Vivenciamos um momento que ficará marcado na história de nosso tempo. Uma mutação nova, de um vírus antigo, se alastrou pelo mundo levando consigo desestabilização, medo, incertezas, insegurança e uma mudança abrupta em toda a nossa estrutura social e cultural. Temos hoje uma gigantesca estrutura de informação, rápida e eficaz. No passado as pessoas poderiam pensar que isso seria maravilhoso e ajudaria as pessoas com tanta facilidade no acesso às informações - só que não é assim que acontece... Toda essa estrutura revelou uma convulsão sócio-cultural muito grande: existem muitas e diversas informações, que vão desde contrárias até desconexas! Existem golpes sendo anunciados de todos os lados, e em todos os sentidos, existem dados adulterados, maquiados, escondidos, e ninguém encontra a verdade. A verdade passou a ser RELATIVA (obrigada Einstein, as pessoas levaram a um novo nível a sua teoria). Até mesmo a ciência passou a ser relativa, o que diriam os filósofos gregos dessa nossa psicose coletiva hein?!
Em uma era com tanto investimento na ciência, tanta tecnologia para desenvolver pesquisas, e no entanto... a ciência tornou-se relativa às demandas de quem a anuncia. O tomate hoje faz bem, amanhã não mais, hoje vamos divulgar como verdade científica um estudo epidemiológico como extremamente verdadeiro e consistente, amanhã divulgaremos outro de mesmo teor e resultado oposto, na semana que vem publicaremos estudos conduzidos com animais com verdades absolutas, até que no ano que vem seja publicado outro estudo epidemiológico contraditório. Sabe o que é isso? Trata-se de manipulação da realidade, para noticiar o que interessa a alguém, independente dos fatos. Tais estudos de fato existem, no entanto o que ninguém explica para a população, consumidora refém desses conteúdos, é que a ciência não se lê dessa forma. Estudos científicos tem propósitos específicos, e resultados condizentes. Estudos epidemiológicos não servem para afirmar verdades, apenas servem para levantar questionamentos. Estudos em animais servem de parâmetro inicial, mas nunca se igualam em evidencia com os estudos com animais - explicando de forma simples: pelo mesmo motivo que em uma transfusão de sangue não recebemos sangue de porco ou de boi, muito menos de ratos. Porque somos diferentes, e a conclusão de um estudo com efeito para o corpo humano, só pode ser conclusivo após estudo em humanos, obedecendo o controle de varáveis (alimentação, estilo de vida, etc). O mesmo acontece com a economia, a política, as leis, a cultura, e pasmem: o senso comum.
Recebemos uma verdadeira enxurrada de notícias da hora em que acordamos, à hora que vamos dormir: notícias tão diversas que fica muito difícil discernir o que é válido/real do que não é. As pessoas aprenderam a julgar a realidade e a verdade como sendo relativa à cada um, mas o fato é que não é. O que é relativo é o PONTO DE VISTA, realidade e verdade são concretos e imutáveis: uma mesa é uma mesa, uma parede é uma parede, um fato ocorrido se desenvolveu independente das opiniões. A quantia de dinheiro que você possui não irá modificar conforme a opinião de alguém, assim como o valor de um pé de alface no mercado não mudará conforme o ponto de vista das pessoas. E sabe quem está no meio dessa loucura que acontece: você, eu, as pessoas ao nosso redor - todos nós. Não temos confiança em nosso sistema de informações, e vivemos em função de tentar descobrir qual a noticia é verdadeira, com a nossa vontade secreta de que seja aquela que mais gostamos. Na Bíblia existe um versículo muito poderoso: "e conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará". Sabe o que esse sistema insano de informações faz conosco: nos adoece! Vou explicar: nós temos constante necessidade de saber das coisas, de procurar pela verdade, desde os tempos das cavernas o homem busca as informações corretas (alimentos seguros, presença de predadores, local seguro para o repouso, etc). Em toda a história da humanidade o ser humano pauta seu comportamento nas informações que possui, pois elas constroem a realidade em que vivemos. Mas existe uma coisa que poucas pessoas percebem: no ser humano o instinto de sobrevivência é uma das habilidades mais fortes que possuímos. E está aqui nesse detalhe, no que há de mais forte nas pessoas, em geral - que está a questão desse momento.
O instinto de sobrevivência funciona a base dois mecanismos principais: esperança de sobreviver e medo de morrer. Mas dentre esses dois mecanismos, o que atua influenciando diretamente o nosso comportamento é o do medo. O medo é uma estrutura do comportamento que a psicologia vem estudando há décadas, e é muito interessante o seu mecanismo, pois o medo surge não diante de um perigo real e presente, mas partir da SUPOSIÇÃO da existência de algum perigo qualquer. E o medo não faz apenas com que tenhamos um comportamento precavido, o medo vai muito além pois ele sequestra o nosso sistema de crenças, e mobiliza em torno de si nossas emoções. Então perceba a importância disso: temos um instinto muito forte em cada um de nós, o da sobrevivência, que atua nos alimentando de esperança de vida, e de nos mobilizando completamente em função do medo de morte - só que esse medo que nos sequestra e mobiliza, não necessariamente precisa ser de um perigo real e presente, pode ser uma suposição infundamentada de algum perigo imaginário. Percebeu? Se ainda não, tenha mais um pouquinho de paciência, pois chegaremos lá! Vamos traduzir para o que estamos vivendo hoje:
Todos os dias recebemos enxurradas de informações. Dentre essas informações, algumas nós gostamos e nos alimentam com esperanças, outras nos causam estranheza e geram dúvidas, ou inseguranças quanto ao que conhecemos (e na insegurança - falta de segurança - já temos uma pontinha de medo surgindo), MAS temos também as notícias catastróficas, que preveem a aniquilação completa de nossas vidas. Diante essa mescla, sabe o que nossa faz? Nos alimenta com a esperança das notícias boas, nos fazendo questionar as ruins e estranhas, até as invalidando. Mas sem que tenhamos muito controle sobre isso, na forma de nos preparar para lutar por nossa sobrevivência, alimenta descaradamente nosso MEDO - isso porque se a notícia ruim prevalecer, precisamos estar prontos para enfrentar. Não precisamos ter consciência disso, nossa mente faz esse calculo automaticamente. No entanto, notícias extremamente negativas e catastróficas, sendo repetidas continuamente produzem o efeito em cascata: ficamos tensos, preocupados, ansiosos, e então angustiados, e daí esses sentimentos se elevam e podem produzir um colapso psíquico, nos transformando em pessoas deprimidas, paranoicas, agressivas, etc... O excesso de tensão intrapsíquica é a causa comum dos surtos psicóticos, e esse momento pode sim produzir o desenvolvimento de doenças mentais graves.
Ficamos assim com um importante questionamento: o que fazer? Controlar o volume e a qualidade de informações que captamos, obviamente é o primeiro passo. Precisamos impor limites, desligar a TV, o celular, o computador se for preciso! Mas precisamos impor limites à nós mesmos, não um controle externo, mas interno -sim: retomar o controle que temos sobre nós mesmos! O passo seguinte, é estar mais em contato com a realidade e menos com o virtual: mais contato humano, olhar nos olhos, falar com pessoas envolvidas diretamente na nossa vida. Estar em contato com a nossa realidade: nosso ambiente, os objetos e o mundo ao nosso redor, sem uma tela, lente ou filtro para "moldar" ou "mostrar" -usemos nossos sentidos: visão, audição, olfato, tato e paladar (esse ultimo moderadamente) para sentir a realidade e estarmos presente em nós mesmos. Uma boa dica é a prática de mindfulness, existem milhares de aplicativos, vídeos no youtube, textos pela internet explicando o que é, como funciona, e como se faz - e por isso não explicarei aqui, faça uma pesquisa no Google sobre isso (não conta como notícia, mas como conhecimento de auto-cuidado). E se mesmo assim continuar com dificuldades, estiver ansioso, deprimido, ou com a mente presa em teorias diversas de conspiração (não estou desqualificando a veracidade, apenas a utilidade de ter isso em sua mente o angustiando), entre outras condições de sofrimento mental - não hesite em buscar a ajuda profissional de um bom psicoterapeuta, pois você pode fazer terapia online!
Para agendar sua consulta entre em contato via WhatsApp (22) 99819-7304
16 de abr. de 2020
4 de nov. de 2018
Comportamento Alimentar, Obesidade, Compulsão Alimentar
Através da alimentação obtemos a energia e nutrição
necessários para viver. Evolutivamente, nosso organismo desenvolveu diversos
mecanismos, para regular fisiologicamente o nosso comportamento alimentar,
conduzindo assim os estados de FOME e SACIEDADE. Sendo assim, a extensão da
parede estomacal, atividade intestinal, funcionamento do fígado, produção de
hormônios como insulina, leptina, grelina, colecistocinina, entre outros, atuam
como reguladores de fome e saciedade. No entanto, o comportamento alimentar
está muito longe de ser apenas uma função biológica do nosso corpo, sofrendo
influencias emocionais, sociais e culturais, o comportamento alimentar é um
mecanismo bem mais complexo.
