16 de abr. de 2020

PANDEMIA, QUARENTENA, MEDO

Vivenciamos um momento que ficará marcado na história de nosso tempo. Uma mutação nova, de um vírus antigo, se alastrou pelo mundo levando consigo desestabilização, medo, incertezas, insegurança e uma mudança abrupta em toda a nossa estrutura social e cultural. Temos hoje uma gigantesca estrutura de informação, rápida e eficaz. No passado as pessoas poderiam pensar que isso seria maravilhoso e ajudaria as pessoas com tanta facilidade no acesso às informações - só que não é assim que acontece... Toda essa estrutura revelou uma convulsão sócio-cultural muito grande: existem muitas e diversas informações, que vão desde contrárias até desconexas! Existem golpes sendo anunciados de todos os lados, e em todos os sentidos, existem dados adulterados, maquiados, escondidos, e ninguém encontra a verdade. A verdade passou a ser RELATIVA (obrigada Einstein, as pessoas levaram a um novo nível a sua teoria). Até mesmo a ciência passou a ser relativa, o que diriam os filósofos gregos dessa nossa psicose coletiva hein?!
Em uma era com tanto investimento na ciência, tanta tecnologia para desenvolver pesquisas, e no entanto... a ciência tornou-se relativa às demandas de quem a anuncia. O tomate hoje faz bem, amanhã não mais, hoje vamos divulgar como verdade científica um estudo epidemiológico como extremamente verdadeiro e consistente, amanhã divulgaremos outro de mesmo teor e resultado oposto, na semana que vem publicaremos estudos conduzidos com animais com verdades absolutas, até que no ano que vem seja publicado outro estudo epidemiológico contraditório. Sabe o que é isso? Trata-se de manipulação da realidade, para noticiar o que interessa a alguém, independente dos fatos. Tais estudos de fato existem, no entanto o que ninguém explica para a população, consumidora refém desses conteúdos, é que a ciência não se lê dessa forma. Estudos científicos tem propósitos específicos, e resultados condizentes. Estudos epidemiológicos não servem para afirmar verdades, apenas servem para levantar questionamentos. Estudos em animais servem de parâmetro inicial, mas nunca se igualam em evidencia com os estudos com animais - explicando de forma simples: pelo mesmo motivo que em uma transfusão de sangue não recebemos sangue de porco ou de boi, muito menos de ratos. Porque somos diferentes, e a conclusão de um estudo com efeito para o corpo humano, só pode ser conclusivo após estudo em humanos, obedecendo o controle de varáveis (alimentação, estilo de vida, etc). O mesmo acontece com a economia, a política, as leis, a cultura, e pasmem: o senso comum.
Recebemos uma verdadeira enxurrada de notícias da hora em que acordamos, à hora que vamos dormir: notícias tão diversas que fica muito difícil discernir o que é válido/real do que não é. As pessoas aprenderam a julgar a realidade e a verdade como sendo relativa à cada um, mas o fato é que não é. O que é relativo é o PONTO DE VISTA, realidade e verdade são concretos e imutáveis: uma mesa é uma mesa, uma parede é uma parede, um fato ocorrido se desenvolveu independente das opiniões. A quantia de dinheiro que você possui não irá modificar conforme a opinião de alguém, assim como o valor de um pé de alface no mercado não mudará conforme o ponto de vista das pessoas. E sabe quem está no meio dessa loucura que acontece: você, eu, as pessoas ao nosso redor - todos nós. Não temos confiança em nosso sistema de informações, e vivemos em função de tentar descobrir qual a noticia é verdadeira, com a nossa vontade secreta de que seja aquela que mais gostamos. Na Bíblia existe um versículo muito poderoso: "e conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará". Sabe o que esse sistema insano de informações faz conosco: nos adoece! Vou explicar: nós temos constante necessidade de saber das coisas, de procurar pela verdade, desde os tempos das cavernas o homem busca as informações corretas (alimentos seguros, presença de predadores, local seguro para o repouso, etc). Em toda a história da humanidade o ser humano pauta seu comportamento nas informações que possui, pois elas constroem a realidade em que vivemos. Mas existe uma coisa que poucas pessoas percebem: no ser humano o instinto de sobrevivência é uma das habilidades mais fortes que possuímos. E está aqui nesse detalhe, no que há de mais forte nas pessoas, em geral - que está a questão desse momento.
O instinto de sobrevivência funciona a base dois mecanismos principais: esperança de sobreviver e medo de morrer. Mas dentre esses dois mecanismos, o que atua influenciando diretamente o nosso comportamento é o do medo. O medo é uma estrutura do comportamento que a psicologia vem estudando há décadas, e é muito interessante o seu mecanismo, pois o medo surge não diante de um perigo real e presente, mas partir da SUPOSIÇÃO da existência de algum perigo qualquer. E o medo não faz apenas com que tenhamos um comportamento precavido, o medo vai muito além pois ele sequestra o nosso sistema de crenças, e mobiliza em torno de si nossas emoções. Então perceba a importância disso: temos um instinto muito forte em cada um de nós, o da sobrevivência, que atua nos alimentando de esperança de vida, e de nos mobilizando completamente em função do medo de morte - só que esse medo que nos sequestra e mobiliza, não necessariamente precisa ser de um perigo real e presente, pode ser uma suposição infundamentada de algum perigo imaginário. Percebeu? Se ainda não, tenha mais um pouquinho de paciência, pois chegaremos lá! Vamos traduzir para o que estamos vivendo hoje:
Todos os dias recebemos enxurradas de informações. Dentre essas informações, algumas nós gostamos e nos alimentam com esperanças, outras nos causam estranheza e geram dúvidas, ou inseguranças quanto ao que conhecemos (e na insegurança - falta de segurança - já temos uma pontinha de medo surgindo), MAS temos também as notícias catastróficas, que preveem a aniquilação completa de nossas vidas. Diante essa mescla, sabe o que nossa faz? Nos alimenta com a esperança das notícias boas, nos fazendo questionar as ruins e estranhas, até as invalidando. Mas sem que tenhamos muito controle sobre isso, na forma de nos preparar  para lutar por nossa sobrevivência, alimenta descaradamente nosso MEDO - isso porque se a notícia ruim prevalecer, precisamos estar prontos para enfrentar. Não precisamos ter consciência disso, nossa mente faz esse calculo automaticamente. No entanto, notícias extremamente negativas e catastróficas, sendo repetidas continuamente produzem o efeito em cascata: ficamos tensos, preocupados, ansiosos, e então angustiados, e daí esses sentimentos se elevam e podem produzir um colapso psíquico, nos transformando em pessoas deprimidas, paranoicas, agressivas, etc... O excesso de tensão intrapsíquica é a causa comum dos surtos psicóticos, e esse momento pode sim produzir o desenvolvimento de doenças mentais graves.
Ficamos assim com um importante questionamento: o que fazer? Controlar o volume e a qualidade de informações que captamos, obviamente é o primeiro passo. Precisamos impor limites, desligar a TV, o celular, o computador se for preciso! Mas precisamos impor limites à nós mesmos, não um controle externo, mas interno -sim: retomar o controle que temos sobre nós mesmos! O passo seguinte, é estar mais em contato com a realidade e menos com o virtual: mais contato humano, olhar nos olhos, falar com pessoas envolvidas diretamente na nossa vida. Estar em contato com a nossa realidade: nosso ambiente, os objetos e o mundo ao nosso redor, sem uma tela, lente ou filtro para "moldar" ou "mostrar" -usemos nossos sentidos: visão, audição, olfato, tato e paladar (esse ultimo moderadamente) para sentir a realidade e estarmos presente em nós mesmos. Uma boa dica é a prática de mindfulness, existem milhares de aplicativos, vídeos no youtube, textos pela internet explicando o que é, como funciona, e como se faz - e por isso não explicarei aqui, faça uma pesquisa no Google sobre isso (não conta como notícia, mas como conhecimento de auto-cuidado). E se mesmo assim continuar com dificuldades, estiver ansioso, deprimido, ou com a mente presa em teorias diversas de conspiração (não estou desqualificando a veracidade, apenas a utilidade de ter isso em sua mente o angustiando), entre outras condições de sofrimento mental - não hesite em buscar a ajuda profissional de um bom psicoterapeuta, pois você pode fazer terapia online!

