felicidade, pesquisadores pelo mundo afora tem desenvolvido inúmeras pesquisas em torno desse assunto. Em 2005 foi realizada a Pesquisa de Opinião Mundial Gallup, que aferiu entre outras medidas, o nível de bem-estar, economia e saúde das pessoas em geral, abrangendo 155 países. O resultado revelou uma enorme variação sobre como as pessoas percebem a felicidade, mostrando que a sociedade e a cultura interferem na percepção que a pessoa tem de seu nível de felicidade. Sendo assim, o que significa felicidade para um brasileiro, não necessariamente significará felicidade para um coreano.
O que entendeu-se é que o ser humano pode atingir os níveis de bem-estar e satisfação através dos mesmos meios, mas com percepções bem diferentes. Descobriu-se que pessoas que vivem em condições difíceis de sobrevivência, também são capazes de experimentar a felicidade, assim como pessoas em condições confortáveis de vida podem não compartilhar desse mesmo nível de felicidade. Isso porque a cultura e sociedade em que vivem podem interferir nessa percepção através da valorização de fatores específicos.  A seguir vamos analisar os principais indicadores de felicidade identificados:

#Dinheiro
Dinheiro pode sim comprar a felicidade! Na verdade a questão financeira é importante para que a pessoa seja feliz. Afinal, é preciso suprir necessidades básicas como moradia, alimentação, saúde e segurança. Entretanto é necessário estar atento, à medida que as necessidades básicas são supridas o dinheiro parece não representar mais um efeito significativo. Isso pois a satisfação obtida através da compra de artigos de luxo é passageira, logo o bem adquirido perde sua importância afetiva.  Na verdade, nessas pesquisas descobriu-se que o materialismo está associado à infelicidade.

#Capital Social
Inclui valores como confiança e cooperação com projetos coletivos. Dessa forma a capacidade de formar e manter fortes  laços afetivos, contribui muito para o coeficiente de felicidade. No entanto a construção desses laços sociais afetivos tem sido deixada de lado em nossa sociedade ultimamente, devido ao desenvolvimento da cultura individualista que tem distanciado as pessoas. Os relacionamentos pessoais e afetivos tem sido substituídos pelo mundo virtual, onde se constrói relacionamentos superficiais e não se consegue desenvolver habilidades sociais plenas para usar no dia a dia.
Outro fator que se inclui no capital social surpreendeu os pesquisadores: a capacidade de confiar na honestidade e nas boas intenções de pessoas desconhecidas e do governo. Poder confiar em estranhos foi observado ser um fator que traz segurança e bem estar às pessoas, assim como confiar na administração do governo. A desconfiança promove a sensação de insegurança e portanto causa estresse, reduzindo a capacidade de sentir-se feliz.
Estas habilidades são as que permitem conferir significado à própria existência por meio da crença de algo superior a si mesmo - e nesse indicador observamos também a importância da religiosidade na construção da felicidade.

#Necessidades Psicológicas
São requisitos como: sentir-se respeitado, desejar aperfeiçoar-se, ter liberdade e autocontrole.  Nesse critério, ter pessoas com quem se pode contar para um caso de emergência, sejam familiares ou amigos, é também uma parte importante na construção da felicidade. Claro que familiares próximos afetivamente, amigos presentes, e poder confiar em vizinhos é melhor ainda. Quanto maior a rede social de suporte psicológico que a pessoa dispor, maior a sensação de felicidade que ela experimentará.  Ou seja, terá sentimentos agradáveis e por mais tempo.

#Interatividade Personalidade x Cultura
Sentir-se inserido e em certo nível comum (normal) no meio onde se vive é importante. Ao contrário, ser muito diferente daquilo que é aceito e bem visto na cultura da sociedade onde se vive, tem alto potencial de causar mau estar.

#Sucesso
Não tem nada a ver com ser uma estrela de cinema, a menos que seja esse o sonho da pessoa. Este item somente é um indicador de felicidade se decorrer da própria busca pela excelência, e não simplesmente porque em dado momento se foi capaz de fazer algo melhor do que os outros. Ou seja, é a valorização do que possui e não o anseio pelo que lhe falta, obtendo o respeito das pessoas e respeitando a si mesmo, cultivando habilidades necessárias para prosperar.

Esses seriam os principais fatores ligados à percepção de felicidade, lembrando que a felicidade está na realização total ou parcial daquilo que é valorizado (importante) para a pessoa. Ter as necessidades básicas supridas, sentir-se aceito e inserido na sociedade (no grupo onde convive), ter um suporte social afetivo, sentir-se seguro, e conseguir se realizar nas atividades em que se compromete, esses são os principais fatores de felicidade. Depois disso tudo, como você avalia sua vida?