O ato de alimentar a si e aos outros possui significados
variados e importantes na subjetividade dos indivíduos. A atribuição da
amamentação e do preparo de alimentos para a família constitui um fator da
construção da subjetividade feminina, em todas as festividades um ponto central
da reunião das pessoas é em torno do cardápio (quaresma, ceia natalina, bolos e
doces de aniversário, churrasco de comemoração, almoço de dia das mães e dos
pais, etc), e a alimentação ainda é influenciada por questões culturais e emocionais,
pois não coemos apenas grupos alimentares: fibras, proteínas, gorduras e
carboidratos, ou apenas nutrientes como vitaminas e minerais. Escolhemos nossos
alimentos conforme nossas preferencias de sabor, e nas escolhas interferem a
acessibilidade do alimento, a conveniência, e ainda regulamos a quantidade do
que comemos conforme a fome, a vontade de comer e nosso estado de humor. Ter
uma relação saudável com a alimentação é imprescindível para uma vida saudável.
Não comemos apenas para sobreviver, mas desenvolvemos com a comida um
relacionamento íntimo, afetivo, cultural e social. Cerca de 90% de nosso
funcionamento cerebral é emocional, por isso precisamos entender e valorizar a
interferência dos nossos componentes emocionais em tudo o que fazemos, negar a
predominância emocional de nosso funcionamento cerebral, exaltando nossa
racionalidade é a primeira armadilha para boicotarmos nossa saúde mental, e
reduzirmos a nossa capacidade intelectiva. Por outro lado, aprendermos a lidar
com nossas emoções, desenvolvendo habilidades afetivas nas diversas áreas de
nossa vida é essencial para obtermos sucesso em tudo o quanto pretendemos.
Para a OMS saúde é um estado de bem estar Bio Psico Social,
onde o ser humano é visto não apenas como um organismo físico, mas englobando
suas complexas formações psíquicas e sociais. Em discussões sobre o que seria
normal (saudável), e o que seria patológico, o célebre Canguilhem relativizou,
mostrando que saudável vai muito além do que um julgamento pré-estabelecido, e
nos mostrou que uma pessoa é saudável não apenas na ausência de doenças, mas
também quando essa pessoa percebe-se normal. Dessa forma compreendemos que a
saúde psíquica, depende diretamente da influência marcante da autoimagem que
construímos de nós mesmos como pessoas quanto indivíduo e quanto ser social. Os
transtornos psíquicos geralmente nascem de problemas na construção dessa nossa
autoimagem.
O CID-10 (10ª edição da Classificação Internacional das
Doenças da OMS) dedica a categoria F50 aos transtornos alimentares, que são a
alteração dos comportamentos alimentares associados a perturbações
psicológicas. Nessa categoria são descritos os parâmetros diagnósticos para
anorexia, bulimia, Hiperfagia, e outros transtornos alimentares não
especificados. Devido a relevância estatística do grande número de pessoas
afetadas pela obesidade no mundo hoje, nesse texto falaremos da Hiperfagia,
também conhecida como compulsão alimentar, vício em comida, glutonaria, etc. A Hiperfagia é comportamento de comer
excessivamente, existindo variações do padrão desse comportamento, que pode ser
episódico, constante ou variado, conforme a reação da pessoa a eventos
emocionais. A Hiperfagia leva à obesidade, e a obesidade por sua vez pode
levar o indivíduo a desenvolver baixa autoestima e perda de confiança nos
relacionamentos pessoais, tornando-se causa de outras perturbações psicológicas
como depressão, ansiedade, fobia social, neuroses, etc.
Vivemos hoje no mundo um verdadeiro surto de obesidade,
fruto de uma complexa realidade que vem se construindo ao longo das últimas
décadas: falha nas diretrizes alimentares oficias, excesso de oferta de
alimentos fast food, mudanças nos padrões comportamentais de alimentação e
atividades físicas, mudança nos padrões de comportamento social e familiar em
que homens e mulheres abraçam o mercado de trabalho e o cuidado com os
alimentos da família passam a ser atribuídos à indústria alimentar, entre
muitos outros fatores envolvidos. Pesquisadores de Harvard, em um estudo
epidemiológico ao longo de 20 anos, com mais de 12mil indivíduos, detectaram
uma tendência de padrões comportamentais serem regulados pelas pessoas
afetivamente próximas. Assim pessoas que tendem a não se exercitar e comer de
forma exagerada, influenciam as pessoas de sua convivência, assim como o oposto
também ocorre. Dessa mesma forma o ambiente é influenciado e influencia o
comportamento das pessoas, pois em lugares onde as pessoas tem uma maior
demanda por fast food, existe uma tendência a existir grande oferta de
estabelecimentos que ofertem esse tipo de alimento, reduzindo proporcionalmente
a existência de estabelecimentos onde se oferece alimentos mais naturais e
saudáveis, reduzindo por consequência a oferta de opções saudáveis de
alimentos. Vemos assim, que o surto de obesidade não se deve apenas ao
comportamento alimentar isolado de uma pessoa, mas a um conjunto de fatores que
vem sendo construídos há décadas, construindo todo um paradigma de vida do qual
precisamos refletir e começar a interferir como agentes de mudança, afim de construirmos
um futuro onde as pessoas tenham mais saúde, no conceito amplo da palavra.
Dessa forma podemos considerar uma perspectiva holística da compulsão
alimentar, e entender que ela influencia e é influenciada não só na
subjetividade psíquica, mas também nos espaços sociais, e por isso tornou-se um
importante fator de saúde pública, que no entanto é pouco abordada.
Muitos acreditam que Compulsão Alimentar consiste apenas em
episódios, assim como a bulimia, mas sem os comportamentos expurgatórios de
compensação (vômito, uso de laxantes e diuréticos, etc). No entanto a
hiperfagia é bem mais ampla e complexa. Indivíduos com compulsão alimentar
tendem a comer excessivamente, seja de forma constante, seja de forma
episódica, e até mesmo havendo variações entre esses padrões e períodos de
dieta. Ao comportamento de comer excessivamente existe a associação emocional,
conforme a ocorrência de eventos estressores a pessoa pode vir a comer ainda
mais que o normal, apenas parando mediante mal estar por empanturramento. Em
alguns casos a pessoa não demonstra vergonha por sua hiperalimentação, mas em
outros casos isso pode acontecer, levando a pessoa a comer escondido. Por conta
da obesidade muitos tentam diversas vezes empreender dietas, seja por
necessidades de saúde, seja por vaidade. No entanto essas dietas raramente são
capazes de auxiliar, visto que diante estressores emocionais os gatilhos da
compulsão podem ser ativados, levando a pessoa a voltar aos episódios ou mesmo
perder a aderência da dieta, formando um verdadeiro ciclo vicioso:
*O estresse me
desestabiliza emocionalmente *Como demais *Engordo *Me sinto mal por estar
gordo *Quero emagrecer *Inicio uma dieta restritiva *A restrição me causa
estresse *O estresse me desestabiliza
emocionalmente *Como demais...
O tratamento da compulsão alimentar visa inicialmente
reduzir a compulsividade alimentar, trabalhando as habilidades emocionais do
paciente. Nos protocolos de Terapia Cognitivo Comportamental prevê-se treino em
solução de problemas, treino de habilidades sociais, desenvolvimento de
habilidades de automonitoria e de relaxamento. Nos protocolos psicoterápicos, é
enfatizado que a dieta tradicional, por gerar muita restrição, gera frustração
e por fim compulsão, não sendo possível conciliar dietas tradicionais com
terapia, gerando outro conflito, pois se o paciente durante a terapia não
consegue emagrecer continua sentindo-se mal com sua autoimagem, impedindo assim
avanços significativos na terapia. Essa questão torna-se cíclica por fim, pois
se faz dieta sem terapia, não trabalha seus estressores que provocam a
compulsão e portanto não consegue ter aderência suficiente para a dieta fazer o
efeito pretendido, mas se faz terapia sem dieta, por não estar emagrecendo não
consegue mudar sua autopercepção. Nesse contexto a Terapia Cognitivo
Comportamental inclui em seus protocolos a possibilidade de dietas pouco
restritivas, associados a um trabalho de orientação nutricional que dê ao
paciente consciência de como seu corpo interage com os alimentos, bem como o
desenvolvimento de um repertório comportamental que leve a pessoa a mudar a
forma como se alimenta. Bernard Rangé sugere os seguintes comportamentos, para uma relação mais saudável com a alimentação:
1)Alimentar-se apenas em lugar especifico para esse fim.