Para agendar sua consulta entre em contato via WhatsApp (22) 99819-7304

4 de nov. de 2018

Comportamento Alimentar, Obesidade, Compulsão Alimentar


Através da alimentação obtemos a energia e nutrição necessários para viver. Evolutivamente, nosso organismo desenvolveu diversos mecanismos, para regular fisiologicamente o nosso comportamento alimentar, conduzindo assim os estados de FOME e SACIEDADE. Sendo assim, a extensão da parede estomacal, atividade intestinal, funcionamento do fígado, produção de hormônios como insulina, leptina, grelina, colecistocinina, entre outros, atuam como reguladores de fome e saciedade. No entanto, o comportamento alimentar está muito longe de ser apenas uma função biológica do nosso corpo, sofrendo influencias emocionais, sociais e culturais, o comportamento alimentar é um mecanismo bem mais complexo.

O ato de alimentar a si e aos outros possui significados variados e importantes na subjetividade dos indivíduos. A atribuição da amamentação e do preparo de alimentos para a família constitui um fator da construção da subjetividade feminina, em todas as festividades um ponto central da reunião das pessoas é em torno do cardápio (quaresma, ceia natalina, bolos e doces de aniversário, churrasco de comemoração, almoço de dia das mães e dos pais, etc), e a alimentação ainda é influenciada por questões culturais e emocionais, pois não coemos apenas grupos alimentares: fibras, proteínas, gorduras e carboidratos, ou apenas nutrientes como vitaminas e minerais. Escolhemos nossos alimentos conforme nossas preferencias de sabor, e nas escolhas interferem a acessibilidade do alimento, a conveniência, e ainda regulamos a quantidade do que comemos conforme a fome, a vontade de comer e nosso estado de humor. Ter uma relação saudável com a alimentação é imprescindível para uma vida saudável. Não comemos apenas para sobreviver, mas desenvolvemos com a comida um relacionamento íntimo, afetivo, cultural e social. Cerca de 90% de nosso funcionamento cerebral é emocional, por isso precisamos entender e valorizar a interferência dos nossos componentes emocionais em tudo o que fazemos, negar a predominância emocional de nosso funcionamento cerebral, exaltando nossa racionalidade é a primeira armadilha para boicotarmos nossa saúde mental, e reduzirmos a nossa capacidade intelectiva. Por outro lado, aprendermos a lidar com nossas emoções, desenvolvendo habilidades afetivas nas diversas áreas de nossa vida é essencial para obtermos sucesso em tudo o quanto pretendemos.

Para a OMS saúde é um estado de bem estar Bio Psico Social, onde o ser humano é visto não apenas como um organismo físico, mas englobando suas complexas formações psíquicas e sociais. Em discussões sobre o que seria normal (saudável), e o que seria patológico, o célebre Canguilhem relativizou, mostrando que saudável vai muito além do que um julgamento pré-estabelecido, e nos mostrou que uma pessoa é saudável não apenas na ausência de doenças, mas também quando essa pessoa percebe-se normal. Dessa forma compreendemos que a saúde psíquica, depende diretamente da influência marcante da autoimagem que construímos de nós mesmos como pessoas quanto indivíduo e quanto ser social. Os transtornos psíquicos geralmente nascem de problemas na construção dessa nossa autoimagem.

O CID-10 (10ª edição da Classificação Internacional das Doenças da OMS) dedica a categoria F50 aos transtornos alimentares, que são a alteração dos comportamentos alimentares associados a perturbações psicológicas. Nessa categoria são descritos os parâmetros diagnósticos para anorexia, bulimia, Hiperfagia, e outros transtornos alimentares não especificados. Devido a relevância estatística do grande número de pessoas afetadas pela obesidade no mundo hoje, nesse texto falaremos da Hiperfagia, também conhecida como compulsão alimentar, vício em comida, glutonaria, etc. A Hiperfagia é comportamento de comer excessivamente, existindo variações do padrão desse comportamento, que pode ser episódico, constante ou variado, conforme a reação da pessoa a eventos emocionais. A Hiperfagia leva à obesidade, e a obesidade por sua vez pode levar o indivíduo a desenvolver baixa autoestima e perda de confiança nos relacionamentos pessoais, tornando-se causa de outras perturbações psicológicas como depressão, ansiedade, fobia social, neuroses, etc.

Vivemos hoje no mundo um verdadeiro surto de obesidade, fruto de uma complexa realidade que vem se construindo ao longo das últimas décadas: falha nas diretrizes alimentares oficias, excesso de oferta de alimentos fast food, mudanças nos padrões comportamentais de alimentação e atividades físicas, mudança nos padrões de comportamento social e familiar em que homens e mulheres abraçam o mercado de trabalho e o cuidado com os alimentos da família passam a ser atribuídos à indústria alimentar, entre muitos outros fatores envolvidos. Pesquisadores de Harvard, em um estudo epidemiológico ao longo de 20 anos, com mais de 12mil indivíduos, detectaram uma tendência de padrões comportamentais serem regulados pelas pessoas afetivamente próximas. Assim pessoas que tendem a não se exercitar e comer de forma exagerada, influenciam as pessoas de sua convivência, assim como o oposto também ocorre. Dessa mesma forma o ambiente é influenciado e influencia o comportamento das pessoas, pois em lugares onde as pessoas tem uma maior demanda por fast food, existe uma tendência a existir grande oferta de estabelecimentos que ofertem esse tipo de alimento, reduzindo proporcionalmente a existência de estabelecimentos onde se oferece alimentos mais naturais e saudáveis, reduzindo por consequência a oferta de opções saudáveis de alimentos. Vemos assim, que o surto de obesidade não se deve apenas ao comportamento alimentar isolado de uma pessoa, mas a um conjunto de fatores que vem sendo construídos há décadas, construindo todo um paradigma de vida do qual precisamos refletir e começar a interferir como agentes de mudança, afim de construirmos um futuro onde as pessoas tenham mais saúde, no conceito amplo da palavra. Dessa forma podemos considerar uma perspectiva holística da compulsão alimentar, e entender que ela influencia e é influenciada não só na subjetividade psíquica, mas também nos espaços sociais, e por isso tornou-se um importante fator de saúde pública, que no entanto é pouco abordada.

Muitos acreditam que Compulsão Alimentar consiste apenas em episódios, assim como a bulimia, mas sem os comportamentos expurgatórios de compensação (vômito, uso de laxantes e diuréticos, etc). No entanto a hiperfagia é bem mais ampla e complexa. Indivíduos com compulsão alimentar tendem a comer excessivamente, seja de forma constante, seja de forma episódica, e até mesmo havendo variações entre esses padrões e períodos de dieta. Ao comportamento de comer excessivamente existe a associação emocional, conforme a ocorrência de eventos estressores a pessoa pode vir a comer ainda mais que o normal, apenas parando mediante mal estar por empanturramento. Em alguns casos a pessoa não demonstra vergonha por sua hiperalimentação, mas em outros casos isso pode acontecer, levando a pessoa a comer escondido. Por conta da obesidade muitos tentam diversas vezes empreender dietas, seja por necessidades de saúde, seja por vaidade. No entanto essas dietas raramente são capazes de auxiliar, visto que diante estressores emocionais os gatilhos da compulsão podem ser ativados, levando a pessoa a voltar aos episódios ou mesmo perder a aderência da dieta, formando um verdadeiro ciclo vicioso:


*O estresse me desestabiliza emocionalmente *Como demais *Engordo *Me sinto mal por estar gordo *Quero emagrecer *Inicio uma dieta restritiva *A restrição me causa estresse *O estresse me desestabiliza emocionalmente *Como demais... 

O tratamento da compulsão alimentar visa inicialmente reduzir a compulsividade alimentar, trabalhando as habilidades emocionais do paciente. Nos protocolos de Terapia Cognitivo Comportamental prevê-se treino em solução de problemas, treino de habilidades sociais, desenvolvimento de habilidades de automonitoria e de relaxamento. Nos protocolos psicoterápicos, é enfatizado que a dieta tradicional, por gerar muita restrição, gera frustração e por fim compulsão, não sendo possível conciliar dietas tradicionais com terapia, gerando outro conflito, pois se o paciente durante a terapia não consegue emagrecer continua sentindo-se mal com sua autoimagem, impedindo assim avanços significativos na terapia. Essa questão torna-se cíclica por fim, pois se faz dieta sem terapia, não trabalha seus estressores que provocam a compulsão e portanto não consegue ter aderência suficiente para a dieta fazer o efeito pretendido, mas se faz terapia sem dieta, por não estar emagrecendo não consegue mudar sua autopercepção. Nesse contexto a Terapia Cognitivo Comportamental inclui em seus protocolos a possibilidade de dietas pouco restritivas, associados a um trabalho de orientação nutricional que dê ao paciente consciência de como seu corpo interage com os alimentos, bem como o desenvolvimento de um repertório comportamental que leve a pessoa a mudar a forma como se alimenta. Bernard Rangé sugere os seguintes comportamentos, para uma relação mais saudável com a alimentação:

1)Alimentar-se apenas em lugar especifico para esse fim.

2)Quando estiver se alimentando não fazer outras coisas simultaneamente.

3)Deixar um pouco de comida no prato ao final das refeições.

4)Em vez de comer para se acalmar, apenas comer quando sentir FOME.

5)Comer lentamente, desenvolvendo a habilidade de perceber a saciedade.

6)Prestar mais atenção aos indicadores fisiológicos de FOME e SACIEDADE.

7)Reduzir a disponibilidade de alimentos quando se está comendo, guardando a comida excedente.

8)Não ter alimentos prontos para consumo, para que tenha que preparar cada refeição.


1)Alimentar-se apenas em lugar especifico para esse fim.

2)Quando estiver se alimentando não fazer outras coisas simultaneamente.

3)Deixar um pouco de comida no prato ao final das refeições.

4)Em vez de comer para se acalmar, apenas comer quando sentir FOME.

5)Comer lentamente, desenvolvendo a habilidade de perceber a saciedade.

6)Prestar mais atenção aos indicadores fisiológicos de FOME e SACIEDADE.

7)Reduzir a disponibilidade de alimentos quando se está comendo, guardando a comida excedente.
8)Não ter alimentos prontos para consumo, para que tenha que preparar cada refeição.

17 de jan. de 2017

Pânico

Há algum tempo Rafa estava no cinema quando teve a sua primeira crise, em que sentiu um enorme desconforto, aceleração dos batimentos cardíacos, tremores, dor no peito, falta de ar e enjoo. Nesse dia sentiu que poderia morrer e acreditou estar tendo um infarto e que precisava sair dali e ir para o hospital imediatamente. No hospital após ter realizado os exames, foi constatado que sua saúde estava em boas condições, não havendo explicação física para o quadro sintomático relatado. Depois desse dia começou a ter repetidas crises, em diferentes lugares e situações, a principio sem qualquer motivo. As crises normalmente incluíam aceleração dos batimentos cardíacos, falta de ar, tontura e tremores. Em todas as vezes Rafa acreditava que poderia morrer ou enlouquecer, pois seus sentimentos eram bem intensos, entretanto os exames não encontravam nenhum problema físico em corpo. Após cada crise  o medo de ter novas crises só aumentava, fazendo com que Rafa se afastasse de seu convívio social, evitasse lugares públicos por medo de se envergonhar tendo uma crise na frente das pessoas, ao mesmo tempo evitando estar sem companhia por medo de ter uma crise sem ter ninguém para lhe socorrer. A vida de Rafa se resumia a tentar evitar uma nova crise, mesmo sem conseguir.
Rafa é apenas uma personagem imaginária, mas existem muitas outras pessoas que podem estar passando por uma situação bem parecida, sem conseguir compreender o que acontece consigo. O que acontece com nossa personagem fictícia é conhecido como "ataque de pânico", que quando ocorre diversas vezes podemos chamar de transtorno do pânico. Esses episódios são tão intensos que a pessoa começa a sentir medo que se repitam, e para evitar isso tomam diversas medidas como não ficar sozinha, evitar determinados lugares e situações. Com todas as medidas para evitar um novo ataque, a pessoa começa ter graves prejuízos na vida social, familiar, profissional e até amorosa. Entretanto, apesar das muitas restrições que a pessoa pode se impor, as crises sempre acontecem novamente, muitas vezes. Mediante essa situação as pessoas normalmente  iniciam uma peregrinação entre emergências de hospital e médicos especialistas de outras áreas, até que o paciente finalmente chegue a um consultório de terapia cognitivo comportamental e receba a informação de que na verdade o seu problema é conhecido e comum, se chama Transtorno do Pânico e tem tratamento.
A perturbação gerada envolve repentinas crises, que tendem a se tornar mais fortes a cada episódio. Cada ataque de pânico desencadeia reações como aceleração dos batimentos cardíacos, sensação de falta de ar, tremores, transpiração excessiva, tonteiras, vertigens, sensação de desmaio, náusea, pernas bambas, formigamentos. Além dessas sensações, durante as crises a pessoa tem a mente inundada com pensamentos muito intensos de que pode estar tendo um ataque cardíaco, que pode vir a morrer ou enlouquecer devido esse ataque. Esses episódios são realmente intensos e podem chegar a ser incapacitantes, o que explica o motivo da pessoa tentar de todas as formas não passar por isso novamente. No entanto, quanto mais a pessoa se esquiva de possíveis situações causadoras do problema, mais prejudicada a vida funcional dessa pessoa fica, e como consequência novas crises, mais intensas e mais frequentes surgem.
O transtorno do pânico é um entre tantos outros problemas relacionados aos transtornos do humor ansioso, que pode melhorar e a pessoa reaver seu equilíbrio e saúde mental através do tratamento adequado.
Atualmente o tratamento para pânico envolve acompanhamento medicamentoso com médico psiquiatra, e acompanhamento psicoterapêutico com psicólogo.
O tratamento medicamentoso irá auxiliar na redução dos sintomas físicos como aceleração cardíaca, dificuldades com a respiração, etc, permitindo que  a pessoa experimente o alívio das crises. É muito importante reforçar que as medicações irão suavizar os sintomas, mas que não são suficientes para lidar e superar o transtorno do panico ao ponto de não precisar mais de tratamento. Para isso acontecer é preciso o tratamento combinado de medicamentos com psicoterapia.
A psicoterapia já é um processo  bem diferente, e depende muito da afinidade do paciente com o terapeuta, bem como do engajamento do paciente em seu tratamento. Muitas pesquisas indicam que a abordagem terapêutica cognitivo comportamental apresenta maior eficiência em menor espaço de tempo. É uma indicação de modalidade terapêutica, que tem sido muito divulgada e sugerida, entretanto é importante ressaltar que todas os processos terapêuticos são benéficos, desde que haja engajamento do paciente.
Para superar o pânico é importante que a pessoa busque o tratamento com profissionais com quem se sinta segura e confortável, e que mantenha o tratamento conforme a orientação dos profissionais escolhidos.