2)Quando estiver se alimentando não fazer outras coisas
simultaneamente.
3)Deixar um pouco de comida no prato ao final das refeições.
4)Em vez de comer para se acalmar, apenas comer quando
sentir FOME.
5)Comer lentamente, desenvolvendo a habilidade de perceber a
saciedade.
6)Prestar mais atenção aos indicadores fisiológicos de FOME
e SACIEDADE.
7)Reduzir a disponibilidade de alimentos quando se está
comendo, guardando a comida excedente.
8)Não ter alimentos prontos para consumo, para que tenha que
preparar cada refeição.
1)Alimentar-se apenas em lugar especifico para esse fim.
2)Quando estiver se alimentando não fazer outras coisas
simultaneamente.
3)Deixar um pouco de comida no prato ao final das refeições.
4)Em vez de comer para se acalmar, apenas comer quando
sentir FOME.
5)Comer lentamente, desenvolvendo a habilidade de perceber a
saciedade.
6)Prestar mais atenção aos indicadores fisiológicos de FOME
e SACIEDADE.
7)Reduzir a disponibilidade de alimentos quando se está
comendo, guardando a comida excedente.
8)Não ter alimentos prontos para consumo, para
que tenha que preparar cada refeição.17 de jan. de 2017
Pânico
Há algum tempo Rafa estava no cinema quando teve a sua primeira crise, em que sentiu um enorme desconforto, aceleração dos batimentos cardíacos, tremores, dor no peito, falta de ar e enjoo. Nesse dia sentiu que poderia morrer e acreditou estar tendo um infarto e que precisava sair dali e ir para o hospital imediatamente. No hospital após ter realizado os exames, foi constatado que sua saúde estava em boas condições, não havendo explicação física para o quadro sintomático relatado. Depois desse dia começou a ter repetidas crises, em diferentes lugares e situações, a principio sem qualquer motivo. As crises normalmente incluíam aceleração dos batimentos cardíacos, falta de ar, tontura e tremores. Em todas as vezes Rafa acreditava que poderia morrer ou enlouquecer, pois seus sentimentos eram bem intensos, entretanto os exames não encontravam nenhum problema físico em corpo. Após cada crise o medo de ter novas crises só aumentava, fazendo com que Rafa se afastasse de seu convívio social, evitasse lugares públicos por medo de se envergonhar tendo uma crise na frente das pessoas, ao mesmo tempo evitando estar sem companhia por medo de ter uma crise sem ter ninguém para lhe socorrer. A vida de Rafa se resumia a tentar evitar uma nova crise, mesmo sem conseguir.
Rafa é apenas uma personagem imaginária, mas existem muitas outras pessoas que podem estar passando por uma situação bem parecida, sem conseguir compreender o que acontece consigo. O que acontece com nossa personagem fictícia é conhecido como "ataque de pânico", que quando ocorre diversas vezes podemos chamar de transtorno do pânico. Esses episódios são tão intensos que a pessoa começa a sentir medo que se repitam, e para evitar isso tomam diversas medidas como não ficar sozinha, evitar determinados lugares e situações. Com todas as medidas para evitar um novo ataque, a pessoa começa ter graves prejuízos na vida social, familiar, profissional e até amorosa. Entretanto, apesar das muitas restrições que a pessoa pode se impor, as crises sempre acontecem novamente, muitas vezes. Mediante essa situação as pessoas normalmente iniciam uma peregrinação entre emergências de hospital e médicos especialistas de outras áreas, até que o paciente finalmente chegue a um consultório de terapia cognitivo comportamental e receba a informação de que na verdade o seu problema é conhecido e comum, se chama Transtorno do Pânico e tem tratamento.
A perturbação gerada envolve repentinas crises, que tendem a se tornar mais fortes a cada episódio. Cada ataque de pânico desencadeia reações como aceleração dos batimentos cardíacos, sensação de falta de ar, tremores, transpiração excessiva, tonteiras, vertigens, sensação de desmaio, náusea, pernas bambas, formigamentos. Além dessas sensações, durante as crises a pessoa tem a mente inundada com pensamentos muito intensos de que pode estar tendo um ataque cardíaco, que pode vir a morrer ou enlouquecer devido esse ataque. Esses episódios são realmente intensos e podem chegar a ser incapacitantes, o que explica o motivo da pessoa tentar de todas as formas não passar por isso novamente. No entanto, quanto mais a pessoa se esquiva de possíveis situações causadoras do problema, mais prejudicada a vida funcional dessa pessoa fica, e como consequência novas crises, mais intensas e mais frequentes surgem.
O transtorno do pânico é um entre tantos outros problemas relacionados aos transtornos do humor ansioso, que pode melhorar e a pessoa reaver seu equilíbrio e saúde mental através do tratamento adequado.
Atualmente o tratamento para pânico envolve acompanhamento medicamentoso com médico psiquiatra, e acompanhamento psicoterapêutico com psicólogo.
O tratamento medicamentoso irá auxiliar na redução dos sintomas físicos como aceleração cardíaca, dificuldades com a respiração, etc, permitindo que a pessoa experimente o alívio das crises. É muito importante reforçar que as medicações irão suavizar os sintomas, mas que não são suficientes para lidar e superar o transtorno do panico ao ponto de não precisar mais de tratamento. Para isso acontecer é preciso o tratamento combinado de medicamentos com psicoterapia.
A psicoterapia já é um processo bem diferente, e depende muito da afinidade do paciente com o terapeuta, bem como do engajamento do paciente em seu tratamento. Muitas pesquisas indicam que a abordagem terapêutica cognitivo comportamental apresenta maior eficiência em menor espaço de tempo. É uma indicação de modalidade terapêutica, que tem sido muito divulgada e sugerida, entretanto é importante ressaltar que todas os processos terapêuticos são benéficos, desde que haja engajamento do paciente.
Para superar o pânico é importante que a pessoa busque o tratamento com profissionais com quem se sinta segura e confortável, e que mantenha o tratamento conforme a orientação dos profissionais escolhidos.
Rafa é apenas uma personagem imaginária, mas existem muitas outras pessoas que podem estar passando por uma situação bem parecida, sem conseguir compreender o que acontece consigo. O que acontece com nossa personagem fictícia é conhecido como "ataque de pânico", que quando ocorre diversas vezes podemos chamar de transtorno do pânico. Esses episódios são tão intensos que a pessoa começa a sentir medo que se repitam, e para evitar isso tomam diversas medidas como não ficar sozinha, evitar determinados lugares e situações. Com todas as medidas para evitar um novo ataque, a pessoa começa ter graves prejuízos na vida social, familiar, profissional e até amorosa. Entretanto, apesar das muitas restrições que a pessoa pode se impor, as crises sempre acontecem novamente, muitas vezes. Mediante essa situação as pessoas normalmente iniciam uma peregrinação entre emergências de hospital e médicos especialistas de outras áreas, até que o paciente finalmente chegue a um consultório de terapia cognitivo comportamental e receba a informação de que na verdade o seu problema é conhecido e comum, se chama Transtorno do Pânico e tem tratamento.
A perturbação gerada envolve repentinas crises, que tendem a se tornar mais fortes a cada episódio. Cada ataque de pânico desencadeia reações como aceleração dos batimentos cardíacos, sensação de falta de ar, tremores, transpiração excessiva, tonteiras, vertigens, sensação de desmaio, náusea, pernas bambas, formigamentos. Além dessas sensações, durante as crises a pessoa tem a mente inundada com pensamentos muito intensos de que pode estar tendo um ataque cardíaco, que pode vir a morrer ou enlouquecer devido esse ataque. Esses episódios são realmente intensos e podem chegar a ser incapacitantes, o que explica o motivo da pessoa tentar de todas as formas não passar por isso novamente. No entanto, quanto mais a pessoa se esquiva de possíveis situações causadoras do problema, mais prejudicada a vida funcional dessa pessoa fica, e como consequência novas crises, mais intensas e mais frequentes surgem.
O transtorno do pânico é um entre tantos outros problemas relacionados aos transtornos do humor ansioso, que pode melhorar e a pessoa reaver seu equilíbrio e saúde mental através do tratamento adequado.
Atualmente o tratamento para pânico envolve acompanhamento medicamentoso com médico psiquiatra, e acompanhamento psicoterapêutico com psicólogo.