13 de set. de 2016

Dificuldades de aprendizagem

As crianças e jovens de hoje recebem muitos estímulos e ao mesmo tempo muitas responsabilidades, pois a escola nunca foi tão exigente aos alunos quanto hoje em dia. A tolerância ao diferente, ao tempo de cada um para o aprendizado, as formas diferentes como cada criança aprende e desenvolve tem desaparecido. O que tenho observado é que as escolas trabalham com moldes prontos (crianças quietas, sentadas, e que aprendem no mesmo tempo e de forma igual), mas se uma criança não se encaixa nesse molde ela é classificada como "diferente" e colocada de lado, a escola devolve a responsabilidade para os pais e indica que procurem um médico afim de "resolver os problemas" desse aluno, que seria no caso dar algum remédio mágico q coloque a criança dentro dos moldes. Algumas escolas ainda se antecipam dizendo que o aluno provavelmente é portador de Déficit de Atenção e ou Hiperatividade. Aliás esse acabou se tornando o diagnóstico padrão sempre q uma criança demonstra dificuldades na escola.
Até mesmo porque o diagnóstico dos distúrbios do aprendizado não é através do e exames laboratoriais, mas sim avaliação clínica, e pelo quadro apresentado pelas famílias, muitos médicos acabam confirmando esse diagnóstico "padrão" e já iniciam o tratamento... O problema é que esses tratamentos sao realizados com medicamentos psicoativos, que quando empregados nos casos corretos são ótimos e promovem saúde, mas quando um paciente com ansiedade recebe o tratamento para hiperatividade, a resposta ao tratamento será péssima, levando o médico a associar outras medicações, ou a família a descrença no tratamento, e ambas as opções são ruins para a criança!
Ocorre que nem sempre (aliás quase nunca) esse diagnóstico está correto! Existem muitas possibilidades quando uma criança não está conseguindo aprender, podendo ser um transtorno do humor como ansiedade ou depressão, ou mesmo outras dificuldades de aprendizado como dislexia, transtornos invasivos do desenvolvimento, entre muitas outras possibilidades. 
Existe para isso um procedimento realizados por alguns psicólogos, que se chama avaliação neuropsicológica, que é o procedimento diagnóstico mais completo que existe hoje para dificuldades de aprendizado e memória, e quando realizado completo, com todos os testes necessários, irá possibilitar encontrar as reais respostas a esse problema de aprendizado da criança. Por isso, se seu filho, e/ou aluno, está com dificuldade de aprendizado, solicite inicialmente uma avaliação neuropsicológica, para primeiro descobrir o que há de fato com a criança, e a partir dessa informação será possível ao médico e aos demais profissionais da saúde saberem do que realmente sua criança precisa para superar suas dificuldades.

30 de ago. de 2016

Conversar de forma eficiente

Vamos começar com aquela frase que já escrevi muitas vezes: “Somos seres humanos, portanto somos seres sociais em nossa constituição”. Nossa humanidade está condicionada ao relacionamento social, pois é através das trocas que realizamos com as outras pessoas que construímos nossos conceitos sobre o mundo, as pessoas, os grupos e sobre nós mesmos. Percebe o quanto o relacionamento que estabelecemos com as pessoas é importante?
Agora vamos à comunicação, que é o veículo formador das relações. A qualidade da comunicação interfere de forma direta na qualidade dos nossos relacionamentos, na forma como vemos as pessoas, o mundo e a nós mesmos. Podemos perceber claramente isso em pessoas que tem uma qualidade notória, que algumas percebem e ao elogiar percebem que a pessoa não acredita que seja verdade. As falhas na comunicação podem ocorrer em decorrência de um transtorno mental, como por exemplo a depressão, que distorce o pensamento de forma negativa, mas também podem ser construídas por aprendizados errôneos como o propagado pelo ditado que diz que pingo é letra.
Podemos dizer                 que quando há mal entendidos, desentendimentos, desavenças, brigas e disputas, é porque a capacidade de comunicação das pessoas falhou miseravelmente.
Existem muitas formas de falhar na comunicação, vou dar o exemplo das duas formas mais usadas:
A primeira é fazer monólogos, que é quando a pessoa acredita que irá dizer um monte de coisas que está pensando a uma outra pessoa, e isso será suficiente para que ela obtenha o resultado que espera. Acontece que ninguém é um receptáculo passivo, as pessoas tem seus próprios pensamentos e sentimentos, e a forma como irá receber o que lhe foi dito pode variar imensamente. Um exemplo clássico disso, é a figura do professor dando uma bronca em uma turma, fazendo um monólogo, pois só ele fala. Uma minoria dos alunos irá se sentir mal com aquilo, envergonhados talvez, outros podem sentir como se a bronca fosse dirigida exclusivamente à eles e de forma injusta pois não participaram daquela bagunça, outros talvez nem entendam a reação do professor, outros podem achar que ele está exagerando, e por aí vai um monte de opções mostrando que infelizmente o professor não conseguiu atingir seu objetivo através do monólogo. Casais, pais, filhos, colegas, chefes e colegas de trabalho que tentam resolver suas questões através de monólogos, já devem ter descoberto que não funciona, pois quase sempre a outra pessoa entende tudo de uma forma diferente da que você queria. Por isso o diálogo é bem mais eficaz, pois assim é possível ir verificando e corrigindo a comunicação, para ter um efeito final bem melhor. O diálogo muitas vezes traz resultados diferentes do que se pretende no inicio, mas com certeza trará um resultado que será bem melhor para todos envolvidos.
O segundo problema comum de comunicação é a leitura subliminar, ou como alguns gostam de dizer “ler nas entrelinhas”. Essa linguagem de fato existe, mas ela é obvia, como um rosto evidente de tristeza ou alegria, uma postura corporal calma ou agitada, e não tem toda essa invenção de interpretações mirabolantes de que se a pessoa disse uma coisa quis na verdade dizer outra, se a pessoa mexeu no cabelo com tal postura ela quer dizer outra coisa. Esse tipo de interpretação do outro é totalmente falha, pois na verdade essa forma interpretação não corresponde ao comportamento do outro propriamente dito, mas sim às expectativas da pessoa que está interpretando. A “ciência de ler nas entrelinhas!” até existe, mas ainda está pesquisa, não temos nenhum dado suficientemente viável para ser usado com segurança, e mesmo especialistas nesse campo de conhecimento não ousariam interpretar uma pessoa com base em um gesto, um tom de voz ou uma palavra dita no meio de muitas outras. Há pessoas que se apegam à uma palavra que outro disse e a distorcem dando um significado diferente, ou se durante a conversa tomavam um suco e o suco do outro estava azedo e ele fez uma careta, mesmo com o outro falando que o suco estava azedo, a pessoa entende que aquela careta tem muitos outros significados. Os exemplos são infindáveis, mas resumindo, tentar interpretar o outro é um gasto de energia absurdo e inútil, precisamos nos apegar às palavras e aos fatos, sem interpretar. Por isso, ao invés de buscar interpretar o que uma pessoa está querendo dizer ou esconder de você, simplesmente pergunte à ela, usem as palavras e se esbaldem com a riqueza de vocabulário do português em uma conversa, e não na imaginação. Lembrem-se que apesar do ditado: pingo não é letra!
Uma comunicação de qualidade exige que aja um emissor (pessoa que envia a mensagem), um veículo (a fala, a escrita, etc.) e um receptor (a pessoa que recebe a mensagem). Além disso, é importante que o veículo seja de conhecimento de ambos, pois não adianta mandar uma mensagem em português para uma pessoa da Noruega que não conhece o idioma português, pois a pessoa não entenderá a mensagem,  e portanto não haverá comunicação. Pode-se dizer o mesmo a respeito das palavras substitutas: colóquios, palavrões, gírias e expressões culturais. Essas palavras substitutas só fazem sentido e se encaixam na comunicação quando as duas partes compreendem.  Muito além de apenas enviar uma mensagem, é preciso saber que a outra pessoa recebeu, e como recebeu essa mensagem, para que a comunicação seja eficiente, é preciso que haja a troca, e assim as duas pessoas  trocam de papéis, e ambas são receptores e emissores... Isso ficou a uma aula chata de comunicação né... Mas tudo isso se torna importante para explicar uma das melhores funções da comunicação: o DIÁLOGO.

 Para dialogar é preciso estar atento, e querer não apenas falar, mas também ouvir, ser emissor e receptor, estar aberto a troca de compreensão. O resultado do diálogo é a compreensão mútua e não a imposição de um pensamento unilateral, por isso é importante estar aberto a ceder também. Parece uma má ideia, mas o resultado do diálogo sempre irá trazer satisfação a todas as partes da comunicação, e não haverá ganhadores e perdedores, pois todos ganham! As pessoas cedem naquilo que podem ceder e conquistam aquilo que realmente importa, tudo isso sem estragar o relacionamento e mantendo aberta a comunicação, que fortalece o relacionamento.

23 de ago. de 2016

Higiene do sono: como dormir bem.

Dormir bem é extremamente importante para nossa saúde e bem estar. Além nos manter descansados e bem dispostos, o sono tem muitas funções reguladoras.  Apenas quando estamos dormindo que o nosso cérebro entra em modo REM, que garante a formação de memórias, solidificando todo o conhecimento obtido ao longo do dia. Existem muitos estudos indicando que dormir pouco (menos que o recomendado) ao longo da vida predispõe a pessoa a desenvolver doenças demenciais (doenças neurodegenerativas). O sono também é o momento em que o corpo produz hormônios importantes para o bom funcionamento do corpo, sendo o mais importante deles o hormônio do crescimento, que interfere diretamente no metabolismo basal. O mais interessante nisso tudo, é que as principais funções do sono só funcionam quando dormimos à noite, ou seja, não adianta compensar dormindo de dia, ou dormir mais no final de semana, é preciso dormir ao menos suficiente todas as noites. Sendo assim a falta de sono adequado além de lhe deixar cansado e mau humorado no dia seguinte, também irá lhe causar dificuldades de atenção, de memória, deixar seu corpo mais lento, e em grande frequência ainda pode lhe causar síndromes metabólicas e demenciais.
Muitas pessoas tem dificuldades importantes de sono, que pode ter surgido das formas mais inesperadas e inusitadas possíveis. Alguns conseguem regular seu sono naturalmente e voltar ao normal em pouco tempo, outros acabam verdadeiros problemas e recorrem ao uso de remédios. O uso de remédios para dormir é muito contra indicado, pois a maioria dos medicamentos para induzir ao sono acabam interferindo negativamente na qualidade do sono, e este passa a não desempenhar todas as suas funções necessárias ao nosso bom funcionamento. Claro que existem casos que a pessoa precisa escolher entre não dormir ou dormir com o medicamento, e nesses casos se recorre ao medicamento até que se consiga restabelecer o sono normal. Entretanto podemos observar que muitas pessoas diante uma fase difícil da vida, em que estão mais preocupadas que o comum, começam a apresentar alguma dificuldade para adormecer e logo recorrem a medicamentos para induzir o sono, tornando-se emocionalmente dependentes desses ao longo de muitos anos de suas vidas.
É muitos importante trabalhar para desenvolver uma boa qualidade de sono, para os que tem dificuldades com o sono, já aviso que não será um caminho rápido, apesar de ser  relativamente fácil. Não adiante aplicar a higiene do sono ao longo de apenas duas ou três semanas e esperar resultados milagrosos. O que a higiene do sono propõe é condicionar seu corpo e sua mente a dormirem de noite, um sono reparador, e o condicionamento, assim como todo aprendizado, leva um tempo para se fixar. Todas as dicas fornecidas aqui são uma forma de generalização, claro que existem nuances e detalhes da realidade de cada pessoa, que precisam ser ajustadas. Vamos à higiene do sono:

NÃO DURMA DURANTE O DIA, QUALQUER COCHILO QUE PASSE DE 30MIN, OU QUE SE ESTENDA APÓS AS 14H IRÁ INTERFERIR MUITO NEGATIVAMENTE NO SEU SONO. O ideal é que a pessoa nem faça o cochilo de 30 min.

PRATIQUE ATIVIDADE FÍSICA, DE PREFERÊNCIA NA PARTE DA MANHÃ, E NUNCA APÓS AS 17H. Atividade física deixa corpo e mente alertas e acelerados. Não é preciso grande quantidade, nem intensidade, uma caminhada suave de 30min já desempenha um maravilhoso efeito sobre o sono das pessoas.

REDUZA O CONSUMO DE AÇUCAR E CAFEÍNA NO COTIDIANO, E NÃO OS CONSUMA APÓS AS 17H. Ou seja, reduza o chocolate, o café, os refrigerantes (sobretudo coca cola e Pepsi), chá preto, alimentos, suplementos e medicamentos que contenham cafeína, bem como todos os doces.

NO JANTAR DÊ PREFERÊNCIA A REFEIÇÕES LEVES. Estômago muito cheio pode atrapalhar o sono, e até causar refluxo.

A PARTIR DAS 20H (CASO QUEIRA DORMIR ÀS 22H) MUDE O AMBIENTE DA SUA CASA:
                -MANTENHA A ILUMINAÇÃO DA CASA BEM ESCURA, USANDO ABAJURES FRACOS OU LUZES INDIRETAS, DE PREFERÊNCIA AMARELADAS. SE EM UM COMODO TIVER UMA TV LIGADA, A LUZ DELA JÁ SERÁ SUFICIENTE. Escurecer a casa é importante para o seu corpo entender que chegou a noite e começar a liberar hormônios como a melatonina, que irão ajudar na indução do sono.

                 -REGULE SUA TV: ABAIXE O SOM (VOL.10) E REDUZA O BRILHO (MODO DE ECONOMIA MÁXIMA). Acredite você será capaz de ver e ouvir todos os detalhes da sua programação assim, enquanto começa a relaxar sua mente e corpo. *O mesmo vale para celulares, tablets e computadores.

                -EVITE AO MÁXIMO ASSISTIR TV OU LER NA CAMA, ESTE MÓVEL FOI FEITO PARA DORMIR, FAÇA SEU CORPO ASSOCIAR ISSO.



***ESTABELEÇA UMA ROTINA DO SONO***

Vou colocar uma sugestão de como fazer, todos os itens inclusos aqui são valiosos na hora de treinar o corpo para dormir. Mude a ordem sugerida caso prefira, mas lembre-se que todos os dias deverá seguir a mesma ordem. Sobretudo lembre-se que o seu caminho é para a cama, então não tenha pressa em fazer nada disso, faça tudo de forma calma e lenta.

*TENHA UM JANTAR LEVE, SEM ENCHER DEMAIS SEU ESTÔMAGO.

*TOME UM BANHO MORNO E RELAXANTE, E TOME UM PEQUENO TEMPO PARA SENTIR A AGUA QUENTE CAINDO SOBRE SUAS COSTAS.

*COLOQUE SUAS ROUPAS DE DORMIR.

*TOME UM CHÁ (CAMOMILA, ERVA DOCE, MELISSA, CIDREIRA, MAÇÃ, ETC., MAS EVITE OS CHÁS TERMOATIVOS E  OS QUE TENHAM CAFEÍNA).

*ESCOVE OS DENTES.

*PERMANEÇA AGINDO DE FORMA CALMA E LENTA, E SÓ VÁ PARA A CAMA QUANDO SENTIR SONO.

*AO DEITAR NA CAMA ACONCHEGUE-SE E CONCENTRE-SE EM RESPIRAR LENTAMENTE E RELAXAR OS MÚSCULOS DO CORPO. A hora de dormir não é a hora de pensar nos compromissos do dia seguinte, nem dos próximos dias, não é hora de pensar na solução de problemas, nem em nada. É apenas hora de ouvir seu corpo, relaxando a respiração e soltando a tensão de todos os seus músculos.

*SE ACORDAR NO MEIO DA NOITE PARA BEBER AGUA OU IR AO BANHEIRO, VÁ NO ESCURO MESMO, FAÇA APENAS SUA NECESSIDADE E VOLTE DIRETO PARA A CAMA, SEM PENSAR EM MAIS NADA.

*CASO PERCA O SONO, NÃO FIQUE ROLANDO NA CAMA, LEVANTE MANTENDO-SE EM AMBIENTE ESCURO (PENUMBRA), E VÁ LER OU VER TV COM POUCA LUZ E SOM MUITO BAIXO, SE PREFERIR TOME UM CHÁ NOVAMENTE.

LEMBRE-SE QUE ISSO É UM CONDICIONAMENTO, LEVA TEMPO, E PORTANTO A PERSISTÊNCIA É O SEGREDO DO SUCESSO.
Também é importante ressaltar que há muitos fatores que podem interferir em seu sono no futuro, como a expectativa por eventos futuros, preocupações, etc. Isso não é motivo para desesperar e começar a pensar que está com problemas de sono novamente, você apenas estará num momento complicado da sua vida e precisará manter sua rotina noturna até que seus padrões de sono voltem ao normal.