O tratamento medicamentoso irá auxiliar na redução dos sintomas físicos como aceleração cardíaca, dificuldades com a respiração, etc, permitindo que a pessoa experimente o alívio das crises. É muito importante reforçar que as medicações irão suavizar os sintomas, mas que não são suficientes para lidar e superar o transtorno do panico ao ponto de não precisar mais de tratamento. Para isso acontecer é preciso o tratamento combinado de medicamentos com psicoterapia.
A psicoterapia já é um processo bem diferente, e depende muito da afinidade do paciente com o terapeuta, bem como do engajamento do paciente em seu tratamento. Muitas pesquisas indicam que a abordagem terapêutica cognitivo comportamental apresenta maior eficiência em menor espaço de tempo. É uma indicação de modalidade terapêutica, que tem sido muito divulgada e sugerida, entretanto é importante ressaltar que todas os processos terapêuticos são benéficos, desde que haja engajamento do paciente.
Para superar o pânico é importante que a pessoa busque o tratamento com profissionais com quem se sinta segura e confortável, e que mantenha o tratamento conforme a orientação dos profissionais escolhidos.
13 de set. de 2016
Dificuldades de aprendizagem
As crianças e jovens de hoje recebem muitos estímulos e ao mesmo tempo muitas responsabilidades, pois a escola nunca foi tão exigente aos alunos quanto hoje em dia. A tolerância ao diferente, ao tempo de cada um para o aprendizado, as formas diferentes como cada criança aprende e desenvolve tem desaparecido. O que tenho observado é que as escolas trabalham com moldes prontos (crianças quietas, sentadas, e que aprendem no mesmo tempo e de forma igual), mas se uma criança não se encaixa nesse molde ela é classificada como "diferente" e colocada de lado, a escola devolve a responsabilidade para os pais e indica que procurem um médico afim de "resolver os problemas" desse aluno, que seria no caso dar algum remédio mágico q coloque a criança dentro dos moldes. Algumas escolas ainda se antecipam dizendo que o aluno provavelmente é portador de Déficit de Atenção e ou Hiperatividade. Aliás esse acabou se tornando o diagnóstico padrão sempre q uma criança demonstra dificuldades na escola.
Até mesmo porque o diagnóstico dos distúrbios do aprendizado não é através do e exames laboratoriais, mas sim avaliação clínica, e pelo quadro apresentado pelas famílias, muitos médicos acabam confirmando esse diagnóstico "padrão" e já iniciam o tratamento... O problema é que esses tratamentos sao realizados com medicamentos psicoativos, que quando empregados nos casos corretos são ótimos e promovem saúde, mas quando um paciente com ansiedade recebe o tratamento para hiperatividade, a resposta ao tratamento será péssima, levando o médico a associar outras medicações, ou a família a descrença no tratamento, e ambas as opções são ruins para a criança!
Ocorre que nem sempre (aliás quase nunca) esse diagnóstico está correto! Existem muitas possibilidades quando uma criança não está conseguindo aprender, podendo ser um transtorno do humor como ansiedade ou depressão, ou mesmo outras dificuldades de aprendizado como dislexia, transtornos invasivos do desenvolvimento, entre muitas outras possibilidades.
Existe para isso um procedimento realizados por alguns psicólogos, que se chama avaliação neuropsicológica, que é o procedimento diagnóstico mais completo que existe hoje para dificuldades de aprendizado e memória, e quando realizado completo, com todos os testes necessários, irá possibilitar encontrar as reais respostas a esse problema de aprendizado da criança. Por isso, se seu filho, e/ou aluno, está com dificuldade de aprendizado, solicite inicialmente uma avaliação neuropsicológica, para primeiro descobrir o que há de fato com a criança, e a partir dessa informação será possível ao médico e aos demais profissionais da saúde saberem do que realmente sua criança precisa para superar suas dificuldades.
30 de ago. de 2016
Conversar de forma eficiente
Vamos começar com aquela frase que já escrevi muitas vezes:
“Somos seres humanos, portanto somos seres sociais em nossa constituição”.
Nossa humanidade está condicionada ao relacionamento social, pois é através das
trocas que realizamos com as outras pessoas que construímos nossos conceitos
sobre o mundo, as pessoas, os grupos e sobre nós mesmos. Percebe o quanto o
relacionamento que estabelecemos com as pessoas é importante?
Agora vamos à comunicação, que é o veículo formador das
relações. A qualidade da comunicação interfere de forma direta na qualidade dos
nossos relacionamentos, na forma como vemos as pessoas, o mundo e a nós mesmos.
Podemos perceber claramente isso em pessoas que tem uma qualidade notória, que
algumas percebem e ao elogiar percebem que a pessoa não acredita que seja
verdade. As falhas na comunicação podem ocorrer em decorrência de um transtorno
mental, como por exemplo a depressão, que distorce o pensamento de forma
negativa, mas também podem ser construídas por aprendizados errôneos como o
propagado pelo ditado que diz que pingo é letra.
Podemos dizer que
quando há mal entendidos, desentendimentos, desavenças, brigas e disputas, é
porque a capacidade de comunicação das pessoas falhou miseravelmente.
Existem muitas formas de falhar na comunicação, vou dar o
exemplo das duas formas mais usadas:
A primeira é fazer monólogos, que é quando a pessoa acredita
que irá dizer um monte de coisas que está pensando a uma outra pessoa, e isso
será suficiente para que ela obtenha o resultado que espera. Acontece que ninguém
é um receptáculo passivo, as pessoas tem seus próprios pensamentos e
sentimentos, e a forma como irá receber o que lhe foi dito pode variar imensamente.
Um exemplo clássico disso, é a figura do professor dando uma bronca em uma
turma, fazendo um monólogo, pois só ele fala. Uma minoria dos alunos irá se
sentir mal com aquilo, envergonhados talvez, outros podem sentir como se a
bronca fosse dirigida exclusivamente à eles e de forma injusta pois não
participaram daquela bagunça, outros talvez nem entendam a reação do professor,
outros podem achar que ele está exagerando, e por aí vai um monte de opções
mostrando que infelizmente o professor não conseguiu atingir seu objetivo através
do monólogo. Casais, pais, filhos, colegas, chefes e colegas de trabalho que
tentam resolver suas questões através de monólogos, já devem ter descoberto que
não funciona, pois quase sempre a outra pessoa entende tudo de uma forma
diferente da que você queria. Por isso o diálogo é bem mais eficaz, pois assim é
possível ir verificando e corrigindo a comunicação, para ter um efeito final
bem melhor. O diálogo muitas vezes traz resultados diferentes do que se pretende
no inicio, mas com certeza trará um resultado que será bem melhor para todos
envolvidos.
O segundo problema comum de comunicação é a leitura
subliminar, ou como alguns gostam de dizer “ler nas entrelinhas”. Essa
linguagem de fato existe, mas ela é obvia, como um rosto evidente de tristeza
ou alegria, uma postura corporal calma ou agitada, e não tem toda essa invenção
de interpretações mirabolantes de que se a pessoa disse uma coisa quis na
verdade dizer outra, se a pessoa mexeu no cabelo com tal postura ela quer dizer
outra coisa. Esse tipo de interpretação do outro é totalmente falha, pois na
verdade essa forma interpretação não corresponde ao comportamento do outro
propriamente dito, mas sim às expectativas da pessoa que está interpretando. A “ciência
de ler nas entrelinhas!” até existe, mas ainda está pesquisa, não temos nenhum
dado suficientemente viável para ser usado com segurança, e mesmo especialistas
nesse campo de conhecimento não ousariam interpretar uma pessoa com base em um
gesto, um tom de voz ou uma palavra dita no meio de muitas outras. Há pessoas
que se apegam à uma palavra que outro disse e a distorcem dando um significado
diferente, ou se durante a conversa tomavam um suco e o suco do outro estava
azedo e ele fez uma careta, mesmo com o outro falando que o suco estava azedo,
a pessoa entende que aquela careta tem muitos outros significados. Os exemplos
são infindáveis, mas resumindo, tentar interpretar o outro é um gasto de
energia absurdo e inútil, precisamos nos apegar às palavras e aos fatos, sem
interpretar. Por isso, ao invés de buscar interpretar o que uma pessoa está
querendo dizer ou esconder de você, simplesmente pergunte à ela, usem as
palavras e se esbaldem com a riqueza de vocabulário do português em uma
conversa, e não na imaginação. Lembrem-se que apesar do ditado: pingo não é
letra!