16 de ago. de 2016

Compulsão Alimentar

No ano de 1961, pela primeira vez as diretrizes nutricionais das autoridades mundiais guiaram as pessoas para reduzir o consumo de gorduras, indicando que óleos vegetais refinados seriam mais “saudáveis” que a gordura natural, bem como a divulgação de uma pirâmide alimentar colocando grãos e cereais como a base da alimentação e açúcar como o topo. O resultado disso 40 anos depois, é que temos uma epidemia mundial de obesidade, um aumento absurdo da incidência de doenças cardíacas, e a crescente contagem de diagnósticos de transtornos alimentares.
Entre os transtornos alimentares encontramos a anorexia, a bulimia nervosa e a compulsão alimentar. A anorexia apresenta relatos de sua observação desde a época de Cícero (106-43 a.C.) e ganhou essa denominação em 1873 com William Gull, que relatava incidir principalmente sobre mulheres jovens que buscavam uma magreza absoluta e apresentavam ausência de fome, reparamos assim que é bem antiga. Entretanto transtornos como a bulimia e a compulsão alimentar apresentam relatos mais recentes, coincidentemente começaram a ser observadas em torno da década de 80. A Bulimia nervosa apresenta seus primeiros relatos datados de 1979, caracterizada por episódios de ingestão compulsiva e rápida de grandes quantidades de alimento, alternada com comportamentos de perder peso (episódios expurgativos).  E o objeto de estudo que buscamos nesse post, a compulsão alimentar, apresenta seu primeiro relato por Stunkard em 1959, tendo sido reconhecida como uma síndrome apenas em 1977 por Wertmuth et al, inicialmente associada à bulimia. Somente em 1991 a compulsão alimentar passou a ser reconhecida como uma categoria isolada que necessitava de pesquisas mais incisivas. Ou seja, uma doença bem recente, que só se desenvolveu após as recomendações nutricionais terem sido estabelecidas como as vemos hoje.
Como é preciso encontrar as causas desse problema, as pesquisas buscaram encontrar “razões”, buscando perfis psicológicos, o que nunca pode ser definido, pois não há características comuns entre os portadores desse transtorno. Cheguei a ler em alguns artigos que o compulsivo alimentar é uma pessoa que não se importa com sua forma física... Isso não reflete a realidade, pois podemos ver o quanto se sentem discriminados, se sentem culpados por não conseguirem emagrecer, e há casos até mesmo de se isolarem socialmente. Então a “culpa” recai sobre os hábitos alimentares e a “predisposição” da pessoa a desenvolver esse transtorno, assim como ouvimos muitos dizerem que "come muito porque quer", e até mesmo atribuir a "sem vergonhice", o que também são grandes engodos, visto que se trata de compulsão, estando longe do alcance da pessoa de exercer controle por esse comportamento, além de sofrer com isso diversos sentimentos negativos.  Os dados oficiais divulgados estimam que a prevalência da compulsão alimentar seja de 2% na população, mas repare na descrição dos critérios diagnósticos:
1 – ingestão em um período limitado de tempo de uma quantidade de alimento definitivamente maior do que uma pessoa deveria consumir (ou seja, não come muito o tempo todo, mas sim em EPISÓDIOS)
2 – sentimento de falta de controle sobre o consumo alimentar durante o episódio (não da qualidade mas sim da quantidade, como a pessoa que come o pacote todo de biscoito)
*comer até sentir-se repleto, comer rapidamente, comer grandes quantidades de alimento quando não fisicamente faminto, sentir-se mal consigo mesmo após comer
3 – angústia relativa aos episódios periódicos (a pessoa sente culpa sim)
4 – Ter pelo menos dois episódios por semana, ao longo de 6 meses
E se começarmos a refletir, conhecemos muitas pessoas que apresentam esse comportamento, em determinados horários, fases da vida, ou mesmo em períodos de estresse. Muitas vezes, nós mesmos podemos estar apresentando esse comportamento mediante períodos de estresse emocional ou frustração, como um mecanismo de compensação. O fato de apresentar episódios uma vez por quinzena também é preocupante, por ser frequente.
Não é mais segredo as motivações emocionais que os alimentos representam para as pessoas. Todos temos os alimentos de “conforto”, normalmente envolve algum açúcar ou carboidrato simples (massas), e costumamos descontar frustrações recorrendo a esses alimentos. O interessante é que nunca conheci uma pessoa que usasse “alface” como alimento de conforto, e quem estiver lendo isso vai pensar: “é óbvio”. Mas porque é óbvio? Pela lógica da importância emocional, não vem a explicação do sabor, ou textura, pois seria simplesmente a ingestão. Mas sim, tem muito a ver, pois esses alimentos ricos em carboidratos eles tem um efeito especial, eles são produzidos para agradar excessivamente nosso paladar, e somos seres movidos pelo prazer. O que é mais apetitoso: uma pizza ou um pimentão? Resposta óbvia não é mesmo? Entretanto esses alimentos engordam muito, trazem sérios problemas de saúde, e são disparadores de compulsão. Portanto, os alimentos que uma pessoa identifica como disparadores de compulsão,  precisam ser evitados ao máximo, e mesmo quando for consumi-los, fazer com que seja de forma reduzida (como comprar uma coxinha e comer em outro lugar onde não possa comprar mais uma).
As pessoas comem, engordam, e ao longo da VIDA fazem o que? Dietas e regimes para tentar emagrecer, se impondo severas restrições alimentares,  até mesmo nutricionais, por longos períodos. Existem ainda as perspectivas de dietas em que a pessoa deve se impor padrões muito rígidos de alimentação, comendo de 3/3h quantidades calculadas de calorias. Acontece que a rigidez e a restrição alimentar são também fatores de precipitação da compulsão alimentar, pois todo comportamento restritivo gera por si só angústia e ansiedade, como também frustração. Toda pessoa exposta a esses sentimentos por longo período de tempo irá buscar um escape em algum momento. Além disso, o compulsivo alimentar tende a girar sua vida em torno da comida, pois acaba se tornando a sua principal fonte de prazer (visto que nas relações sociais pode ser discrmininado e até sentir-se retraído por vergonha do próprio corpo). Portanto uma dieta para comer de 3/3h irá fazer com que o compulsivo PENSE em comida o dia todo, reduzindo em muito as chances de conseguir controlar seus episódios.
Temos uma cultura muito ilógica, em que parece que as pessoas tem medo de passar fome, enquanto nunca se teve tanta oferta de alimento com a maior facilidade. Em nome de não passar fome as pessoas comem mesmo não sentindo fome, e isso não permite que nossos mecanismos naturais funcionem adequadamente. Aprendemos desde crianças a comer mesmo sem estar com fome. Com uma busca rápida na internet se encontra diversos artigos sobre como fazer crianças comerem, e como faze-los comer comidas saudáveis. Isso porque os pais aprenderam com seus pais, e sei lá, talvez com seus avós também, que é preciso obrigar a criança a comer “pelo bem dela”. Então se dá comida o tempo todo o dia inteiro para as crianças, e não se permite que elas sintam fome e através desse sentimento (fome) comam o brócolis, a couve flor, o espinafre, a vagem, a pera, o abacaxi, etc. Além de tornarmos a alimentação baseada em carboidratos, ainda as ensinamos a comer demais, obrigamos a comer até não aguentarem mais, e não as ensinamos a respeitar a saciedade. Quando obrigamos nossos filhos a comerem o tempo todo, e a comerem mais do que deveriam, bem como recorremos a alimentos mais saborosos e menos saudáveis para garantir o volume diário de ingestão, ao invés de garantirmos a qualidade diária de ingestão, estamos ensinando um padrão alimentar errado, e que nossos filhos irão carregar ao longo da vida podendo desenvolver problemas de saúde em decorrência disso.
O resultado de anos de compulsão alimentar acaba sendo a obesidade, e hoje observamos o boom de cirurgias barátricas. Acontece que um compulsivo alimentar passar por esse procedimento que é invasivo e pode colocar sua vida em risco (tanto no momento da operação quanto no pós operatório numa perspectiva de 3 anos), não vai ajudar em nada. Pode conseguir emagrecer em um primeiro momento e depois engordar tudo novamente ao longo de 5 anos, mas também pode romper os pontos cirúrgicos em um episódio de compulsão deixando vazar material gástrico no corpo, correndo risco de desenvolver infecções e até morrer. O correto é tratar a compulsão antes de pensar em fazer um procedimento como esse.
Dados interessantes mostram que a terapia cognitivo comportamental consegue sucesso no controle e redução da compulsão alimentar em 91% dos casos (Duchesne, 2007), entretanto não há dados que comprovem a redução de peso (relatado em apenas 24% dos casos), até mesmo porque o tratamento da compulsão é incompatível com as dietas restritivas tradicionais. A manutenção desse equilíbrio no comportamento alimentar entre os que não perdem peso entretanto não é mantida, e cerca de 42% acabam tendo recaídas após 1 ano, demonstrando a estreita relação entre a compulsão alimentar e os sentimentos negativos a respeito do próprio peso, e colocando em evidência a necessidade de associar terapia e emagrecimento através de metodologias mais funcionais (não restritivas -  e que são indicadas fontes de pesquisa sobre isso no final desse post).
Para tratar a compulsão alimentar é necessário acompanhamento psicológico e médico, pois muitas vezes há associado outros transtornos decorrentes da compulsão, como ansiedade e depressão, podendo ser necessária a administração de medicamentos psicoativos. E acredite, o tratamento da compulsão alimentar envolve não fazer nenhum tipo de dieta ou imposição restritiva alimentar. É importante considerar que precisamos ter uma alimentação saudável, associada com comportamento alimentar saudável. De nada adianta ser compulsivo com comida saudável, pois engorda do mesmo jeito! Por isso, quem se identifica compulsivo, precisa buscar ajuda profissional, para aprender a lidar com a compulsão, e não se jogar em novas dietas e regimes que irão desencadear novos episódios compulsivos.