Uma comunicação de qualidade exige que aja um emissor
(pessoa que envia a mensagem), um veículo (a fala, a escrita, etc.) e um
receptor (a pessoa que recebe a mensagem). Além disso, é importante que o
veículo seja de conhecimento de ambos, pois não adianta mandar uma mensagem em
português para uma pessoa da Noruega que não conhece o idioma português, pois a
pessoa não entenderá a mensagem, e portanto
não haverá comunicação. Pode-se dizer o mesmo a respeito das palavras
substitutas: colóquios, palavrões, gírias e expressões culturais. Essas
palavras substitutas só fazem sentido e se encaixam na comunicação quando as
duas partes compreendem. Muito além de
apenas enviar uma mensagem, é preciso saber que a outra pessoa recebeu, e como
recebeu essa mensagem, para que a comunicação seja eficiente, é preciso que
haja a troca, e assim as duas pessoas trocam de papéis, e ambas são receptores e emissores...
Isso ficou a uma aula chata de comunicação né... Mas tudo isso se torna
importante para explicar uma das melhores funções da comunicação: o DIÁLOGO.
23 de ago. de 2016
Higiene do sono: como dormir bem.
Dormir bem é extremamente importante para nossa saúde e bem
estar. Além nos manter descansados e bem dispostos, o sono tem muitas funções
reguladoras. Apenas quando estamos
dormindo que o nosso cérebro entra em modo REM, que garante a formação de
memórias, solidificando todo o conhecimento obtido ao longo do dia. Existem
muitos estudos indicando que dormir pouco (menos que o recomendado) ao longo da
vida predispõe a pessoa a desenvolver doenças demenciais (doenças neurodegenerativas).
O sono também é o momento em que o corpo produz hormônios importantes para o
bom funcionamento do corpo, sendo o mais importante deles o hormônio do
crescimento, que interfere diretamente no metabolismo basal. O mais
interessante nisso tudo, é que as principais funções do sono só funcionam
quando dormimos à noite, ou seja, não adianta compensar dormindo de dia, ou
dormir mais no final de semana, é preciso dormir ao menos suficiente todas as
noites. Sendo assim a falta de sono adequado além de lhe deixar cansado e mau
humorado no dia seguinte, também irá lhe causar dificuldades de atenção, de
memória, deixar seu corpo mais lento, e em grande frequência ainda pode lhe
causar síndromes metabólicas e demenciais.
Muitas pessoas tem dificuldades importantes de sono, que
pode ter surgido das formas mais inesperadas e inusitadas possíveis. Alguns
conseguem regular seu sono naturalmente e voltar ao normal em pouco tempo,
outros acabam verdadeiros problemas e recorrem ao uso de remédios. O uso de
remédios para dormir é muito contra indicado, pois a maioria dos medicamentos
para induzir ao sono acabam interferindo negativamente na qualidade do sono, e
este passa a não desempenhar todas as suas funções necessárias ao nosso bom
funcionamento. Claro que existem casos que a pessoa precisa escolher entre não
dormir ou dormir com o medicamento, e nesses casos se recorre ao medicamento
até que se consiga restabelecer o sono normal. Entretanto podemos observar que
muitas pessoas diante uma fase difícil da vida, em que estão mais preocupadas
que o comum, começam a apresentar alguma dificuldade para adormecer e logo
recorrem a medicamentos para induzir o sono, tornando-se emocionalmente
dependentes desses ao longo de muitos anos de suas vidas.
É muitos importante trabalhar para desenvolver uma boa
qualidade de sono, para os que tem dificuldades com o sono, já aviso que não
será um caminho rápido, apesar de ser
relativamente fácil. Não adiante aplicar a higiene do sono ao longo de
apenas duas ou três semanas e esperar resultados milagrosos. O que a higiene do
sono propõe é condicionar seu corpo e sua mente a dormirem de noite, um sono
reparador, e o condicionamento, assim como todo aprendizado, leva um tempo para
se fixar. Todas as dicas fornecidas aqui são uma forma de generalização, claro
que existem nuances e detalhes da realidade de cada pessoa, que precisam ser
ajustadas. Vamos à higiene do sono:
NÃO DURMA DURANTE O
DIA, QUALQUER COCHILO QUE PASSE DE 30MIN, OU QUE SE ESTENDA APÓS AS 14H IRÁ
INTERFERIR MUITO NEGATIVAMENTE NO SEU SONO. O ideal é que a pessoa nem faça o
cochilo de 30 min.
PRATIQUE ATIVIDADE FÍSICA, DE PREFERÊNCIA NA PARTE DA MANHÃ,
E NUNCA APÓS AS 17H. Atividade física deixa corpo e mente alertas e acelerados.
Não é preciso grande quantidade, nem intensidade, uma caminhada suave de 30min
já desempenha um maravilhoso efeito sobre o sono das pessoas.
REDUZA O CONSUMO DE AÇUCAR E CAFEÍNA NO COTIDIANO, E NÃO OS
CONSUMA APÓS AS 17H. Ou seja, reduza o chocolate, o café, os refrigerantes (sobretudo
coca cola e Pepsi), chá preto, alimentos, suplementos e medicamentos que
contenham cafeína, bem como todos os doces.
NO JANTAR DÊ PREFERÊNCIA A REFEIÇÕES LEVES. Estômago muito cheio
pode atrapalhar o sono, e até causar refluxo.
A PARTIR DAS 20H (CASO
QUEIRA DORMIR ÀS 22H) MUDE O AMBIENTE DA SUA CASA:
-MANTENHA
A ILUMINAÇÃO DA CASA BEM ESCURA, USANDO ABAJURES FRACOS OU LUZES INDIRETAS, DE
PREFERÊNCIA AMARELADAS. SE EM UM COMODO TIVER UMA TV LIGADA, A LUZ DELA JÁ SERÁ
SUFICIENTE. Escurecer a casa é importante para o seu corpo entender que chegou
a noite e começar a liberar hormônios como a melatonina, que irão ajudar na
indução do sono.
-EVITE AO MÁXIMO ASSISTIR TV OU LER NA CAMA, ESTE MÓVEL FOI FEITO PARA DORMIR, FAÇA SEU CORPO ASSOCIAR ISSO.
***ESTABELEÇA UMA ROTINA DO SONO***
Vou colocar uma sugestão de como fazer, todos os itens
inclusos aqui são valiosos na hora de treinar o corpo para dormir. Mude a ordem
sugerida caso prefira, mas lembre-se que todos os dias deverá seguir a mesma
ordem. Sobretudo lembre-se que o seu caminho é para a cama, então não tenha
pressa em fazer nada disso, faça tudo de forma calma e lenta.
*TENHA UM JANTAR LEVE, SEM ENCHER DEMAIS SEU ESTÔMAGO.
*TOME UM BANHO MORNO E RELAXANTE, E TOME UM PEQUENO TEMPO
PARA SENTIR A AGUA QUENTE CAINDO SOBRE SUAS COSTAS.
*COLOQUE SUAS ROUPAS DE DORMIR.
*TOME UM CHÁ (CAMOMILA, ERVA DOCE, MELISSA, CIDREIRA, MAÇÃ,
ETC., MAS EVITE OS CHÁS TERMOATIVOS E OS
QUE TENHAM CAFEÍNA).
*ESCOVE OS DENTES.
*PERMANEÇA AGINDO DE FORMA CALMA E LENTA, E SÓ VÁ PARA A
CAMA QUANDO SENTIR SONO.
*AO DEITAR NA CAMA ACONCHEGUE-SE E CONCENTRE-SE EM RESPIRAR
LENTAMENTE E RELAXAR OS MÚSCULOS DO CORPO. A hora de dormir não é a hora de
pensar nos compromissos do dia seguinte, nem dos próximos dias, não é hora de
pensar na solução de problemas, nem em nada. É apenas hora de ouvir seu corpo,
relaxando a respiração e soltando a tensão de todos os seus músculos.
*SE ACORDAR NO MEIO DA NOITE PARA BEBER AGUA OU IR AO BANHEIRO,
VÁ NO ESCURO MESMO, FAÇA APENAS SUA NECESSIDADE E VOLTE DIRETO PARA A CAMA, SEM
PENSAR EM MAIS NADA.
*CASO PERCA O SONO, NÃO FIQUE ROLANDO NA CAMA, LEVANTE
MANTENDO-SE EM AMBIENTE ESCURO (PENUMBRA), E VÁ LER OU VER TV COM POUCA LUZ E
SOM MUITO BAIXO, SE PREFERIR TOME UM CHÁ NOVAMENTE.
LEMBRE-SE QUE ISSO É UM CONDICIONAMENTO, LEVA TEMPO, E
PORTANTO A PERSISTÊNCIA É O SEGREDO DO SUCESSO.
Também é importante ressaltar que há muitos fatores que
podem interferir em seu sono no futuro, como a expectativa por eventos futuros,
preocupações, etc. Isso não é motivo para desesperar e começar a pensar que
está com problemas de sono novamente, você apenas estará num momento complicado
da sua vida e precisará manter sua rotina noturna até que seus padrões de sono
voltem ao normal.
16 de ago. de 2016
Compulsão Alimentar
No ano de 1961, pela primeira vez as diretrizes nutricionais
das autoridades mundiais guiaram as pessoas para reduzir o consumo de gorduras,
indicando que óleos vegetais refinados seriam mais “saudáveis” que a gordura
natural, bem como a divulgação de uma pirâmide alimentar colocando grãos e cereais
como a base da alimentação e açúcar como o topo. O resultado disso 40 anos
depois, é que temos uma epidemia mundial de obesidade, um aumento absurdo da
incidência de doenças cardíacas, e a crescente contagem de diagnósticos de
transtornos alimentares.
Entre os transtornos alimentares encontramos a anorexia, a
bulimia nervosa e a compulsão alimentar. A anorexia apresenta relatos de sua
observação desde a época de Cícero (106-43 a.C.) e ganhou essa denominação em
1873 com William Gull, que relatava incidir principalmente sobre mulheres
jovens que buscavam uma magreza absoluta e apresentavam ausência de fome, reparamos assim que é bem antiga. Entretanto transtornos como a bulimia e a compulsão alimentar apresentam relatos mais recentes, coincidentemente começaram a ser observadas em torno da década de 80. A Bulimia
nervosa apresenta seus primeiros relatos datados de 1979, caracterizada por episódios
de ingestão compulsiva e rápida de grandes quantidades de alimento, alternada
com comportamentos de perder peso (episódios expurgativos). E o objeto de estudo que
buscamos nesse post, a compulsão alimentar, apresenta seu primeiro relato por
Stunkard em 1959, tendo sido reconhecida como uma síndrome apenas em 1977 por
Wertmuth et al, inicialmente associada à bulimia. Somente em 1991 a compulsão
alimentar passou a ser reconhecida como uma categoria isolada que necessitava
de pesquisas mais incisivas. Ou seja, uma doença bem recente, que só se desenvolveu após as recomendações nutricionais terem sido estabelecidas como as vemos hoje.
Como é preciso encontrar as causas desse problema, as pesquisas
buscaram encontrar “razões”, buscando perfis psicológicos, o que nunca pode ser
definido, pois não há características comuns entre os portadores desse
transtorno. Cheguei a ler em alguns artigos que o compulsivo alimentar é uma
pessoa que não se importa com sua forma física... Isso não reflete a realidade,
pois podemos ver o quanto se sentem discriminados, se sentem culpados por não
conseguirem emagrecer, e há casos até mesmo de se isolarem socialmente. Então a
“culpa” recai sobre os hábitos alimentares e a “predisposição” da pessoa a
desenvolver esse transtorno, assim como ouvimos muitos dizerem que "come muito porque quer", e até mesmo atribuir a "sem vergonhice", o que também são grandes engodos, visto que se trata de compulsão, estando longe do alcance da pessoa de exercer controle por esse comportamento, além de sofrer com isso diversos sentimentos negativos. Os dados
oficiais divulgados estimam que a prevalência da compulsão alimentar seja de 2%
na população, mas repare na descrição dos critérios diagnósticos:
1 – ingestão em um período limitado de tempo de uma
quantidade de alimento definitivamente maior do que uma pessoa deveria consumir
(ou seja, não come muito o tempo todo, mas sim em EPISÓDIOS)
2 – sentimento de falta de controle sobre o consumo
alimentar durante o episódio (não da qualidade mas sim da quantidade, como a
pessoa que come o pacote todo de biscoito)
*comer até sentir-se repleto, comer rapidamente, comer
grandes quantidades de alimento quando não fisicamente faminto, sentir-se mal
consigo mesmo após comer
3 – angústia relativa aos episódios periódicos (a pessoa
sente culpa sim)
4 – Ter pelo menos dois episódios por semana, ao longo de 6
meses
E se começarmos a refletir, conhecemos muitas pessoas que
apresentam esse comportamento, em determinados horários, fases da vida, ou
mesmo em períodos de estresse. Muitas vezes, nós mesmos podemos estar apresentando
esse comportamento mediante períodos de estresse emocional ou frustração, como
um mecanismo de compensação. O fato de apresentar episódios uma vez por
quinzena também é preocupante, por ser frequente.
Não é mais segredo as motivações emocionais que os alimentos
representam para as pessoas. Todos temos os alimentos de “conforto”,
normalmente envolve algum açúcar ou carboidrato simples (massas), e costumamos
descontar frustrações recorrendo a esses alimentos. O interessante é que nunca
conheci uma pessoa que usasse “alface” como alimento de conforto, e quem
estiver lendo isso vai pensar: “é óbvio”. Mas porque é óbvio? Pela lógica da
importância emocional, não vem a explicação do sabor, ou textura, pois seria
simplesmente a ingestão. Mas sim, tem muito a ver, pois esses alimentos ricos
em carboidratos eles tem um efeito especial, eles são produzidos para agradar
excessivamente nosso paladar, e somos seres movidos pelo prazer. O que é mais
apetitoso: uma pizza ou um pimentão? Resposta óbvia não é mesmo? Entretanto
esses alimentos engordam muito, trazem sérios problemas de saúde, e são
disparadores de compulsão. Portanto, os alimentos que uma pessoa identifica
como disparadores de compulsão, precisam
ser evitados ao máximo, e mesmo quando for consumi-los, fazer com que seja de
forma reduzida (como comprar uma coxinha e comer em outro lugar onde não possa
comprar mais uma).
As pessoas comem, engordam, e ao longo da VIDA fazem o que?
Dietas e regimes para tentar emagrecer, se impondo severas restrições
alimentares, até mesmo nutricionais, por
longos períodos. Existem ainda as perspectivas de dietas em que a pessoa deve
se impor padrões muito rígidos de alimentação, comendo de 3/3h quantidades
calculadas de calorias. Acontece que a rigidez e a restrição alimentar são
também fatores de precipitação da compulsão alimentar, pois todo comportamento
restritivo gera por si só angústia e ansiedade, como também frustração. Toda
pessoa exposta a esses sentimentos por longo período de tempo irá buscar um
escape em algum momento. Além disso, o compulsivo alimentar tende a girar sua
vida em torno da comida, pois acaba se tornando a sua principal fonte de prazer (visto que nas relações sociais pode ser discrmininado e até sentir-se retraído por vergonha do próprio corpo).
Portanto uma dieta para comer de 3/3h irá fazer com que o compulsivo PENSE em
comida o dia todo, reduzindo em muito as chances de conseguir controlar seus
episódios.
Temos uma cultura muito ilógica, em que parece que as
pessoas tem medo de passar fome, enquanto nunca se teve tanta oferta de
alimento com a maior facilidade. Em nome de não passar fome as pessoas comem
mesmo não sentindo fome, e isso não permite que nossos mecanismos naturais
funcionem adequadamente. Aprendemos desde crianças a comer mesmo sem estar com
fome. Com uma busca rápida na internet se encontra diversos artigos sobre como
fazer crianças comerem, e como faze-los comer comidas saudáveis. Isso porque os
pais aprenderam com seus pais, e sei lá, talvez com seus avós também, que é
preciso obrigar a criança a comer “pelo bem dela”. Então se dá comida o tempo
todo o dia inteiro para as crianças, e não se permite que elas sintam fome e
através desse sentimento (fome) comam o brócolis, a couve flor, o espinafre, a vagem,
a pera, o abacaxi, etc. Além de tornarmos a alimentação baseada em
carboidratos, ainda as ensinamos a comer demais, obrigamos a comer até não
aguentarem mais, e não as ensinamos a respeitar a saciedade. Quando obrigamos
nossos filhos a comerem o tempo todo, e a comerem mais do que deveriam, bem como
recorremos a alimentos mais saborosos e menos saudáveis para garantir o volume
diário de ingestão, ao invés de garantirmos a qualidade diária de ingestão,
estamos ensinando um padrão alimentar errado, e que nossos filhos irão carregar
ao longo da vida podendo desenvolver problemas de saúde em decorrência disso.
O resultado de anos de compulsão alimentar acaba sendo a
obesidade, e hoje observamos o boom de cirurgias barátricas. Acontece que um
compulsivo alimentar passar por esse procedimento que é invasivo e pode colocar
sua vida em risco (tanto no momento da operação quanto no pós operatório numa
perspectiva de 3 anos), não vai ajudar em nada. Pode conseguir emagrecer em um
primeiro momento e depois engordar tudo novamente ao longo de 5 anos, mas
também pode romper os pontos cirúrgicos em um episódio de compulsão deixando
vazar material gástrico no corpo, correndo risco de desenvolver infecções e até
morrer. O correto é tratar a compulsão antes de pensar em fazer um procedimento
como esse.