Em minhas pesquisas por uma alimentação mais saudável e simples, encontrei muitas informações valiosas, baseadas em ciência de verdade, não sensacionalista e sem distorções para beneficiar uma determinada indústria. Essas informações me ajudaram a melhorar o perfil alimentar meu e da minha família, bem como a compreender os motivos da grande dificuldade de muitas pessoas em conseguir emagrecer. Gostaria de compartilhar com vocês essas fontes, e se alguém conhecer outras pode compartilhar também! 
Nesse link vocês podem ouvir o conteúdo sobre esse tema, sempre com a participação de médicos especialistas e o Dr. Souto, que é o autor do lowcarb-paleo.com (atenção especial aos podcasts n. #8 e #9).

Esse é o blog do Dr. Souto e logo abaixo algumas sugestões de leituras desse mesmo blog

  
REFERÊNCIAS
Terapia Cognitivo Comportamental em obesos com TCAP, Rev Psiquitr RS, 2007
Terapia Cognitivo Comportamental para problemas psiquiátricos: um guia prático, K Hawton, et. al,  Martins Fontes, São Paulo, 1997.
Compêndio de Psiquiatria: ciências do comportamento e psiquiatria clínica, Harold Kaplan et. al, 7ed, Porto Alegre: Artmed, 1997
Transtornos Alimentares: fundamentos históricos, Táki Ahanássios Cordás e Angélica Medeiros Claudino - Rev. Bras. de Psiquiatr: vol 24 suppl3, São Paulo, Dec 2002
Transtornos Alimentares, José Carlos Appolinário e Angélica Claudino - Rev. Bras. de Psiquitr: vol22 s2 São Paulo, Dec 2000 
Comportamento de restrição alimentar e obesidade, Fabiana Bernadi et. al - Rev. Nutr, vol.18 no.1 Campinas Jan 2005


19 de jul. de 2016

Ciúme

Nos registros históricos o ciúme surge com a formação patriarcal da sociedade, como uma necessidade masculina por garantir a fidedignidade de sua descendência. Nesse contexto, o ciúme foi a justificativa para a violência extrema que as mulheres sofreram por séculos, ao passo que à elas esse sentimento era proibido.
Apenas nos anos 60, com a revolução sexual e a possibilidade da mulher obter controle sobre sua fertilidade, bem como a quebra de muitos tabus sobre a sexualidade, a mulher começou a expressar esse sentimento da mesma forma que o homem.
Contudo, o ciúmes é um sentimento ligado à crenças a respeito de amor, auto preservação,  e baixa estima, que pode despertar emoções como raiva e tristeza. Acredito que já existia muito antes dos registros históricos, e que mesmo sendo proibido às mulheres no passado, elas também o sentiam, encontrando formas alternativas de expressá-lo.
Segundo Regina Navarro Lins (2007), as crenças e a importância do ciúme no repertório emocional de uma pessoa são construídas desde primeira infância, a partir de suas relações com a mãe e o pai. Para Lins, o adulto vive o amor de forma semelhante à sua relação amorosa com a mãe quando era uma criança pequena, pois bebê necessita de paz, aconchego e proteção, que obtém através do contato físico com outra pessoa. Quando está sozinho sente-se abandonado e chora na busca pelo colo e acalento; e essa é a primeira manifestação de amor. À medida que cresce a criança torna-se mais independente, entretanto esse amor ainda é o seu referencial de vida e sente medo de perdê-lo, por isso a criança pode mostrar-se “controladora, possessiva e ciumenta, desejando a mãe só para si”. Por isso associamos o medo de não sermos amados à perda de tudo, inclusive da vida, pois esse risco que é real na infância pode ser alimentado na idade adulta em uma família onde a dependência emocional dos pais é mantida. Nesses casos, quando surge um relacionamento amoroso a dependência é transferida para a outra pessoa, com quem irá tentar satisfazer suas necessidades infantis.
Se a pessoa só consegue ficar bem ao lado da pessoa amada, e amor é a solução de todos os problemas, a pessoa amada torna-se extremamente importante à sobrevivência. Assim surge o medo de perdê-la, desenvolvendo comportamentos de controle, possessividade e ciúmes. Apesar de socialmente tolerado na maior parte dos casos, isso faz com que as pessoas permaneçam juntas mais por necessidade do que pelo prazer na companhia um do outro, gerando expectativas infantis, como querer que o outro adivinhe o que sente ou deseja e esteja sempre pronto a fazê-lo feliz, assim como um bebê que depende que sua mãe adivinhe suas necessidades estando sempre atenta de forma exclusiva à ele. Tenta-se controlar a pessoa amada acreditando que assim diminuirá as chances de abandono, chegando-se a exigir que a outra pessoa submeta-se a prestar satisfações sobre seu dia ou até mesmo aceitar a vigilância constante. Encontramos ainda pessoas que inflam a própria autoestima quando seus pares demonstram ciúmes, e alimentam esse comportamento (podendo até instigar).
A questão do ciúme também está ligada à imagem que a pessoa tem de si mesma. Pessoas com baixa autoestima tendem a ser mais inseguras. “Quem é amado sente-se valorizado, com mais qualidades e menos desamparado. Portanto quanto mais intenso o sentimento de inferioridade, maior será a insegurança e mais forte o ciúme. O caminho mais fácil é tentar restringir ao máximo a liberdade do outro.” Pessoas que parecem ser autossuficientes socialmente, podem revelar-se extremamente inseguros e dependentes no contexto amoroso.
Pessoas com boa autoestima, que se consideram atraentes e interessantes não pensam que podem ser trocadas com facilidade, e percebem que se a relação acabar irão sofrer, mas também sabem que serão capazes de superar.
Em alguns casos a manifestação de ciúmes pode ser tão exacerbada, ou mesmo desviar da realidade, o que na psicologia e psiquiatria conhecemos como ciúmes patológico. Balliero (2008) relaciona o ciúmes patológico a diferentes transtornos mentais, como o Transtorno Obsessivo Compulsivo, Transtornos de Personalidade, Transtorno Delirante, Psicose Orgânica, Psicose Alcoólica, e Esquizofrenias. Entretanto a presença do ciúmes patológico não está condicionado à existência de um transtorno mental, podendo ser considerado de forma independente, desde que a presença do comportamento relacionado à ciúmes esteja interferindo na qualidade de vida e de relacionamento de uma pessoa.  Nesses casos a pessoa precisa de tratamento psicológico, podendo precisar de associação medicamentosa dependendo da gravidade do caso.
Existem formas da pessoa manejar o próprio ciúmes, de forma a relacionar-se melhor com seus pares, a seguir vão algumas dicas:
Entenda a vida social de seu parceiro(a) e aceite que vocês precisam interagir com outras pessoas. Procure compreender que seu par não pode controlar o comportamento dos outros, e que é muito diferente ser educado de ser permissivo, uma pessoa não pode ser condenada por ser educada.
Cuide de sua auto estima, valorize-se, busque realizar atividades que te façam sentir bem consigo mesmo, como cuidar de sua saúde, aparência e profissão. Muitas vezes o ciúmes é uma defesa do próprio ego, para não cair nessa armadilha trate de sentir-se interessante cuidando de si mesmo.
Esqueça a ideia de posse, manter uma pessoa ao seu lado é uma CONQUISTA, e não uma ameaça ao outro. Se uma pessoa está com você é porque quer assim. Lembre que ninguém é obrigado a estar com ninguém e as pessoas ficam juntas quando a companhia é agradável. Tentar obrigar o outro a estar com você já acaba com todo o prazer.
Racionalize, muitas vezes o ciúmes cria fantasias na cabeça da pessoa. Busque comparar seus pensamentos com a realidade, e não com outros pensamentos.
Controle seus impulsos, quando estiver nervoso não é hora de se expressar, acalme-se primeiro, reflita sobre a situação e só depois converse de calma, expondo o que te incomodou e como poderia ter sido evitado, estando aberto a ouvir o que a outra pessoa tem a dizer.
Não alimente o ciúmes e seja flexível, apesar de ser lisonjeador as vezes ver que seu par sente ciúmes de você, lembre quantos sentimentos desagradáveis a pessoa irá vivenciar com isso, e seja flexível afim de garantir que a pessoa consiga sentir-se segura no relacionamento.