Dados interessantes mostram que a terapia cognitivo comportamental consegue sucesso no controle e redução da compulsão alimentar em 91% dos casos (Duchesne, 2007), entretanto não há dados que comprovem a redução de peso (relatado em apenas 24% dos casos), até mesmo porque o tratamento da compulsão é incompatível com as dietas restritivas tradicionais. A manutenção desse equilíbrio no comportamento alimentar entre os que não perdem peso entretanto não é mantida, e cerca de 42% acabam tendo recaídas após 1 ano, demonstrando a estreita relação entre a compulsão alimentar e os sentimentos negativos a respeito do próprio peso, e colocando em evidência a necessidade de associar terapia e emagrecimento através de metodologias mais funcionais (não restritivas - e que são indicadas fontes de pesquisa sobre isso no final desse post).
Dados interessantes mostram que a terapia cognitivo comportamental consegue sucesso no controle e redução da compulsão alimentar em 91% dos casos (Duchesne, 2007), entretanto não há dados que comprovem a redução de peso (relatado em apenas 24% dos casos), até mesmo porque o tratamento da compulsão é incompatível com as dietas restritivas tradicionais. A manutenção desse equilíbrio no comportamento alimentar entre os que não perdem peso entretanto não é mantida, e cerca de 42% acabam tendo recaídas após 1 ano, demonstrando a estreita relação entre a compulsão alimentar e os sentimentos negativos a respeito do próprio peso, e colocando em evidência a necessidade de associar terapia e emagrecimento através de metodologias mais funcionais (não restritivas - e que são indicadas fontes de pesquisa sobre isso no final desse post).
Para tratar a compulsão alimentar é necessário
acompanhamento psicológico e médico, pois muitas vezes há associado outros
transtornos decorrentes da compulsão, como ansiedade e depressão, podendo ser
necessária a administração de medicamentos psicoativos. E acredite, o
tratamento da compulsão alimentar envolve não fazer nenhum tipo de dieta ou
imposição restritiva alimentar. É importante considerar que precisamos ter uma alimentação saudável, associada com comportamento alimentar saudável. De nada adianta ser compulsivo com comida saudável, pois engorda do mesmo jeito! Por isso, quem se identifica compulsivo, precisa buscar ajuda profissional, para aprender a lidar com a compulsão, e não se jogar em novas dietas e regimes que irão desencadear novos episódios compulsivos.
Em minhas pesquisas por uma alimentação mais saudável e
simples, encontrei muitas informações valiosas, baseadas em ciência de verdade,
não sensacionalista e sem distorções para beneficiar uma determinada indústria.
Essas informações me ajudaram a melhorar o perfil alimentar meu e da minha
família, bem como a compreender os motivos da grande dificuldade de muitas
pessoas em conseguir emagrecer. Gostaria de compartilhar com vocês essas
fontes, e se alguém conhecer outras pode compartilhar também!
Nesse link vocês podem ouvir o conteúdo sobre esse tema,
sempre com a participação de médicos especialistas e o Dr. Souto, que é o autor
do lowcarb-paleo.com (atenção especial aos podcasts n. #8 e #9).
Esse é o blog do Dr. Souto e logo abaixo algumas sugestões
de leituras desse mesmo blog
REFERÊNCIAS
Terapia Cognitivo Comportamental em obesos com TCAP, Rev Psiquitr RS, 2007
Terapia Cognitivo Comportamental para problemas psiquiátricos: um guia prático, K Hawton, et. al, Martins Fontes, São Paulo, 1997.
Terapia Cognitivo Comportamental para problemas psiquiátricos: um guia prático, K Hawton, et. al, Martins Fontes, São Paulo, 1997.
Compêndio de Psiquiatria: ciências do comportamento e psiquiatria clínica, Harold Kaplan et. al, 7ed, Porto Alegre: Artmed, 1997
Transtornos Alimentares: fundamentos históricos, Táki Ahanássios Cordás e Angélica Medeiros Claudino - Rev. Bras. de Psiquiatr: vol 24 suppl3, São Paulo, Dec 2002
Comportamento de restrição alimentar e obesidade, Fabiana Bernadi et. al - Rev. Nutr, vol.18 no.1 Campinas Jan 2005
19 de jul. de 2016
Ciúme
Nos registros históricos o ciúme surge
com a formação patriarcal da sociedade, como uma necessidade masculina por
garantir a fidedignidade de sua descendência. Nesse contexto, o ciúme foi a
justificativa para a violência extrema que as mulheres sofreram por séculos, ao
passo que à elas esse sentimento era proibido.
Apenas nos anos 60, com a
revolução sexual e a possibilidade da mulher obter controle sobre sua
fertilidade, bem como a quebra de muitos tabus sobre a sexualidade, a mulher
começou a expressar esse sentimento da mesma forma que o homem.
Contudo, o ciúmes é um sentimento
ligado à crenças a respeito de amor, auto preservação, e baixa estima, que pode despertar emoções
como raiva e tristeza. Acredito que já existia muito antes dos registros
históricos, e que mesmo sendo proibido às mulheres no passado, elas também o
sentiam, encontrando formas alternativas de expressá-lo.
Segundo Regina Navarro Lins (2007),
as crenças e a importância do ciúme no repertório emocional de uma pessoa são construídas
desde primeira infância, a partir de suas relações com a mãe e o pai. Para
Lins, o adulto vive o amor de forma semelhante à sua relação amorosa com a mãe
quando era uma criança pequena, pois bebê necessita de paz, aconchego e
proteção, que obtém através do contato físico com outra pessoa. Quando está
sozinho sente-se abandonado e chora na busca pelo colo e acalento; e essa é a
primeira manifestação de amor. À medida que cresce a criança torna-se mais
independente, entretanto esse amor ainda é o seu referencial de vida e sente
medo de perdê-lo, por isso a criança pode mostrar-se “controladora, possessiva
e ciumenta, desejando a mãe só para si”. Por isso associamos o medo de não
sermos amados à perda de tudo, inclusive da vida, pois esse risco que é real na
infância pode ser alimentado na idade adulta em uma família onde a dependência
emocional dos pais é mantida. Nesses casos, quando surge um relacionamento
amoroso a dependência é transferida para a outra pessoa, com quem irá tentar
satisfazer suas necessidades infantis.
Se a pessoa só consegue ficar bem
ao lado da pessoa amada, e amor é a solução de todos os problemas, a pessoa
amada torna-se extremamente importante à sobrevivência. Assim surge o medo de
perdê-la, desenvolvendo comportamentos de controle, possessividade e ciúmes.
Apesar de socialmente tolerado na maior parte dos casos, isso faz com que as
pessoas permaneçam juntas mais por necessidade do que pelo prazer na companhia
um do outro, gerando expectativas infantis, como querer que o outro adivinhe o
que sente ou deseja e esteja sempre pronto a fazê-lo feliz, assim como um bebê
que depende que sua mãe adivinhe suas necessidades estando sempre atenta de
forma exclusiva à ele. Tenta-se controlar a pessoa amada acreditando que assim
diminuirá as chances de abandono, chegando-se a exigir que a outra pessoa
submeta-se a prestar satisfações sobre seu dia ou até mesmo aceitar a
vigilância constante. Encontramos ainda pessoas que inflam a própria autoestima
quando seus pares demonstram ciúmes, e alimentam esse comportamento (podendo
até instigar).
A questão do ciúme também está
ligada à imagem que a pessoa tem de si mesma. Pessoas com baixa autoestima
tendem a ser mais inseguras. “Quem é amado sente-se valorizado, com mais
qualidades e menos desamparado. Portanto quanto mais intenso o sentimento de
inferioridade, maior será a insegurança e mais forte o ciúme. O caminho mais
fácil é tentar restringir ao máximo a liberdade do outro.” Pessoas que parecem
ser autossuficientes socialmente, podem revelar-se extremamente inseguros e
dependentes no contexto amoroso.
Pessoas com boa autoestima, que
se consideram atraentes e interessantes não pensam que podem ser trocadas com
facilidade, e percebem que se a relação acabar irão sofrer, mas também sabem
que serão capazes de superar.
Em alguns casos a manifestação de
ciúmes pode ser tão exacerbada, ou mesmo desviar da realidade, o que na
psicologia e psiquiatria conhecemos como ciúmes patológico. Balliero (2008)
relaciona o ciúmes patológico a diferentes transtornos mentais, como o Transtorno
Obsessivo Compulsivo, Transtornos de Personalidade, Transtorno Delirante,
Psicose Orgânica, Psicose Alcoólica, e Esquizofrenias. Entretanto a presença do
ciúmes patológico não está condicionado à existência de um transtorno mental,
podendo ser considerado de forma independente, desde que a presença do
comportamento relacionado à ciúmes esteja interferindo na qualidade de vida e
de relacionamento de uma pessoa. Nesses
casos a pessoa precisa de tratamento psicológico, podendo precisar de
associação medicamentosa dependendo da gravidade do caso.
Existem formas da pessoa manejar
o próprio ciúmes, de forma a relacionar-se melhor com seus pares, a seguir vão
algumas dicas:
Entenda a vida social de seu parceiro(a) e aceite que vocês precisam
interagir com outras pessoas. Procure compreender que seu par não pode
controlar o comportamento dos outros, e que é muito diferente ser educado de
ser permissivo, uma pessoa não pode ser condenada por ser educada.
Cuide de sua auto estima, valorize-se, busque realizar atividades
que te façam sentir bem consigo mesmo, como cuidar de sua saúde, aparência e
profissão. Muitas vezes o ciúmes é uma defesa do próprio ego, para não cair
nessa armadilha trate de sentir-se interessante cuidando de si mesmo.
Esqueça a ideia de posse, manter uma pessoa ao seu lado é uma
CONQUISTA, e não uma ameaça ao outro. Se uma pessoa está com você é porque quer
assim. Lembre que ninguém é obrigado a estar com ninguém e as pessoas ficam
juntas quando a companhia é agradável. Tentar obrigar o outro a estar com você
já acaba com todo o prazer.
Racionalize, muitas vezes o ciúmes cria fantasias na cabeça da
pessoa. Busque comparar seus pensamentos com a realidade, e não com outros
pensamentos.
Controle seus impulsos, quando estiver nervoso não é hora de se
expressar, acalme-se primeiro, reflita sobre a situação e só depois converse de
calma, expondo o que te incomodou e como poderia ter sido evitado, estando
aberto a ouvir o que a outra pessoa tem a dizer.
Não alimente o ciúmes e seja flexível, apesar de ser lisonjeador as
vezes ver que seu par sente ciúmes de você, lembre quantos sentimentos
desagradáveis a pessoa irá vivenciar com isso, e seja flexível afim de garantir
que a pessoa consiga sentir-se segura no relacionamento.
Por fim, DIÁLOGO, sempre! Conversar de forma racional e ponderada é
sempre o que fortalece os relacionamentos.
28 de jun. de 2016
AUTO ESTIMA
Só para esclarecer a respeito do termo: auto estima
significa a estima que tenho em relação à mim, por isso falamos em auto estima
positiva ou negativa, boa ou ruim, mas não dizemos alto estima e baixa estima
como se fosse alto astral e baixo astral. A palavra auto não provém de altura
ou qualidade, mas de referência à si próprio. Esclarecidos, vamos aos
conceitos!
Auto Estima é o conjunto de crenças, conceitos e valores que
construímos a respeito de nós mesmos ao longo da vida, basicamente podemos
dizer que a auto estima é forma como nós nos percebemos em relação ao mundo. A
base de formação da nossa auto estima ocorre principalmente na infância,
através da troca afetiva com nossos pais. Pais que são capazes de fazer os
filhos se sentirem seguros e amados estão contribuindo para a formação de
adultos mais seguros, confiantes de suas habilidades e com uma auto estima mais
positiva.
Mas ao longo da vida esse auto conceito vai se tornando cada
vez mais elaborado, pois além da percepção de si mesma que a pessoa aprende no
ambiente intrafamiliar, a convivência no ambiente social expõe a pessoa ao
julgamento e percepção alheios. A forma
como nós nos vemos não corresponde ao resultado exato da imagem que o espelho
reflete, ou de habilidades concretas que possuímos, mas sim à forma como
percebemos que os outros nos veem. Por
isso conhecemos pessoas que são muito bonitas que se consideram feias, e
pessoas inteligentes e capazes que se consideram sem habilidade nenhuma, bem
como podemos encontrar situações opostas também. O que ocorre na verdade é que
essas pessoas desenvolveram ao longo da vida, formas de se relacionar com as
outras pessoas e com o mundo, que não são muito saudáveis, e a partir disso
constroem conceitos sobre si e sobre o mundo que são disfuncionais. A auto
estima é um constructo importante da nossa personalidade, sendo positiva e
congruente com a realidade, podemos conquistar uma boa qualidade de vida, e
sendo negativa ou incoerente com quem nós somos de fato podemos desenvolver
problemas como tristeza, angústia, insegurança, etc.
Uma boa dica para a pessoa melhorar sua auto estima, é
prestar atenção sobre quais palavras frequentemente usa para referir-se a si
mesma, e modificar todas as que forem negativas. O cérebro é om órgão
fantástico e poderoso que nós temos, portanto se eu digo sempre que “não vou
conseguir”, então é quase certo que não conseguirei. Se sempre me digo que não
sou capaz, que ninguém nunca irá me amar, que nunca conseguirei aprender, etc,
então essas coisas tendem a se tornar realidade pois o seu cérebro irá receber
essas pequenas frases autodestruidoras como ordens, e vai começar a desencadear
uma série de pensamentos e comportamentos para que suas “ordens” sejam
cumpridas. Portanto o ideal é tomar consciência de suas palavras auto derrotistas
e corrigi-las, substituindo por frases mais positivas como: eu sou capaz, eu
consigo, eu posso, eu sou amada, eu aprendo etc... Essa substituição deve
ocorrer inclusive no diálogo interno, de forma a modificar como a pessoa pensa.
Sempre que possível também é bom contextualizar essas frases afirmativas com
situações que já passou pela vida que podem provar o quanto você é capaz de
conseguir atingir os objetivos.
Pessoas que tenham uma maior dificuldade em lidar com sua
auto estima, precisam buscar um atendimento psicológico para receber ajuda
profissional.
Problemas decorrentes do trabalho: ESTRESSE E DESEMPREGO
O trabalho é umas das partes importantes de nossas vidas,
quando o produto do trabalho nos dá orgulho, sentimos que estamos no trabalho
correto onde somos estimados, temos oportunidades de crescimento, e que é
recompensador financeiramente, então o trabalho é uma fonte de prazer e
desenvolvimento pessoal. Existem muitas pesquisas demonstrando que um
trabalhador que se reconheça nessas condições tem melhor saúde e qualidade de
vida.
Entretanto essa não é a realidade da maioria, que em geral
podem estar insatisfeitos ou estressados com sua vida ocupacional. Em períodos
de crise econômica encontramos muito mais dois problemas que quero abordar: o
estresse e o desemprego.
Quando as pessoas sentem que estão no emprego errado, ou quando
seus esforços físicos não são proporcionais à satisfação e recompensa que
encontram no seu trabalho, o resultado pode ser o estresse. Outro fator que vem
a potencializar o estresse é a pressão, que pode gerar conflitos e supressão de
agressividade, um dos motivos pelos quais a violência vem se tornando um
problema recorrente nos ambientes de trabalho. Quando intenso e frequente, o
estresse pode ser a causa de problemas cardíacos, musculares, fadiga,
resfriados frequentes, insônia, dor de cabeça, distúrbios estomacais e até
mesmo de transtornos mentais. O trabalhador estressado tem redução em sua
produtividade, e desenvolve problemas de relacionamento familiar e social. O
ideal seria uma redução nas horas trabalhadas, bem como o aumento do número de
intervalos. Outras medidas como exercícios, música e meditação também ajudam
bastante.
Talvez o maior estressor ligado ao trabalho seja o
desemprego. Em períodos de crise econômica as empresas tendem a enxugar seus
quadros de funcionários drasticamente, uma realidade que temos observado com
muita tristeza atualmente. Na década de 1930 houve a maior crise econômica de
todos os tempos, e nesse período os estudos sobre a pessoa desempregada revelou
o desenvolvimento de doenças físicas e mentais, incluindo enfarte, derrame,
ansiedade, depressão, problemas conjugais e familiares, problemas de saúde,
psicológico e de comportamento nas crianças, e suicídio.
O estresse resulta não só da perda de renda e consequente
dificuldade financeira, mas também o efeito dessa perda no autoconceito e nos
relacionamentos familiares. Os homens que ligam seu papel familiar ao sustento
e provimento, e ambos os trabalhadores que ligam a própria identidade ao seu
trabalho e acreditam que seu valor é definido pelo dinheiro, perdem mais que o
emprego, perdem suas identidade, parte si mesmos e sua auto estima.
Os que conseguem lidar melhor com o desemprego
são que tem recursos financeiros (economias ou renda de outros membros da
família), pois tendem a avaliar a situação de forma mais objetiva, e
sentem que podem contar com o apoio
familiar. Esses tendem a acreditar que podem influenciar positivamente sua
situação no futuro, e conseguem ver o desemprego como um desafio para o
crescimento emocional e profissional,
podendo mudar a direção de seus trabalhos e de suas vidas.
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