Por fim, DIÁLOGO, sempre! Conversar de forma racional e ponderada é sempre o que fortalece os relacionamentos.

28 de jun. de 2016

AUTO ESTIMA

Só para esclarecer a respeito do termo: auto estima significa a estima que tenho em relação à mim, por isso falamos em auto estima positiva ou negativa, boa ou ruim, mas não dizemos alto estima e baixa estima como se fosse alto astral e baixo astral. A palavra auto não provém de altura ou qualidade, mas de referência à si próprio. Esclarecidos, vamos aos conceitos!
Auto Estima é o conjunto de crenças, conceitos e valores que construímos a respeito de nós mesmos ao longo da vida, basicamente podemos dizer que a auto estima é forma como nós nos percebemos em relação ao mundo. A base de formação da nossa auto estima ocorre principalmente na infância, através da troca afetiva com nossos pais. Pais que são capazes de fazer os filhos se sentirem seguros e amados estão contribuindo para a formação de adultos mais seguros, confiantes de suas habilidades e com uma auto estima mais positiva.
Mas ao longo da vida esse auto conceito vai se tornando cada vez mais elaborado, pois além da percepção de si mesma que a pessoa aprende no ambiente intrafamiliar, a convivência no ambiente social expõe a pessoa ao julgamento e percepção alheios.  A forma como nós nos vemos não corresponde ao resultado exato da imagem que o espelho reflete, ou de habilidades concretas que possuímos, mas sim à forma como percebemos que os outros nos veem.  Por isso conhecemos pessoas que são muito bonitas que se consideram feias, e pessoas inteligentes e capazes que se consideram sem habilidade nenhuma, bem como podemos encontrar situações opostas também. O que ocorre na verdade é que essas pessoas desenvolveram ao longo da vida, formas de se relacionar com as outras pessoas e com o mundo, que não são muito saudáveis, e a partir disso constroem conceitos sobre si e sobre o mundo que são disfuncionais. A auto estima é um constructo importante da nossa personalidade, sendo positiva e congruente com a realidade, podemos conquistar uma boa qualidade de vida, e sendo negativa ou incoerente com quem nós somos de fato podemos desenvolver problemas como tristeza, angústia, insegurança, etc.
Uma boa dica para a pessoa melhorar sua auto estima, é prestar atenção sobre quais palavras frequentemente usa para referir-se a si mesma, e modificar todas as que forem negativas. O cérebro é om órgão fantástico e poderoso que nós temos, portanto se eu digo sempre que “não vou conseguir”, então é quase certo que não conseguirei. Se sempre me digo que não sou capaz, que ninguém nunca irá me amar, que nunca conseguirei aprender, etc, então essas coisas tendem a se tornar realidade pois o seu cérebro irá receber essas pequenas frases autodestruidoras como ordens, e vai começar a desencadear uma série de pensamentos e comportamentos para que suas “ordens” sejam cumpridas. Portanto o ideal é tomar consciência de suas palavras auto derrotistas e corrigi-las, substituindo por frases mais positivas como: eu sou capaz, eu consigo, eu posso, eu sou amada, eu aprendo etc... Essa substituição deve ocorrer inclusive no diálogo interno, de forma a modificar como a pessoa pensa. Sempre que possível também é bom contextualizar essas frases afirmativas com situações que já passou pela vida que podem provar o quanto você é capaz de conseguir atingir os objetivos.

Pessoas que tenham uma maior dificuldade em lidar com sua auto estima, precisam buscar um atendimento psicológico para receber ajuda profissional.

Problemas decorrentes do trabalho: ESTRESSE E DESEMPREGO

O trabalho é umas das partes importantes de nossas vidas, quando o produto do trabalho nos dá orgulho, sentimos que estamos no trabalho correto onde somos estimados, temos oportunidades de crescimento, e que é recompensador financeiramente, então o trabalho é uma fonte de prazer e desenvolvimento pessoal. Existem muitas pesquisas demonstrando que um trabalhador que se reconheça nessas condições tem melhor saúde e qualidade de vida.
Entretanto essa não é a realidade da maioria, que em geral podem estar insatisfeitos ou estressados com sua vida ocupacional. Em períodos de crise econômica encontramos muito mais dois problemas que quero abordar: o estresse e o desemprego.
Quando as pessoas sentem que estão no emprego errado, ou quando seus esforços físicos não são proporcionais à satisfação e recompensa que encontram no seu trabalho, o resultado pode ser o estresse. Outro fator que vem a potencializar o estresse é a pressão, que pode gerar conflitos e supressão de agressividade, um dos motivos pelos quais a violência vem se tornando um problema recorrente nos ambientes de trabalho. Quando intenso e frequente, o estresse pode ser a causa de problemas cardíacos, musculares, fadiga, resfriados frequentes, insônia, dor de cabeça, distúrbios estomacais e até mesmo de transtornos mentais. O trabalhador estressado tem redução em sua produtividade, e desenvolve problemas de relacionamento familiar e social. O ideal seria uma redução nas horas trabalhadas, bem como o aumento do número de intervalos. Outras medidas como exercícios, música e meditação também ajudam bastante.
Talvez o maior estressor ligado ao trabalho seja o desemprego. Em períodos de crise econômica as empresas tendem a enxugar seus quadros de funcionários drasticamente, uma realidade que temos observado com muita tristeza atualmente. Na década de 1930 houve a maior crise econômica de todos os tempos, e nesse período os estudos sobre a pessoa desempregada revelou o desenvolvimento de doenças físicas e mentais, incluindo enfarte, derrame, ansiedade, depressão, problemas conjugais e familiares, problemas de saúde, psicológico e de comportamento nas crianças, e suicídio.
O estresse resulta não só da perda de renda e consequente dificuldade financeira, mas também o efeito dessa perda no autoconceito e nos relacionamentos familiares. Os homens que ligam seu papel familiar ao sustento e provimento, e ambos os trabalhadores que ligam a própria identidade ao seu trabalho e acreditam que seu valor é definido pelo dinheiro, perdem mais que o emprego, perdem suas identidade, parte si mesmos e sua auto estima.
Os que conseguem lidar melhor com o desemprego são que tem recursos financeiros (economias ou renda de outros membros da família), pois tendem a avaliar a situação de forma mais objetiva, e sentem  que podem contar com o apoio familiar. Esses tendem a acreditar que podem influenciar positivamente sua situação no futuro, e conseguem ver o desemprego como um desafio para o crescimento  emocional e profissional, podendo mudar a direção de seus trabalhos e de suas vidas.